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Carteira Recomendada | Retorno | Março 2023

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Gabriela Joubert

Publicado 01/mar20 min de leitura

Cenário incerto para a inflação no Brasil

A alta da inflação em fevereiro reflete os reajustes tardios dos setores de serviços. O mês de fevereiro trouxe indicadores de desaceleração do crédito, já refletindo efeitos da recuperação judicial da Americanas, o que pode resultar em desaceleração da atividade à frente. Os dados de inflação pelo IGPM seguem mostrando forte desaceleração dos preços ao produtor, principalmente agrícolas, e em breve, também poderemos ver alívio na inflação de alimentos. Por outro lado, os dados da PNAD mostram uma situação mais preocupante do mercado de trabalho, com aceleração da queda do desemprego, que chegou na mínima desde 2015 em 7,9% e forte alta nos salários, que acumulou ganho real médio de 8% em 2022.

O que esperar em março? O reajuste da gasolina deve manter o IPCA pressionado em março, novamente acima de 0,6% no mês. Mas a apresentação da proposta de novo arcabouço fiscal pode trazer boas notícias para o mercado e resultar em alivio nos prêmios dos juros, reduzindo a aversão a risco.

A Bolsa em fev/23 | Percepção muda e mercados desabam

Voltando ao que observávamos no fim de 2022, as bolsas aqui e lá fora retomaram a rota de queda, conforme consolidava-se a percepção dos mercados de que os juros nas principais economias globais deverão se manter elevados por mais tempo. Nos Estados Unidos, a mensagem do FED de que não haverá corte de juros este ano foi finalmente entendida e agora mercados precificam ao menos mais duas altas na taxa de juros americana, podendo haver uma terceira, caso mercado de trabalho e economia ainda sigam robustos.

No caso brasileiro, se em janeiro as exportadoras ajudaram por conta das grandes expectativas com a retomada chinesa, este mês não foi o que observamos. Com o mercado em modo de espera, as commodities arrefeceram, pressionando o IMAT, que recuou 7,83% no mês.

Além do cenário externo, pesou no Ibovespa os desgastes no cenário político com constantes ataques ao Banco Central, além da ausência de um arcabouço fiscal definido para compensar as recentes decisões assistencialistas do novo governo. Nesse sentindo, vimos o IBOV ter o pior desempenho dentre os pares, recuando 7,49%, acumulando queda de 4,38% no ano e encerrando abaixo dos 105 mil pontos.

Desempenho Fev/23 | Carteira empata com o índice, prejudicada por efeitos mais ácidos no último dia do mês

O Ibovespa encerrou fevereiro com queda de 7,49%, enquanto nossa carteira recuou 7,50%. No ano acumulamos apresentamos queda de -1,02%, sendo 3,36 p.p. acima do retorno do benchmark no mesmo período.

O desempenho negativo no mês foi potencializado pela queda de 20% das ações da PRIO3, afetada pelo recuo do petróleo no período, mas também por números aquém do esperado de produção. Outro destaque que afetou negativamente a carteira foram as ações do CRFB3 que caíram seguindo movimento em bloco do setor, mas potencializadas pelo anúncio da renúncia do CFO no último dia 28.

Contrapondo, as ações da MULT3 foram o destaque positivo, refletindo bons resultados para o 4T22, assim como PSSA3, que mantém a rota de valorização iniciada no fim do ano passado. ITUB4 fechou estável no mês, mas ainda contribuindo positivamente para o desempenho do portfólio. ENBR3 apesar de fechar em campo negativo, caiu menos que o benchmark e também ajudou a limitar as perdas do período.

Carteira Mar/23 | Mudanças, visando adaptação para um cenário diferente

Para março, ainda há os desafios com o fim da temporada de balanços, com as expectativas externas quanto aos juros nos Estados Unidos e na Europa, além do real ritmo de retomada da economia chinesa. Aqui, o anúncio do tão aguardado arcabouço fiscal poderá beneficiar os ativos locais, em especial os voltados à economia doméstica, conforme discussão de corte de juros pode entrar no horizonte.

Sendo assim, mantemos a diversificação do portfólio, com ações em seguimentos defensivos, mas sem deixar de buscar a geração de alfa aos investidores.

No setor de Utilities, mantemos ENBR3 mas substituímos EQTL3 por AESB3, em substituição estratégica com expectativas de melhora de margens ao longo de todo 2023.

No setor financeiro, mais um mês sem alterações e mantemos BBSE3 e PSSA3 representando as seguradoras, além de ITUB4, o bestin class dentre os incumbentes.

Tiramos HYPE3 no setor de saúde e incluímos exposição ao setor de construção, com CYRE3. á para as commodities, PRIO3 e CSNA3 saem, para dar entrada à GGBR4 e BEEF3

Para Varejo, apesar da forte queda de CRFB3 em fevereiro, resolvemos manter o papel na carteira por acreditarmos que o varejo alimentar deve seguir beneficiado por sua resiliência. E ainda pensando nos drivers do consumo, seguimos com MULT3 representando o segmento de Shoppings.

Fonte: Bloomberg e Inter Research*, em 28/02/2023

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