Controle de custos e maior eficiência. Os desafios da nova gestão.
Na manhã de hoje (13/07/22), estivemos, em conjunto com outros analistas, na reunião de apresentação do novo CFO da Usiminas, Thiago Rodrigues. No encontro, dentre os diversos tópicos discutidos, foi enfatizado a importância e efeitos da reforma do alto-forno 3 da Usina de Ipatinga, o que deve interferir nas operações da companhia no curto e médio prazo e direcionar o caminho da sua administração nesse primeiro momento. Além disso, o CFO passou por temas como perfil de gestão, foco no controle de custos, alocação de capital, descarbonização das operações e políticas de dividendos, os quais serão mais aprofundados abaixo. Dessa maneira, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2022 em R$ 17/ação e a recomendação de Compra para o papel.
Reforma do Alto-Forno 3 (AF#3). No momento, o foco estratégico da Usiminas fica por conta da parada programada para a reforma do AF#3 em Ipatinga, prevista para o início de 2023 e que demandará, além do Capex estimado de R$ 2,09 bi, a equalização do capital de giro via estocagem de placas que tem início já no 2S22, a fim de suavizar os impactos na companhia durante o período de paralização. Lembramos que momentos como estes tendem a ser mais desafiadores em razão de toda a logística, infraestrutura e alocação de recursos para que a reforma seja bem-sucedida e aconteça conforme o cronograma. Lembramos também que o AF#3 é o maior alto-forno em operação da siderúrgica, o que eleva ainda mais a importância do processo.
Alocação de Capital. Tendo em vista os impactos da reforma do AF# 3, o CFO comentou que a companhia não tem pretensão de alterar a sua postura de alocação de capital até a conclusão do projeto no primeiro semestre de 2023. Ademais, reiterou que até o momento a companhia não prevê a reativação das operações da planta de Cubatão fechada na última década e, até que se tenha um horizonte mais claro da demanda do mercado, manterá as operações inativas.
Controle de Custos. Com cenário corrente de elevação de custos de insumos e contínuas pressões inflacionárias em toda a cadeia produtiva, o CFO enfatizou a estratégia de gestão estrita dos custos e reavaliação de operações, a fim de otimizar o processo produtivo, visando ganhos de eficiência, inclusive pós-refurbishment do AF#3. No que tange os desafios de eficiência nas coquerias, conforme ressaltado nos resultados no 1T22, a companhia informou que os estudos ainda não foram concluídos, de maneira que ainda não poderiam atualizar o mercado sobre o assunto.
Política de Dividendos. Sem novidades, a companhia pontuou que não pretende alterar a sua política de 25% do lucro líquido realizado, tendo em vista o foco na rentabilização de suas operações via reforma do AF#3, além da situação ainda indefinida da MUSA, seu braço de mineração.
Movimento ESG. Segundo Rodrigues, a companhia segue com os estudos para o avanço da descarbonização das suas atividades, visando o alcance dos objetivos mandatórios e assumidos no médio ou longo prazo.
Percepção do Analista. Com base no seu histórico forte em gestão operacional, vemos a entrada do Rodrigues alinhada à próxima fase da Usiminas no que tange os processos de renovação de seus ativos, como a grande reforma do alto forno em Ipatinga e os ativos da Musa, com vida útil prevista para fim desta década. Entendemos que sua expertise em custos e foco na operação deverão, já no curto prazo, equalizar estes pontos chaves demandantes do processo, amenizando os possíveis efeitos adversos da parada prevista, especialmente em cenário de preços de insumos elevados e pressões inflacionárias. Quando olhamos para o médio e longo prazo, acreditamos que mais que pensar na expansão de sua capacidade, a mensagem passada pela companhia é a de foco na melhora da eficiência de suas operações, buscando manutenção de suas margens em patamares satisfatórios, mesmo em cenários mais adversos, como o observado no passado.