Entramos no último mês de um dos semestres mais voláteis dos últimos anos, iniciando com apostas de seis cortes nos juros norte-americanos e encerrando maio com alguns agentes descartando qualquer corte este ano, dada a robustez da economia norte-americana. A curva de juros por lá ajustou e puxou consigo as demais curvas globais, mas, apesar do cenário de juros altos por mais tempo, a liquidez global seguiu elevada e também o apetite ao risco. No ano, além dos criptoativos que avançam fortemente, vide o Bitcoin que já acumula alta de mais de 60%, em maio as meme stocks voltaram.
Essa dicotomia entre restrição e excesso de liquidez levanta duas vertentes: os juros mais altos na maior economia global talvez tenham sido absorvidos como um novo normal ou o mercado já se antecipou ao pós-ciclo de cortes e ignorou o momento restritivo atual. De qualquer maneira, a resposta das bolsas é clara. Mesmo com juros altos, os índices seguem em máximas históricas, com S&P 500 e Nasdaq sendo acompanhados por Nikkei e o Hang Seng em Hong Kong. Em comum?! A grande representatividade de empresas do setor de tecnologia envolvidas na tese de Inteligência Artificial que, apesar de vir perdendo força após os resultados estonteantes de Nvidia, ainda prevalece. Até o Dow Jones se juntou ao não tão seleto grupo e bateu a máxima de 40 mil pontos no mês.
Só quem ainda patina é a bolsa brasileira, em queda acumulada de quase 10% no ano, mesmo com o alto patamar das commodities, quebrando uma correlação positiva de anos. Após a última reunião do Copom, na qual vimos divergência entre os membros quanto ao ritmo de cortes na Selic, as expectativas de inflação desancoraram. O cenário político interno atrapalha, de fato, com as incertezas quanto às contas públicas. Enquanto o investidor busca alternativas ao já caro mercado norte-americano, diversificando nos emergentes, estamos ficando para trás, apesar dos níveis depreciados dos ativos locais, vis-à-vis as expectativas de lucros e balanços sólidos das companhias.