Grandes incertezas rondaram o cenário internacional em março, desde a continuidade dos conflitos na Ucrânia e, consequentemente, os desdobramentos traduzidos em sanções contra a Rússia, até a tão esperada decisão do FED em iniciar o ciclo de aperto monetário via aumento das taxas de juros.
Assim, a volatilidade imperou, traduzida no comportamento dos ativos, em especial das commodities, com o petróleo sendo maior exemplo, tendo os preços do Brent chegado a US$ 140/barril no mês e voltando, mas mantendo-se acima dos US$ 100.
Contudo, como se fala por aí, em momentos difíceis, ausência de más notícias já é boa notícia e é assim que abril inicia. As conversas entre Rússia e Ucrânia aparentam evoluir, o que traz leve alívio ao cenário estressado, contribuindo para preços mais controlados de matérias-primas. No campo de políticas contracionistas, mesmo o discurso mais hawkish do FED quanto a uma possível aceleração no ritmo do aumento dos juros norte-americanos não parece assustar tanto e os mercados seguem em compasso de espera, já tentando antecipar os resultados da temporada de resultados do 1T22 que se inicia este mês.
Real se valoriza, inflação assusta, commodities também, mas mercado parece não se importar
O Ibovespa teve forte valorização em março, com alta de 6,1%, motivado por robusto fluxo de capital estrangeiro, movimento provavelmente explicado pela busca por empresas de commodities, além dos atuais níveis de juros no mercado local, bem como ativos ainda subprecificados. Lá fora, o SP500 teve avanço de 3,6%, enquanto o Dow subiu 2,3%, mesmo com os desafios de cenário de elevação de juros e maiores taxas de inflação.
Seguindo movimento do mês anterior, o dólar manteve a tendência de queda, acumulando desvalorização de 8% e no ano a contração já é de 15%, cotado abaixo de R$ 4,80.
Se a alta do petróleo e seus impactos na inflação foram o ápice das preocupações aqui e lá fora, a possibilidade da OPEP+ em expandir, mesmo que timidamente, sua produção, juntamente com a decisão do governo norte-americano de utilizar parte de suas reservas estratégicas nos próximos meses devem colocar pressões contrárias nos preços.
Aliás, podemos estar caminhando para um cenário de topo de preços das commodities, o que poderia trazer um pouco de alívio na cadeia produtiva global.
Desempenho da carteira
Mesmo com câmbio em queda, carteira sobe com setor de Óleo&Gás
Apesar da pressão negativa do câmbio que fez o BDRX cair cerca de 4% no mês, a carteira conseguiu trazer um bom desempenho e subiu 3%, ancorada, de fato, nos papéis de commodities (em especial das companhias de Óleo&Gás), mas também por alguns outros setores, como farmacêuticas, ainda beneficiadas pela demanda por vacinas e volta da mobilidade.
Na ponta positiva, tivemos OXYP34 avançando 38% no mês, seguida por USSX34, que subiu cerca de 32%, ambas beneficiadas pela forte alta do petróleo no período. Como dito, as farmacêuticas, A1ZN34 e JNJB34, também contribuíram para segurar o índice. Apesar das pressões inflacionárias que afetam diretamente o poder de compra do consumidor, refletindo no desempenho das empresas de varejo, WALM34 manteve-se em campo positivo e fechou o mês com rentabilidade de +0,8%.
Por outro lado, a novata HOND34 teve o pior desempenho da carteira, caindo mais de 15%, reflexo do cenário desafiador de câmbio, juros e bonds japoneses que ganhou força no fim do mês. O BOAC34 também recuou, realizando parte das fortes altas observadas desde o início do ano. Mesmo comportamento foi observado para HOME34.
Carteira BDRs – Abril
Com cenário de juros e possível arrefecimento dos preços do petróleo, ajustamos a carteira
Considerando o cenário que traçamos de elevação de juros norte- americanos, inflação ainda corrente, mas pressão menor de algumas commodities e que podem ser ainda intensificadas por um eventual cessar-fogo na região do leste europeu, ajustamos nossa carteira, reduzindo exposição às petroleiras e aumentando a diversificação da carteira.
Neste sentido, removemos DV1N34 do portfólio, mas mantivemos OXYP34 e USSX34. No varejo, após meses de boa performance, nossa parceria com HOME34 chega ao fim para a entrada de AMZO34, junto com WALM34. MSFT34 segue firme e forte representando as companhias de tecnologia, assim como JNJB34 e A1ZN34 são mantidas como representantes das farmacêuticas. No setor financeiro, seguimos com BOAC34, e adicionamos BERK34.