Investimentos no Exterior


Investir no Exterior - O poder da moeda forte

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Gabriela Joubert

Publicado 09/ago

Plano Real - 30 anos: O real traz estabilidade, mas é suficiente?

Você sabia que em 2024, completou-se 30 anos do Plano Real, mas que desde então nossa moeda perde força contra o dólar americano?

A implementação do Plano Real foi decisiva para o combate à hiperinflação em um país marcado por turbulências macroeconômicas. Desde então, a inflação no Brasil está minimamente controlada, assim como a cotação de nossa moeda.

No entanto, desde sua criação, em 1994, comparado ao dólar americano o real já perdeu cerca de 80% de seu poder de compra. Lembra quanto custava uma barra de chocolates no início dos anos 2000? E vamos lembrar que muitos produtos que consumimos no nosso dia a dia têm preços atrelados ao dólar.

Ao longo dos anos, a inflação corrói o poder de compra do consumidor, mas a desvalorização cambial faz o mesmo comparado a outras economias.

Nos últimos 30 anos, a inflação consumiu parte deste valor, mas uma outra parte se deve a outros fatores externos, como a própria dinâmica de oferta e demanda do mercado de câmbio, ou a estabilidade político-econômica de outras economias, como os Estados Unidos, por exemplo.

Investir em moeda forte garante o poder de compra do investidor ao longo do tempo. Antigamente, investíamos em fundos cambiais, buscando proteção cambial. Hoje, podemos garantir a proteção cambial, alocando recursos no exterior, mas também impulsionar a possibilidade de maiores ganhos investindo em diferentes classes de ativos.

Os títulos do governo norte-americano, as famosas Treasuries, estão hoje pagando juros de cerca de 5%, ou seja, você garante a proteção cambial e ainda tem a possibilidade de alocar nestes títulos do governo americano a 5%, na média. Mas, até mesmo olhando para a renda variável: nas últimas décadas, o retorno médio anual do S&P 500 fica em torno de 10%.

Diversificar seus recursos em moeda forte garante o poder de compra do seu dinheiro ao longo do tempo. Alocar em moeda forte com possibilidade de ganhos adicionais não só te protege do câmbio, mas também pode impulsionar os ganhos da sua carteira ao longo do tempo.

O impacto de uma alocação dolarizada

Ter uma parte da sua carteira em dólar pode trazer retornos muito superiores do que estar 100% alocado em reais. Isso acontece em razão da força do dólar especialmente em relação ao real, mas também da própria economia norte-americana.

Fizemos um estudo comparando o investimento em três carteiras teóricas, considerando nenhuma, 20% e até 50% de exposição ao dólar e comparamos o retorno entre estes portfólios nos últimos 15 anos.

Dentre estes portfólios, no Brasil, consideramos uma alocação comumente utilizada aqui no Brasil: 60% renda fixa (Selic) e 40% renda variável (Ibovespa). Já para a parte nos Estados Unidos, seguimos a regra americana, que é o contrário da nossa: 40% renda fixa (bonds agregados) e 60% renda variável (S&P 500).

De janeiro de 2010 a janeiro de 2024, o retorno da carteira com exposição dolarizada chegou a ficar 65% maior que a carteira 100% em ativos locais. Mesmo com uma Selic média no período de cerca de 10%, a depreciação do real acaba consumindo boa parte dos rendimentos do portfólio ao longo do tempo.

Por isso, a importância de se ter exposição a uma moeda mais forte no portfólio de investimentos visando a construção e manutenção do patrimônio ao longo do tempo.

O poder do dinheiro no tempo

Outro ponto importante é que quanto mais tempo deixamos um valor aplicado, mais acúmulo de riqueza temos ao passar dos anos. Por isso a importância de se começar a investir cedo.

O efeito do que chamamos de juros compostos é impressionante. Ele permite o acúmulo de riqueza não apenas sobre o capital inicial investido, mas também sobre todo o rendimento que vai se acumulando ao longo do período. O poder do dinheiro no tempo mostra que, se investido corretamente, US$ 10 mil dólares podem virar cerca de US$ 15 mil em cinco anos, mas também quase US$ 35 mil em 20 anos. Se considerarmos uma taxa de juros média de 3% a.a. remunerando bonds americanos, em cinco anos nosso retorno seria algo próximo de 15%, se levarmos em conta o desempenho do mercado acionário, em cinco anos o retorno acumulado poderia chegar a 60%. Isso ainda adicionado de uma moeda que garante seu valor ao longo do tempo.

Por isso, a melhor hora de investir no exterior é sempre agora!

As típicas frases: “Ah, vou investir quando o dólar voltar a cair” ou “vou esperar o cenário ficar mais claro” ou “não preciso de dólar, não vou viajar” precisam ser deixadas de lado. Podemos estar perdendo a oportunidade de colocar nosso dinheiro para trabalhar em nosso favor.

Num mundo dinâmico como o atual, prever a cotação da moeda é uma tarefa extremamente difícil, pois suas oscilações não dependem apenas das duas moedas (real e dólar). Por incrível que pareça, o dólar ficar mais caro em relação ao real e o real ficar mais barato em relação ao dólar, não necessariamente quer dizer a mesma coisa, apesar da cotação refletir o mesmo número.

Além disso, o dólar não serve apenas para quem vai viajar. Sabia que grande parte do nosso consumo é atrelado ao dólar? Lembra do preço da gasolina na pandemia?

Pois é. Não perca a oportunidade de colocar o dinheiro para trabalhar para você. Você vai me agradecer no futuro.


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