Revertendo o observado no final do ano de 2022, mercados iniciaram este ano eufóricos, motivados, por um lado, pelo processo de reabertura na China e seus impactos tanto na demanda quanto na suavização da cadeia de suprimentos global, e por outro por dados mais contundentes de que as políticas monetárias mais restritivas adotadas pelos Bancos Centrais das principais economias globais vêm surtindo efeito e a inflação passa a desacelerar.
Nos Estados Unidos, dados de atividade mostram desaceleração, juntamente com as pressões inflacionárias, mas o mercado de trabalho ainda aquecido coloca dúvidas quanto aos próximos movimentos do FED. Nesta quarta, a instituição diminuiu o ritmo e anunciou aumento nos juros de 0,25 p.p., mas indicou que novos aumentos ainda devem acontecer. Mesmo assim, o que vimos foi um cenário precificado em possível corte nos juros já este ano, o que pode ser refletido na alta dos papéis de growth, como as ações de tecnologia, com o Nasdaq avançando mais de 10% no mês.
Contudo, janeiro e fevereiro trazem consigo os números da temporada de balanços do 4T e de acordo com levantamento da Refintiv, cerca de 69% das quase 200 empresas que reportaram até o momento bateram as expectativas do mercado, nível menor que a média histórica. Os resultados têm apresentado comportamentos mistos, com empresas no mesmo setor divulgando desempenhos diferentes, seja no top ou no bottom line. Uma onda de demissões tomou conta do primeiro mes do ano, com as empresas ajustando seus balanços ao cenário de desaceleração à frente. Com as expectativas alinhadas aos balanços mais fracos divulgados, poderemos ver nova rodada de cortes de preços-alvos, o que poderia pressionar os preços de tela das ações.
Ano inicia em euforia, mas prudência é necessária em cenário ainda incerto
O S&P 500 iniciou o ano com forte alta, embalado pela perspectiva de juros menores já em 2023. Apesar dos sinais de desaceleração da atividade, o cenário de recessão também foi colocado de lado e o mercado voltou a apostar forte no softlanding da economia americana. Em janeiro, os juros de 10 anos tiveram queda de 3,9% para 3,5% e a bolsa subiu 6,1% no mês. Em relação à mínima de outubro, a bolsa americana acumula alta de 14%. Com o cenário mais otimista bem precificado pelos mercados, seguimos com cautela considerando os riscos que podem voltar a sobrepor, principalmente por uma eventual inflação de serviços mais persistente.
Começamos fevereiro com mais uma elevação dos juros pelo Fed, mas em um ritmo menor, 25 bps, para 4,75%. A inflação americana continua em queda e fechou dezembro em 6,5% com núcleo em 5,7%. O Fed deve subir os juros mais uma ou duas vezes nesse começo de ano e parar, mantendo a taxa básica próxima de 5% até que a convergência da inflação para a meta esteja mais clara. O mercado de trabalho segue aquecido, com desemprego próximo nas mínimas e altas de salários no patamar de 4,5% a.a., o que pode ser empecilho para o afrouxamento monetário mais cedo, como esperado pelo mercado.
Ajustes pontuais
Com base nos últimos dados econômicos divulgados nos Estados Unidos e levando em conta a mensagem passada pelo FED em sua última reunião, fizemos alguns ajustes pontuais no portfólio, a fim de otimizar o desempenho e recuperar as perdas de janeiro.
Assim, no setor de Óleo&Gás não tivemos alterações. Mantemos COPH34 representando as companhias de commodities, enquanto ponderamos com FSLR34, apostando também na ascensão das empresas de energia alternativa, como a solar, por exemplo.
No segmento financeiro, apesar dos resultados mistos na temporada e da antecipação de um ano mais desafiador, mantemos JPMC34 e GSGI34, pois vemos perspectivas menos piores para ambos os bancos quando comparado aos pares.
Representando as companhias de tecnologia, seguimos com MSFT34, mesmo após a companhia avisar sobre as dificuldades esperada para o ano em seu negócio de Cloud, mas entendemos a importância da empresa para um portfólio ainda defensivo. Enquanto que para Varejo, seguimos com COCA34, PGCO34, mas retiramos WALM34.
As novidades são a entrada de DISB34, apostando em uma companhia mais resiliente e bem consolidada em sua indústria, e GMCO34, pensando em seu papel na mudança da indústria automobilística de veículos elétricos.
Por fim, em Saúde, excluímos JNJB34, enquanto mantivemos MRCK34.