Bancos americanos superam as expectativas
Excepcionalmente, a temporada de balanços teve início nesta quarta-feira, com os bancos norte-americanos divulgando resultados fortes, beneficiados principalmente pelo aumento das receitas de trading, já que o 4T24 foi marcado pela alta volatilidade nos mercados tanto de ações quanto de bonds e pela vitória de Trump na corrida presidencial para 2025.
Outro destaque ficou por conta das receitas com a área de investment banking, responsável pela estruturação de operações de débito e IPOs, além de assessoria em processos de fusão e aquisição, por exemplo. Nos últimos anos, vimos uma seca de IPOs, emissão de dívidas, operações de M&A, em razão das incertezas com o cenário macroeconômico, em especial o patamar mais alto de juros para a economia norte-americana. No entanto, a vitória de Trump trouxe um aumento da busca por novas emissões e funding por parte das empresas para fazer jus aos novos investimentos e projetos previstos para atender uma possível maior demanda ao longo dos próximos anos.
Os lucros consolidados dos quatro maiores bancos americanos somaram US$ 105 bi, o segundo melhor desempenho dos últimos anos, beneficiados pelas receitas financeiras que aumentaram em razão dos maiores juros, além de uma retomada das receitas com operações no segmento de Investment Banking.
Setor foi beneficiado pelo otimismo com o novo governo Trump
As promessas de campanha de Trump que incluem reduzir a regulamentação, principalmente no setor financeiro, bem como os projetos de redução de taxação, trouxeram um certo otimismo ao segmento e vimos as ações do setor avançarem significativamente desde novembro.
No entanto, este otimismo não ficou centralizado apenas nos bancos. Com expectativas de mais crescimento e vislumbrando aumento dos investimentos para expansão de infraestrutura e data centers, as empresas voltaram a acessar o mercado de crédito, mesmo com os juros ainda servindo como inibidor. Vimos também o segmento corporativo reforçar seus balanços por meio de financiamentos para novos negócios e oportunidades no mercado.
Expectativas para 2025
Os resultados dos grandes bancos servem como um bom termômetro da economia. Neste trimestre, o que vimos foi um ano que encerrou com boas expectativas para os próximos meses. A retomada do apetite pelo setor corporativo mostra que as empresas estão voltando a investir, apostando no crescimento da economia.
Por outro lado, durante os calls com investidores e analistas, os bancos ressaltaram que ainda veem desafios à frente, em especial quanto ao ritmo de cortes pelo Fed para o ano. A última leitura do payroll mostrou que o mercado de trabalho continua bastante aquecido e, apesar de estarem mais otimistas com a nova administração de Trump, seguem receosos com os impactos nas métricas de inflação, o que poderia limitar a atuação do Fed neste ciclo de cortes. Além disso, conflitos geopolíticos continuam como fonte de preocupação para a maioria dos gestores.