Powell apazigua os ânimos, mas ritmo de cortes ainda é incerto
Mercados revisaram suas apostas após fala de Powell sobre inflação convergindo à meta e o conforto do FED em cortar os juros, caso esta tendência continue. A fala foi recebida com certo alívio, mas o ritmo de cortes para o ano ainda traz dúvidas. No Brasil, a bolsa recuou, ressionada pela queda das Blue Chips, que devolveram parte dos ganhos da véspera. Hoje, mercados estão mais animados, mas de olho em dados macro e falas de mais dirigentes do FED, antes do payroll amanhã.
Estados Unidos
Depois que os mercados passaram a precificar menos cortes nos juros pelo FED no ano, Powell voltou a afirmar que vê espaços para início da flexibilização monetária em breve, ressaltando que a inflação caminha como esperado em direção à meta, apesar da resiliência da economia e do
mercado de trabalho exigirem um acompanhamento mais próximo antes de tomadas de decisões mais abruptas. De qualquer maneira, os mercados responderam. Os juros das Treasuries recuaram das máximas de quatro meses e as bolsas encerraram mistas. O PMI de Serviços mostrou leve redução ante o mês anterior, mas seguiu em campo expansionista, enquanto relatório ADP mostrou criação de mais vagas em março que fevereiro. Hoje, futuros estão em leve alta e os juros das Treasuries cedem, enquanto investidores aguardam falas de membros do FED ao longo do dia e payroll amanhã.
Mundo
Na Ásia, os índices fecharam sem direção definida. Enquanto na China as bolsas estiveram fechadas por conta de um feriado local, no Japão o Nikkei subiu, refletindo a melhora das bolsas norte-americanas. As bolsas europeias sobem nesta manhã, impulsionadas pelas apostas crescentes de que o BCE inicie em breve o ciclo de cortes nos juros, com alguns investidores, inclusive, acreditando que o banco o faça antes do FED. A inflação na Zona do Euro caiu mais que o esperado, reforçando o cenário de flexibilização na política monetária.
Brasil
A bolsa brasileira fechou em leve queda de 0,18%, pressionada pelos papéis da Vale e Petrobras, que devolveram os lucros da sessão anterior. A Produção Industrial caiu 0,3%, ficando abaixo das expectativas. Mesmo assim, os números mostram evolução na comparação anual, mantendo a tendência positiva para o setor no ano. Hoje, mercado aguarda dados das contas externas e balança comercial, na qual é esperado um superávit. O efeito da Selic menor já começa a aparecer nas esferas econômicas e as concessões de crédito no país reverteram a tendência de esaceleração e acumularam R$ 501 bi em fevereiro, com destaque importante para o financiamento imobiliário.
Abertura
Seguindo o fechamento de ontem, futuros em Wall Street sinalizam alta nesta manhã, enquanto os juros das Treasuries voltam a cair. O índice DXY está em leve queda e o Bitcoin sobe. Petróleo arrefece, mas segue com alta acumulada de mais de 2% na semana, refletindo anúncio de oferta reduzida da OPEP+. Minério de ferro também sobe na semana, recuperando parte das perdas recentes, apesar das incertezas quanto à demanda chinesa.
O que esperar?
Com os mercados externos mais calmos, podemos ver suavização das pressões negativas por aqui, mas as commodities de lado hoje podem limitar os ganhos locais das exportadoras. Vale fica no radar, com suspensão da licença em Onça Puma, no Pará.