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Carteira Recomendada | Dividendos | Maio

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Gabriela Joubert

Publicado 16/mai10 min de leitura

Aversão ao risco e a batalha contra inflação continuam em pauta no mundo

Ao longo das últimas semanas, os indicadores de atividade econômica seguiram surpreendendo positivamente. Em particular, chama a atenção o crescimento do setor de serviços de 1,7% em março, acima da projeção mediana do mercado de 0,8%, o que é parcialmente explicado pela sustentação da demanda das famílias com a poupança acumulada ao longo da pandemia. Com isso, revisamos positivamente nossa projeção de crescimento do PIB para 1,2% em 2022 e 1,5% em 2023.

Na esfera monetária, a inflação segue alta, com leitura de 1,06% em abril, ligeiramente abaixo da nossa projeção de 1,10%, acumulando 12,1% em 12 meses. Apesar de haver sinais preliminares da desaceleração em alimentos e bens industriais, a inflação de serviços subjacentes manteve patamar próximo de 10,0% no acumulado em três meses anualizado, o que pode contaminar as projeções para 2023. Dessa forma, é provável que o Banco Central aumente a Taxa Selic novamente na reunião de junho, para 13,25%, o que deverá ser suficiente para ancorar as expectativas de médio prazo.

Dados recentes seguem corroborando a tese de redução do risco fiscal após o choque da pandemia, com arrecadação real ainda em patamar alto e dívida bruta em queda. Além disso, a balança comercial tem sido beneficiada pelos preços mais altos para bens exportados e queda do quantum de importação, o que favorece o fortalecimento do câmbio no médio prazo. Vale acompanhar, por outro lado, o risco de um reajuste salarial a servidores acima da última oferta do governo, o que impactaria as projeções para as contas públicas e os prêmios de risco do mercado.

No cenário externo, o FED acelerou o ritmo de alta dos juros, dadas as pressões inflacionárias ainda bastante elevadas. Além disso, os dados de alta frequência da China mostram deterioração da atividade econômica, com queda interanual de 11,1% no varejo, o que decorre principalmente das medidas de contenção do coronavírus. Dessa forma, é razoável esperar uma deterioração significativa do crescimento global nos próximos trimestres, com impacto importante para o comércio internacional e para os fluxos de capital para países emergentes.

Cenário externo deteriora e pesa nos ativos locais

Apesar dos pesares

Apesar da continuidade da aversão ao risco nos mercados globais em virtude da persistente inflação e sua possível limitação no crescimento global, impulsionada por mais incertezas quanto à economia chinesa e os efeitos do lockdown, a bolsa brasileira tem respondido positivamente, impulsionada por ações do setor financeiro, destaque até o momento.

Obviamente, a cautela prevalece. Com grande representatividade de empresas de commodities em nosso índice e dados mais fracos de atividade na China, as ações de exportadoras tiveram quedas acentuadas nas últimas duas semanas de abril. Entretanto, notícias de afrouxamento nas medidas de restrições anti-covid na China, bem como anúncio de novos estímulos para o setor de Real Estateanimaram os papéis que listam entre as maiores altas este mês.

Bolsa local avança

Com isso, o Ibovespa devolve parte das perdas de abril e recupera ganhos no ano. Destaque no acumulado de 2022 continua com as empresas de valuee, neste sentido, o setor de Utilitiestem se mostrado bastante beneficiado, inclusive pelos impactos dos indexadores de inflação em suas receitas, que se fazem ver no preço de tela dos ativos. De mesma forma, o setor financeiro, representado pelo IFIN, supera o IBOV, espelhando a maior preferência por ativos mais defensivos em momentos de grandes incertezas.

Desempenho | Commodities metálicas e Saneamento pesam

No mês, a carteira performou 1,13% abaixo do IDIV, impactada fortemente pela queda de VALE3, pressionada pelos dados abaixo do esperado na China e correção acelerada dos preços do minério de ferro nos mercados internacionais, assim como as ações de CSMG3, que recuaram 13% no período, após resultados decepcionarem no 1T22.

Contribuindo positivamente com quedas menos expressivas que o benchmark, BBAS3 e BBSE3 foram os destaques após resultados mais que satisfatórios na temporada, com evolução e recuperação pós estresse causado pela pandemia.

Dentro do IDIV, destaque para as ações de commodities agrícolas e ao setor de Óleo&Gás, os quais ainda não cobrimos, e quem vêm apresentando consecutivas valorizações, beneficiados pela alta dos preços nos mercados internacionais, especialmente pelos efeitos de restrições de oferta por conta da guerra na Ucrânia.

Fonte: Bloomberg e Inter Research. Preços em 13/05/2022

Carteira Mai/22 | Apostas nas recuperações de curto prazo

Revisitando a estratégia da carteira, mantemos a exposição aos setores chave, porém substituindo alguns players em detrimento de outros, especialmente após os números reportados no trimestre e expectativas para o ano. Assim, seguimos expostos ao setor de Utilities, que representa 40% da alocação do portfólio, com CSMG3, ENBR3, TAEE11 e TRPL4.

Após os resultados do 1T22, e apesar da contribuição positiva no mês, optamos por remover SANB11 da carteira e incluir novamente BBDC4, mesmo com recomendação neutra para o papel.

Nas exportadoras, apesar da acentuada queda dos papéis da Vale, apostamos na recuperação de parte destas perdas nas próximas semanas com o arrefecimento das medidas de segurança na China, o qual pode por fim aos lockdowns que perduram já um mês. Nesta mesma linha, optamos por substituir GGBR4 por CSNA3, considerando, inclusive, os efeitos das reduções de IPI para vergalhões, produto importante no portfólio da Gerdau.

Relembramos que os desafios seguem em pauta e que visão de longo prazo, bem como diversificação, seguem como melhores ferramentas para uma boa estratégia voltada a proventos.

Boa leitura e bons negócios!

Fonte: Bloomberg e Inter Research. *Em 13/05/2022

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