Cenário incerto para a inflação no Brasil
A alta da inflação em fevereiro reflete os reajustes tardios dos setores de serviços. O mês de fevereiro trouxe indicadores de desaceleração do crédito, já refletindo efeitos da recuperação judicial da Americanas, o que pode resultar em desaceleração da atividade à frente. Os dados de inflação pelo IGPM seguem mostrando forte desaceleração dos preços ao produtor, principalmente agrícolas, e em breve, também poderemos ver alívio na inflação de alimentos. Por outro lado, os dados da PNAD mostram uma situação mais preocupante do mercado de trabalho, com aceleração da queda do desemprego, que chegou na mínima desde 2015 em 7,9% e forte alta nos salários, que acumulou ganho real médio de 8% em 2022.
O que esperar em março? O reajuste da gasolina deve manter o IPCA pressionado em março, novamente acima de 0,6% no mês. Mas a apresentação da proposta de novo arcabouço fiscal pode trazer boas notícias para o mercado e resultar em alivio nos prêmios dos juros, reduzindo a aversão a risco.
Percepção muda e mercados desabam
Voltando ao que observávamos no fim de 2022, as bolsas aqui e lá fora retomaram a rota de queda, conforme consolidava-se a percepção dos mercados de que os juros nas principais economias globais deverão se manter elevados por mais tempo. Nos Estados Unidos, a mensagem do FED de que não haverá corte de juros este ano foi finalmente entendida e agora mercados precificam ao menos mais duas altas na taxa de juros americana, podendo haver uma terceira, caso mercado de trabalho e economia ainda sigam robustos.
No caso brasileiro, se em janeiro as exportadoras ajudaram por conta das grandes expectativas com a retomada chinesa, este mês não foi o que observamos. Com o mercado em modo de espera, as commodities arrefeceram, pressionando o IMAT, que recuou 7,83% no mês.
Além do cenário externo, pesou no Ibovespa os desgastes no cenário político com constantes ataques ao Banco Central, além da ausência de um arcabouço fiscal definido para compensar as recentes decisões assistencialistas do novo governo. Nesse sentindo, vimos o IBOV ter o pior desempenho dentre os pares, recuando 7,49%, acumulando queda de 4,38% no ano e encerrando abaixo dos 105 mil pontos.
Apesar da queda, carteira tem desempenho superior ao benchmark
Em um mês de aversão ao risco aqui e no exterior, acarteira apresentou um desempenho melhor que o benchmark (IDIV) com queda de-3,98%, enquanto o IDIV caiu -7,55% no mês. No acumulado de 2023 ainda apresentamos resultado positivo e superior ao benchmark com retorno de 5,08% versus -2,11% do IDIV. Neste mês repercutiram discussões sobre a meta de inflação, china com atividade ainda fraca após reabertura e a reoneraçãodos combustíveis que acabaram pressionando ainda mais os papéis de commodities. Além disso, o setor financeiro desempenhou mal com os dados de crédito e resultados do 4T22 trazendo efeito Americanas nos balanços.
Único desempenho positivo no mês veio da Odontoprev (ODPV3), que apresentou um retorno ponderado de 0,1% na carteira.
No lado negativo as maiores quedas para a carteira vieram dos setores de commodities e financeiro com Vale caindo -1,1% no retorno ponderado, CSN -1,0% e BB Seguridade -0,5%. As utilitiestambém tiveram um fraco desempenho com ISA CTEEP caindo -0,5% ponderadamente, seguida de Energias do Brasil e Taesacom -0,4%.
Movimentações do mês
Para março substituímos Odontoprev (ODPV3) por Minerva (BEEF3), que apesar do caso aparentemente pontual de “vaca louca” que trouxe volatilidade para as ações no curto prazo, esperamos um ano mais favorável para a companhia e caso tudo ocorra como esperado, esperamos um payout em torno de 50% resultando em um dividend yield para 2023 de 8%.
Em nossa alocação apenas reduzimos em 0,5 p.p. a exposição em BBSE3 e VALE3 para equalizar um pouco mais a distribuição setorial e dar um pouco de espaço para a alocação em BEEF3.