Expectativa de inflação volta a subir
As expectativas de inflação no Brasil voltaram a subir mesmo com sinais de queda da atividade. O mês de janeiro foi marcado por dados mais negativos da economia brasileira, entre eles a queda da confiança do empresário e a redução de 430 mil vagas pelo Cagedde dezembro, mostrando uma desaceleração da atividade maior que o esperado. O IPCA encerrou 2022 em 5,79%, mas as expectativas de mercado para 2023 voltaram a subir para próximo de 5,5% com alta da gasolina e incertezas geradas pelo governo, tanto pelo lado fiscal como pelos questionamentos acerca da política monetária. Ainda entre as notícias negativas, o pedido de RJ da Americanas, com dívida de R$43 bilhões, também surpreendeu o mercado e deve gerar impacto nos bancos credores e desacelerar ainda mais a concessão de crédito.
O que esperar em fevereiro? Apesar dos ruídos, o resultado fiscal do governo em 2022 foi positivo, com superávit primário de 1,3%, o maior desde 2013 e a dívida bruta teve queda para 73,4%. Após várias falas de membros do governo que impactaram o mercado em janeiro, em fevereiro podemos ver uma reversão parcial do cenário com o início das discussões sobre a reforma tributária e o arcabouço fiscal. As novas medidas a serem anunciadas podem trazer alívio para os mercados, reduzindo o prêmio de risco principalmente nas taxas de juros.
A Bolsa em jan/23 | Ano novo inicia com fôlego renovado nos mercados globais
Apesar do mau-humor no fim do ano, 2023 iniciou com reversão do pessimismo, ancorado nas perspectivas de uma desaceleração global mais amena, empolgados com o processo de reabertura na China e retomada da demanda no gigante asiático e dados de atividade e inflação desacelerando nos Estados Unidos o que elevou as apostas de um FED mais brando em seus próximos encontros.
Com exterior tomado pelo otimismo, vimos os ativos de growth recuperarem campo enquanto a temporada de balanços ia ganhando tração, mas com resultados mistos e de difícil leitura. Uma onda de demissões nas Big Tech se outros grandes setores deve impactar o mercado de trabalho nos próximos meses, indicador que ainda segue forte.
Aqui, as exportadoras foram a bola da vez, beneficiadas mais uma vez pelo impulso que o otimismo com a China deu aos preços das commodities nos mercados internacionais. Além disso, o mercado interno também começa a se antecipar uma provável amenização dos juros no segundo semestre do ano, conforme as novas medidas econômicas a serem anunciadas podem trazer alívio para os mercados, reduzindo o prêmio de risco.
Desempenho – Jan/22 | Mês forte com grandes destaques
O otimismo nos mercados e na bolsa local beneficiou diretamente nossas escolhas para o mês de janeiro e nossa carteira finalizou com desempenho de 3,6 p.p. acima do Ibovespa, avançando 7,0%.
Dentre os destaques positivos, a CSNA3 foi a grande campeã, com alta de mais de 27% no mês, beneficiada pelo processo de reabertura da China, mas também pelas expectativas de resultados melhores que os pares para o 4T22. Também destacamos a PRIO3, que refletiu o aumento dos preços do petróleo nos mercados globais, este também influenciado pelo otimismo vindo da provável volta da demanda chinesa. O setor de Seguros também mostrou seu potencial, com ambas BBSE3 e PSSA3 avançando mais de 10% no mês, em razão das melhores expectativas para o segmento como um todo para este ano.
Na ponta negativa, KLBN11 sofreu com a desvalorização cambial, apesar dos fundamentos ainda bons para o setor de Papel e Celulose. A ENBR3 também ficou aquém do esperado, em movimento natural de correção das elétricas em momentos de menor aversão ao risco.
Carteira Fev/23 | Duas mudanças estratégicas no portfólio
Para fevereiro, precisamos lembrar que teremos a temporada de balanços referentes ao 4T22, na qual esperamos números afetados pelo mau-humor que se espalhou pelo país após a Pec da Transição, bem como efeitos sazonais em razão de um trimestre de festividades, além dos impactos da Copa do Mundo na cadeia produtiva do país (leia aqui nosso relatório sobre Prévias do 4T22).
Sendo assim, seguimos com um portfólio balanceado, visando os benefícios da diversificação, mas alteramos estrategicamente alguns nomes, considerando as expectativas para os resultados do 4T22 e os próximos meses.
No setor de Utilities, mantemos ENBR3 e EQTL3, garantindo uma exposição mais defensiva no portfólio.
No setor financeiro, sem alterações. Seguimos com BBSE3 e PSSA3 representando as seguradoras, além de ITUB4, o bestin class dentre os incumbentes.
Para o setor de Saúde, continuamos com HYPE3, apostando na recuperação da companhia para os próximos meses.
Já para as commodities, KLBN11 sai, mas CSNA3 e PRIO3 continuam no portfólio.
Para Varejo, por estarmos ainda preferindo o segmento de varejo alimentar, mantemos exposição, porém trocando ASAI3 por CRFB3. E ainda pensando nos drivers do consumo, incluímos a MULT3 representando o segmento de Shoppings.