Após as expressivas quedas dos índices globais em junho, julho manteve o tom negativo, ainda refletindo a maior aversão ao risco diante do temor de um FED mais agressivo em seu movimento de aperto monetário, e com isso levar o país a uma recessão, o que foi potencializado após a divulgação do PIB norte-americano, que recuou 0,4% no 2T22, recuando 0,9% no anualizado, indicando recessão técnica. No entanto, após o FED subir os juros em 75 bps, corroborando as expectativas do mercado, e sinalizar que o ritmo do aperto poderia ser minimizado em virtude de uma possível desaceleração já em curso, os mercados reanimaram e caminharam para fechar o mês em forte alta. Exceto pelas bolsas asiáticas, todos os índices subiram na comparação mensal.
Na Ásia, os temores de novas ondas de covid abriram espaço para receios de uma desaceleração mais forte que o esperado no PIB chinês. Além disso, ameaças de boicotes a hipotecas contribuíram para aumentar ainda mais o caos que se instaurou no mercado imobiliário chinês, mesmo com tentativas, ainda sem efeito, de amenizar a situação por parte do governo chinês.
Já na Europa, ajudados por balanços corporativos melhores que o esperado e com o arrefecimento das incertezas quanto ao abastecimento energético no país, os índices também subiram, e as bolsas tiveram maior alta desde novembro de 2020.
Sinais de desaceleração já aparecem e Estados Unidos entram em recessão técnica
O posicionamento do FED em sua última reunião contribuiu para acalmar o estresse que havia tomado conta dos mercados ao trazer um tom mais dovish, em reflexo aos sinais de que a economia norte-americana já começa a desacelerar, não sendo necessário, portanto, movimentos bruscos como os observados nas duas últimas reuniões e que culminou com a instituição elevando a taxa básica de juros para 2,5%.
Os últimos dados divulgados mostram, realmente, uma economia perdendo a tração que tanto preocupava diante de um cenário inflacionário persistente. O sentimento do consumidor trouxe queda, enquanto dados de mercado imobiliário refletem desaceleração. O PIB dos Estados Unidos mostrou que o país já está em recessão técnica.
Agora, mercado atenta para os números de mercado de trabalho que apesar de terem desacelerado, ainda seguem forte. Entretanto, com base no que foi falado ao longo dos calls de resultados das empresas, já se espera um mercado de trabalho também perdendo força no segundo semestre, uma vez que as companhias tendem a diminuir o ritmo de contratações em virtude de uma demanda mais amena.
Em agosto, o cenário ainda preocupa, mas o humor melhora com menos incertezas quando comparado ao que observávamos em junho. Mesmo assim, estamos ainda falando de um pano de fundo marcado por desaceleração econômica, ciclo monetário contracionista, guerra na Europa e preços das commodities que, apesar de em queda, ainda pressionam custos na cadeia.
Desempenho – Julho/22
Com a retomada dos índices nos mercados internacionais, o BDRxfechou em alta de 7,65% em julho, enquanto a carteira avançou 5,31%. As principais contribuições positivas do portfólio vieram de COCW34, CATP34 E OXYP34, que subiram, respectivamente, 11,8%, 10,5% e 10,9%. COCW34 foi beneficiada pelo movimento do varejo não-cíclico e da busca pelo atacado, com maior pressão da inflação no bolso do consumidor. Já a CATP34 foi impulsionada pelo avanço da indústria, após um FED mais dovishno fim do mês. Já OXYP34, retomou o movimento de ascensão observado nos últimos meses, com a alta dos preços do petróleo.
Na contramão, CMCS34, PGCO34 e JNJB34 tiveram um mês de correção, caindo 5,2%, 3,7% e 2,6%, respectivamente, após os resultados do 2T22 terem decepcionado um pouco, no caso de PGCO34 com receita acima e lucro abaixo, apesar da expectativa de estabilidade até o fim do ano. Já para CMCS34, o resultado apesar de ter vindo forte no operacional, mostrou estabilidade em novos clientes.
Carteira BDRs – Ago/22
O cenário segue desafiador para os ativos globais, uma vez que as incertezas diante dos próximos passos do FED continuam, apesar da sinalização de um posicionamento mais dovish. Este mês, mercado atentará para dados de payrollna maior economia do mundo, em busca de sinais de que a política contracionista da instituição já começa a surtir efeito. Além disso, a temporada de resultados segue com as companhias trazendo números acima das expectativas, ajustando uma revisão prévia bastante pessimista. Com isto em mente, ponderamos os riscos e optamos por diminuir nossa exposição às commodities, em especial o setor de Óleo&Gás, e fizemos este mês uma aposta no setor de aéreas, com a entrada de American Airlines e a retomada da demanda neste setor e possível menor impacto de custos com a correção dos combustíveis.
Assim, AALL34 entra no lugar de OXYP34. No setor de indústrias, realizamos nosso lucro com CATP34 e a substituímos por GMCO34, com a retomada do setor automotivo, e o arrefecimento da crise de semicondutores. Mantemos a posição mais defensiva, com a diversificação entre setores, e empresas com comportamento mais aderente ao índice. Desta maneira, seguimos com MSFT34 representando o setor de Tecnologia, mantemos CMCS34 para Entretenimento, e continuamos com CVSH34, JNJB34, COCW34 e PGCO34 nos setores Farmacêuticos, Varejo alimentar e Varejo não-cíclico.
Já para o setor financeiro, removemos BERK34, para a entrada de GSGI34 e mantivemos MSBR34.