Julho segue sob temor elevado diante de incertezas e desaceleração global
Incertezas mantidas
Vimos ao longo das últimas semanas, uma deterioração ainda maior do cenário externo, em meio às incertezas quanto ao rumo da economia norte-americana com o ciclo de aperto monetário do FED e as dificuldades da China em retomar o ritmo de crescimento após os lockdowns observados ao longo do 2T22.
Com isso, o cenário de desaceleração global foi ganhando força e também nas últimas semanas observamos forte correção nos preços das commodities em geral, principalmente as agrícolas e as energéticas, com o petróleo chegando a ser negociado abaixo de US$ 100/brent.
Contudo, no cenário doméstico, os índices de atividades seguem mostrando recuperação, com dados de mercado de trabalho em ascensão e PIB acumulado anual em expansão, apesar da retração em maio.
Cautela também
Assim, dado o movimento de correção das commodities, temos visto internamente rotatividade entre setores e maior busca por ativos subprecificadospor conta das pressões negativas de ciclo de alta de juros e inflação, como Varejo e Consumo e Construção. Desde o início de julho, o Ibovespa recua quase 2% e, na contramão do que temos visto ao longo do ano, o ICON (Consumo) e o IMOB (Imobiliário) sobem cerca de 5%. Na ponta negativa e seguindo o movimento de correção das commodities, o IMAT (Materiais Básicos) tem forte queda na primeira quinzena do mês, de mais de 7%.
Isto posto, ressaltamos a necessidade de manter a cautela antes de grandes movimentos, em virtude das incertezas ainda em curso. No mais, seguimos prezando pela diversificação, melhor hedge em momentos como este.
Commodities impactam fortemente, enquanto demais setores seguram o portfólio
Tivemos um desempenho de 0,77 p.p. abaixo do IDIV, benchmark da carteira, influenciado principalmente pelas ações de commodities metálicas, como CSNA3 e VALE3, que recuaram, respectivamente, 26% e 17% no período. O forte recuo dos preços das commodities nos mercados internacionais, bem como cenário mais incerto quanto à situação econômica na China foram os principais colaboradores para esta correção.
No destaque positivo, tivemos BBSE3 brilhando mais uma vez, refletindo sua trajetória ascendente de recuperação de resultados. Contribuíram positivamente também para a carteira ODPV3, em virtude do bom momento de recuperação do mercado de trabalho, e ENBR3 e TRPL4, com setor de elétricas ainda fazendo seu papel defensivo.
Carteira Dividendos – Jul.22: Alteração estratégica, visando a temporada de resultados
O cenário segue desafiador para os ativos de renda variável e a aversão ao risco continua elevada. Com a temporada de resultados do 2T22 que se aproxima, fizemos um pequeno ajuste nas representantes do setor de commodities. Apesar dos desafios na mineração, manteremos VALE3 na carteira, pois ainda vemos boas perspectivas de retorno de proventos para o ano, mesmo com a pressão negativa sobre o preço de tela. Contudo, por questão de melhores expectativas para o 2T22, retiramos CSNA3 e voltamos com GGBR4 para a carteira.
Seguimos expostos ao setor de Utilities, representando 40% da alocação do portfólio, com CSMG3, ENBR3, TAEE11 e TRPL4.
No segmento financeiro, mantemos BBAS3, BBSE3 e BBDC4. Consideramos estas como empresas sólidas em seus setores, resilientes e com possibilidade de bons proventos, bem como espaço para upside.
Seguimos também com ODPV3, representando o setor de Saúde.
Reiteramos a cautela nas decisões de investimentos, uma vez que os desafios seguem em pauta. Lembramos que visão de longo prazo, bem como diversificação, seguem como melhores ferramentas para uma boa estratégia voltada a proventos.