Assunto da semana: Quanto paga esse CDB?
Nos últimos dias, temos acompanhado a discussão sobre alguns CDBs e as taxas ofertadas para os clientes pessoa física (se você não sabe muito bem o que é um CDB, confere nesse relatório que o Winalda preparou). Como alguns clientes vieram me perguntar diretamente pelas redes sociais o porquê destas discussões, qual o impacto disso tudo e por que tanto risco se eles são garantidos pelo FGC, resolvi explorar mais este assunto no Inter Strategy dessa semana. Então, bora lá!
Ao longo dos últimos 10 anos, vimos aumentar a oferta de CDBs de bancos menores no mercado, resultado da evolução da indústria de investimentos que permitiu uma maior disponibilização de ativos via plataformas multiconectadas, abrindo espaço para que clientes pessoas físicas tivessem acesso a diversos tipos de produtos outrora disponíveis apenas para um seleto grupo da população. Com isso, se antes tínhamos um mercado dominado pelos grandes bancos que ofertavam produtos com taxas mais baixas, como 93% a 98% do DI, por exemplo, pagando pouco mais de 100% apenas àqueles clientes com muito mais recursos aplicados na instituição, pudemos aproveitar produtos de risco ainda baixo, mas com taxas um pouco melhores que o comumente operado pelo mercado. Assim, oportunidades como CDBs pagando 103% ou 105% do DI caíram no gosto popular, e com razão.
E aí eu volto para uma pergunta que me fizeram: Gabi, vi uma oportunidade aqui.. um CDB pagando 120%. Vou ou não vou? Risco baixo.. Tem FGC...
Se você leu as últimas edições desta News, falamos bastante sobre o risco e sobre retorno. E foi exatamente essa máxima de risco vs retorno que fez com que as discussões da semana ficassem mais acaloradas.
Se o FGC garante, qual o problema?! É, vamos lá!
Já conhece o Market Strategy? Tome decisões mais bem informado com o nosso relatório de estratégia de investimentos.
O FGC vai nos salvar?
O FGC, ou Fundo Garantidor de Crédito, foi criado em agosto de 1995 por meio de uma resolução do Conselho Monetário Nacional, com o intuito de agir de maneira preventiva em todo o sistema bancário e financeiro, atuando de maneira pontual e, muitas vezes, silenciosa para garantir o bom funcionamento do nosso sistema financeiro.
O FGC garante a cobertura de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ para cada conglomerado financeiro, limitado a R$ 1 milhão a cada quatro anos.
De acordo com o site do FGC, em agosto de 2024 tínhamos um total de R$ 4,883 bi elegíveis à garantia, sendo R$ 2,341 bi o total coberto pelas garantias. Vejam a diferença entre elegível e total coberto! De todo este valor, R$ 2.784 bi estão alocados em depósitos a prazo (CDBs, RDBs majoritariamente).
Todo investimento tem risco e tudo tem um preço. Mesmo o CDB que conta com dupla garantia (a do banco emissor e a do FGC) também tem risco. Por isso, é extremamente importante atentar para quem está emitindo aquele produto. Quando estamos investindo em CDBs, o risco principal é que aquele banco tenha problemas para honrar com as suas dívidas.
Se um banco está emitindo um CDB a 120% do DI, muito acima do comumente operado pelo mercado, não quer dizer que ele seja generoso. Quer dizer que ele não conseguiu ofertar mais barato porque ninguém quis aceitar o risco por um preço menor. Outra máxima do mercado: tudo tem um preço! Portanto, da próxima vez que você vir um CDB pagando um percentual lindão sobre o DI, avalie o risco do emissor, pode ser um investimento mais arriscado do que você imagina. E lembre-se sempre, o FGC deve ser visto apenas como uma garantia adicional, um seguro. Ninguém vai correr a 160km/h só para poder usar o seguro do carro. A mesma coisa para seus investimentos.
Ampliando os horizontes
O que fazer agora? Não investir mais em CDBs com taxas mais atrativas?! Também não é assim. O que vale aqui é ponderar. Antes de investir, precisamos estar cientes de onde e no que estamos investindo. Quem dá a garantia sobre aquele produto, quais os riscos incorridos, qual o prazo, estas e outras perguntas devem ser sempre feitas antes de se tomar uma decisão.
Outro ponto também que não me canso de reforçar aqui. Diversificação!
Uma carteira devidamente diversificada é a melhor alternativa para minimizar os impactos de situações que fogem ao nosso controle. Não significa que não devemos tomar riscos, mas devemos tomá-los de forma consciente, pois assim poderemos mensurar melhor o impacto no nosso patrimônio e ajustar outras posições.
Existe uma gama enorme de produtos disponíveis hoje para investimentos e com boas taxas de remuneração na palma das nossas mãos. Só lembrar que não existe almoço grátis e que quando a esmola é demais, o santo desconfia.
Bons investimentos e conte com a gente!