Há um tempo li um livro recomendado pela nossa economista-chefe, Rafaela Vitória, chamado “RightKind of Wrong, theScience of Failing Well” (em tradução livre, o “O tipo certo de erro, a Ciência de se Falhar Bem). O livro trata, principalmente, de como ver os erros de uma perspectiva diferente, não como algo punitivo, mas sim como oportunidade para aprendizado. Existem diferentes tipos de erros, os erros ruins e os bons, os intencionais e os não intencionais, os que servem para aprendizado e os que servem para serem evitados. E entender a diferença entre eles é crucial para evoluirmos e para arriscarmos de maneira mais inteligente, sem tomar riscos desnecessários.

No mundo dos investimentos, muitas vezes, mais do que acertar muito é preciso errar menos. Mais do que carimbar o momento certo de comprar uma ação e aproveitar sua subida, é melhor evitar o erro de se entrar em um pico e perder quase todo o capital investido. Mais do que acertar quando o Copom vai cortar os juros é não estar diversificado adequadamente caso o cenário seja diferente do que o previsto.

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Atire a primeira pedra! Quem nunca investiu em uma ação quando ela já havia subido mais de 100%, na esperança de que ela seguisseavançando ainda mais, sem nem saber direito o que a empresa fazia, sua saúde financeira, seus fundamentos? Em alguns casos, o sucesso se confirma e o papel segue sua tendência de alta, veja o caso da Amazon, por exemplo.

A Amazon resistiu a crise das dot.com no fim da década de 90 para emergir como a grande campeã do e-commerce, valorizando mais de 200 mil porcento desde 2001, o que a colocou entre o seleto grupo das empresas com valor de mercado na casa dos trilhões de dólares. Quem manteve o sangue frio àquela época e optou por ficar com as ações da companhia mesmo após o derretimento de mais de 80% quando a bolha estourou, hoje provavelmente está com sorriso de orelha a orelha, contente com a coragem que teve.

Ao mesmo tempo, o investidor que estava posicionado em qualquer uma das outras grandes apostas daquela época, como por exemplo a europeia Bokus.com (ou boo.com, posteriormente), que chegou a ser o terceiro maior e-commerce de livros no mundo, ficou a ver navios, com a empresa fechando as portas em 2001.

Claro que todos queremos uma Amazon ou Nvidia para chamar de sua. Até eu tenho a minha Small Capzinha ali, bonitinha, esperando para estar sorrindo daqui alguns anos (força, lindinha!!!!). Mas o fato é que é difícil acertar. Olhando novamente para o gráfico da Amazon, lembrando que ela é uma exceção e não a regra, quem entrou em meados de agosto de 2021 sofreu com uma desvalorização aguda dos papéis da empresa no ano seguinte, que corrigiu de US$ 185 para cerca de US$ 83/ação.

Agora vamos avaliar pelo lado do S&P 500, o principal índice da bolsa norte-americana. Desde a crise das dot.com vimos uma outra grande crise financeira (a do Subprime em 2008/2009), seguida por uma pandemia em 2020. Vimos também os Estados Unidos passarem por duas guerras, a do Iraque e do Afeganistão no mesmo período. E apesar dos altos e baixos, desde 2000, o índice valorizou mais de 300%. Quer voltar para 1996, pré-crise das dot.com? Ótimo, aí a valorização acumulada foi de 680%.

Quem se posicionou na bolsa americana garantiu um retorno de 300% sem precisar ficar garimpando qual seria a próxima Nvidia, ou seja, errou menos.

Nas palavras do bilionário investidor-analista norte-americano Kenneth Fisher, “Time in the market beats timing the market”. Em português, o tempo no mercado supera o momento certo de entrar no mercado. Mas o que isso significa? Significa que o tempo que você segue investido no mercado irá superar qualquer estratégia que vise investir no momento certo, o chamado timing the market.

Alguns investidores tentam acertar o momento certo de entrar no mercado, investindo na baixa, ou a hora certa de sair, ou seja, nas máximas. Mas a verdade é que tentar acertar o momento certo é mais difícil do que se imagina e acaba sendo uma estratégia que leva a muitos erros. Lembra que falei que é preciso errar menos? Então! É essa lição que grandes investidores passam para a gente. Investir certo, alocando uma parte do seu portfólio em ações ao longo do tempo tende a minimizar perdas, ou seja, reduzir erros.

Uma estratégia mais voltada ao longo prazo, em especial àqueles que estão em momento de acumulação de patrimônio, deve considerar investimentos contínuos também na renda variável.

O tempo se mostra um grande aliado para quem se prepara.

Bons investimentos e conte com a gente!