Market Strategy | Julho 2024
O primeiro semestre do ano fica para trás, marcado por incertezas externas com a indefinição da política de juros nos EUA, mas também pelas incertezas internas, com o aumento do risco fiscal. A inflação doméstica desacelerou mas novas pressões inflacionárias voltam ao radar. Nos Estados Unidos, a resiliência da economia e do mercado de trabalho surpreenderam, colocando em dúvida a capacidade do FED em cortar os juros este ano. As bolsas norte-americanas renovaram recordes, impulsionadas pela tese secular da Inteligência Artificial. Já no Brasil, o Ibovespa continuou descolado e acumulou queda de 6% desde o início do ano, mesmo com as commodities e câmbio em patamares atrativos.
Olhando para frente, vemos um segundo semestre com sinais mais claros do efeito da política monetária contracionista e desaceleração nos Estados Unidos. O mercado de trabalho começa a dar sinais de arrefecimento. A inflação, apesar de ter assustado no primeiro trimestre, manteve sua tendência de queda e agora esperamos que o FED consiga entregar ao menos dois cortes até o fim do ano. No Brasil, entretanto, a desancoragemdas expectativas de inflação fizeram com que o COPOM encerrasse o ciclo de cortes prematuramente e agora vemos a SELIC a 10,5% até o fim do ano, com possibilidade de novos cortes apenas em 2025, condicionado a uma melhora no risco fiscal.
Com este cenário traçado, mantemos nossa preferência por juros real no Brasil, posicionados em renda fixa pós-fixada e indexada, buscando proteção contra inflação. Na renda variável, mantemos a cautela, mas reconhecemos que o atual nível da bolsa abre oportunidades de entrada. Preferimos papéis de empresas mais consolidadas, com setores como Seguradoras, Elétricas e exportadoras.
Nos Estados Unidos, continuamos posicionados na barriga da curva, com renda fixa de durationmédia, diminuindo a volatilidade da carteira, mas reduzindo o risco de reinvestimento em cenário de cortes de juros. Na bolsa, estamos cautelosos com a elevada concentração dos índices em poucos papéis. A temporada de balanços ficará no radar dos investidores, principalmente os resultados das companhias de tecnologia. Estamos mais otimistas com Indústria, Saúde e algumas empresas de tecnologia, com foco na Inteligência Artificial, apesar de acharmos alguns valuations já caros.