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Carteira Recomendada | BDRs | Setembro

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Gabriela Joubert

Publicado 01/set5 min de leitura

/ Conforme o observado no fim de julho, agosto manteve o tom mais negativo nos mercados externos, motivados pelas incertezas nos Estados Unidos quanto aos próximos passos do FED no aumento de juros, especialmente após a ata do FOMC ter trazido mais dúvidas que esclarecimentos aos agentes econômicos. No fim do mês, fala de Powell em Jackson Hole findou as especulações de um FED mais dovish, com o presidente da instituição afirmando o compromisso de conter o avanço da inflação, mesmo que isso signifique impactos mais nocivos à economia. Assim, a aversão ao risco tomou conta e setembro inicia sob cautela, digerindo dados abaixo das expectativas de PMI nas principais economias desenvolvidas e enquanto aguarda decisões dos Bancos Centrais norte-americano e europeu.

/ Falando em Europa, passado o frisson da temporada de balanços, esgotaram-se os motivos para comemoração. O velho continente segue lidando com problemas na cadeia de suprimentos por conta da guerra na Ucrânia que agora agrava ainda mais o cenário de fornecimento de energia na região, sob escrutínio de suspensão de oferta por parte da Rússia. A produção industrial também contraiu, enquanto a inflação bateu recorde. Mercados agora precificam possível aumento de 75 bps na próxima reunião do Bacen, enquanto lidam com expectativas ainda negativas para o segundo semestre do ano.

/ Na Ásia, a China segue em situação delicada com crise no setor imobiliário e indicadores que custam a mostrar recuperação. Além disso, os recentes estímulos anunciados pelo governo parecem não surtir efeito e, como se não bastasse, um onda de calor no país forçou o governo a anunciar racionamento de energia, favorecendo o setor agrícola para garantir produção de alimentos. Com isso, espera-se que setores como industrial sejam afetados negativamente.

Cenário externo ainda desafiador

/ No início do mês, em nossa edição semanal do Global Markets (leia aqui) falamos da insistência do mercado em apostar contra o FED, precificando uma política monetária mais amenizada, após sinais de inflação já desacelerando, o que levou a um longo e forte rally em julho. A ata do FOMC e seu tom dúbio contribuiu para uma leitura mais favorável ao risco, mantendo o otimismo por um tempo. Contudo, as falas dos dirigentes do FED sinalizando um movimento mais expressivo da instituição, firmada na última sexta por Powell, fizeram reaver o sentimento bearish nos mercados, que adentraram novo momento de correção.

/ Diante de uma Europa em recessão e China em forte desaceleração as atuais incertezas que prevalecem ficam por conta da economia norte- americana e se um cenário de recessão, além da recessão técnica observada no 1S22, ainda é provável.

/ Este mês, as expectativas são de nova rodada de aumentos dos juros pelos Bancos Centrais norte- americano e europeu, com 75 bps precificados. No entanto, dados de atividade deverão ser acompanhados com cautela, em busca de sinais para a longevidade da política contracionista imposta pelas autoridades monetárias.

/ Como falado no mês passado, estamos lidando com um cenário marcado por desaceleração econômica, ciclo monetário contracionista, guerra na Europa e preços das commodities que, apesar de em queda, ainda pressionam custos na cadeia. Neste sentido, cautela e diversificação seguem sendo as principais recomendações neste momento.

Diversificação ajuda em mês complicado

/ Com os mercados externo em queda, e o desempenho dos ativos seguindo o sentimento de maior aversão ao risco, o BDR recuou 3,05% no mês, enquanto a carteira recomendada retraiu 1,20%, ficando 1,85 p.p. acima do benchmark.

/ As principais contribuições positivas do portfólio vieram de GMCO34, que subiu 6,8%, beneficiada pelos dados de vendas acima das expectativas de carros elétricos, além da amenização da crise de semicondutores que vinha impactando a capacidade produtiva do setor automotivo. A CVSH34 também teve importante avanço no mês, subindo 3,2%, impulsionada pelo melhor momento do consumo não-cíclico. Por mim, também em campo positivo, tivemos o MSBR34, que valorizou 2,5%, após resultados referentes ao 2T22.

/ Na ponta negativa, o destaque vai para JNJB34, que caiu 6,9%, seguindo movimento corretivo em bloco das farmacêuticas. O setor de tecnologia também teve forte queda no mês e a MSFT34 recuou 6,7%.

Aversão ao risco se eleva, após forte rally

/ Com a elevação ao risco voltando aos mercados e diante das incertezas que ainda pairam sobre os rumos da economia global, em especial nos Estados Unidos, manteremos novamente a diversificação nos setores, com leve inclinação aos segmentos de consumo não-cíclico, enquanto mantemos no portfólio papéis de companhias mais aderentes ao índice.

/ Neste sentido, mantemos AALL34 representando as aéreas em virtude da retomada das viagens a lazer e trabalho nos Estados Unidos, mas também como um hedge contra possível queda do petróleo. Nesse sentido, retornamos com OXYP34 ao portfólio, retomando a exposição às commodities com a favorita atualmente do setor de Óleo&Gás.

/ No setor financeiro, mantivemos GSGI34 e MSBR34, com exposição inalterada.

/ Já para Varejo e Consumo, continuamos com PGCO34, além de COWC34 apostando na capacidade resiliente destes segmentos em momentos mais adversos.

/ Representando as companhias de tecnologia, seguimos com MSFT34 e CMCS34, em entretenimento, em razão de suas aderências e representatividade no índice.

Nas farmacêuticas, sai JNJB34, mas fica CVHS34. Por fim, na indústria ficamos com GMCO34, pensando na recuperação do setor automotivo e ascensão dos veículos elétricos.


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