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Gabriela Joubert

Publicado 26/mar

Mercados entram em compasso de espera pós-FED e antes de temporada de balanços

Após a melhor performance semanal do ano, impulsionada pela sinalização do FED de que podemos, de fato, ter três cortes nos juros ainda este ano, mercados agora entram em compasso de espera, atentos às mensagens dos membros do FED sobre o comportamento da inflação e o ritmo de crescimento da economia norte-americana. Na semana passada, os três principais índices em Wall Street bateram recordes, e o S&P500 superou a marca dos 5.200 pontos, com investidores abraçando a mensagem de início de flexibilização da política monetária já em junho. As empresas de tecnologia mantiveram sua realeza, com os papéis novamente desempenhando acima dos demais setores, mas desta vez vimos também segmentos mais atrasados na corrida, como Small Caps, ganhando tração.

Após outras medidas de inflação, como o CPI (inflação ao consumidor) e o PPI (inflação ao produtor) terem vindo acima do esperado, vimos a cautela prevalecer agora com o PCE, medida de inflação favorita do FED, que será divulgada na próxima sexta-feira. Qualquer número acima do consenso poderá trazer pressão adicional e arrefecer a narrativa mais otimista do mercado. Apesar da política monetária bastante restritiva, quando comparado a níveis anteriores, o posicionamento mais atenuado do FED e o contínuo avanço das apostas de crescimento da inteligência artificial têm contribuído para manter a tendência de alta nos mercados globais desde o início do ano.

Vale lembrar que as Big Techs têm estado no cerne de outras discussões além da trend da Inteligência Artificial. Recentemente, o governo chinês aprovou medidas que limitam o uso de microchips de fabricantes norte-americanas em computadores e equipamentos fabricados na China, trazendo incertezas ao setor e pressionando papéis de empresas como Intel e AMD. Na Europa, os reguladores fecharam o cerco a algumas companhias como Apple, Alphabet e Meta com os primeiros esforços do Ato da Comissão Europeia sobre Mercados Digitais, com o objetivo de limitar o monopólio dessas empresas nos nichos onde atuam. Por fim, na Florida, o governo estadual aprovou lei que bane todas as contas em mídias sociais de menores de 14 anos, mesmo as que contam com autorização dos pais, uma das mais restritivas leis que visam limitar a acessibilidade de mídias sociais a menores. Uma matéria recente do Financial Times também mostrou que alguns grandes líderes do setor de tecnologia, por exemplo Jeff Bezos (Amazon) e Mark Zuckerberg (Meta – Facebook) têm vendido parte de suas ações das companhias. Por outro lado, o IPO da Reddit, empresa de mídia social, foi um sucesso na semana passada, com as ações subindo mais de 48% no primeiro dia das negociações, acumulando até o momento quase 80% de alta, com investidores apostando na estratégia da companhia de lucrar com o uso de AI em seus negócios.

A temporada de balanços do 1T24 aponta no horizonte e investidores começam a debruçar sobre estas perspectivas de lucros e avaliar se o atual patamar de preços das ações condiz com a realidade operacional das companhias. Vimos, até o momento, ganhos de eficiência por grande parte das companhias, refletindo a aplicabilidade de ferramentas de inteligência artificial no dia a dia, o que se desdobrou em melhores projeções para os lucros no geral e, consequentemente, nos preços das ações. No entanto, a constante renovação de recordes nos índices acende um quê de preocupação e questionamentos sobre o limite deste rali de alta.

No setor de Real Estate, nosso recente relatório mostrou que o mercado imobiliário nos Estados Unidos continua aquecido. Construções de novas casas avançaram em fevereiro e vendas atingiram um patamar de 8 milhões de unidades em 2023. Os empreendimentos do segmento multifamiliar andaram de lado na última leitura, com a previsão do início do ciclo de queda das taxas de hipoteca gerando incentivo para o financiamento de novas casas. Vendas de casas existentes avançaram bem acima das expectativas em fevereiro e estoques se mantêm estáveis. A confiança no setor mostrou sinais de melhoras, conforme as taxas de hipotecas arrefecem. Além disso, as dinâmicas de preços no setor também vêm melhorando. Na contramão, os Commercial Real Estate, fundos voltados para imóveis comerciais, continuam a preocupar, uma vez que já vemos alguns distratos e altas taxas de vacância perdurando, em momento que a alta das taxas de juros dificulta o refinanciamento de dívidas.

E por fim, depois de um longo e tenebroso inverno, a primavera parece ter chegado para o mundo dos criptoativos. O Bitcoin já acumula alta de mais de 60% desde o início do ano (e mais de 150% nos últimos seis meses), trazendo tanto os criptoativos como as empresas atuantes no setor de volta à cena. Temos visto as atividades no setor florescendo, com surgimento de novos negócios e mais financiamento para startups. As mudanças na regulamentação que permitiram o surgimento dos ETFs de cripto têm contribuído significativamente para o maior apetite no segmento.


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