Gregas: Métrica para Análise de Opções
Você já deve ter ouvido falar de opções, e como elas podem ser ferramentas de estratégias de gestão de portfólio, como hedge e alavancagem, por exemplo. (Inclusive, caso ainda não tenha, pode conferir aqui o nosso Inter Dica de introdução ao assunto!) Este relatório, irá apresentar alguns instrumentos de análise das opções e as suas devidas funcionalidades.
O que são as gregas?
Então, assim como os ativos aos quais elas se baseiam, as opções também apresentam indicadores que servem como instrumentos de análise para avaliar a suas características, bem como a sua performance e variação de preços. Estes indicadores são conhecidos como gregas, derivados de relações que compõem o modelo de precificação de opções, conhecido como Black-Scholes.
As gregas são conhecidas desta forma por serem representadas por letras do alfabeto grego: Delta, Gama, Theta, Vega e Rô, com exceção do Vega, que apesar de ser considerado uma grega, tecnicamente não pertence de fato ao alfabeto grego.
As gregas são:
Delta (δ)
A primeira grega a ser analisada, o Delta, é uma taxa de variação do preço da opção, quando há uma variação nominal no preço do ativo-objeto no qual a opção se refere. No caso de uma opção de compra (call) que apresente um delta muito alto, por exemplo, se o preço do papel subir, o preço da opção também sofrerá uma elevação. Por outro lado, uma put, que é uma opção de venda, apresenta delta negativo, pois se o preço do seu papel subir, o preço da opção irá diminuir, tendo em vista que o seu exercício se tornou mais inviável. Através do Delta então, podemos calcular o quanto uma ação precisará subir para atingir alvo predeterminado na opção. Sendo assim, em uma metáfora física, se a opção fosse um carro em movimento, o delta seria o velocímetro, o indicador instantâneo de velocidade da variação de deslocamento (preço) do veículo (opção).
Exemplo: se uma ação fictícia XPTU3, sobe R$ 1,00, e possui uma opção de compra com um Delta de 50%, esta opção irá sofrer um acréscimo de 0,50 centavos, caso as outras variáveis se mantenham constantes. Uma variação como essa pode acabar representando um aumento significativo no preço da opção.
Gama (γ)
Já o Gama representa a taxa de variação do Delta, em relação à mudanças nominais (uma unidade financeira) no preço do ativo-objeto. Ou seja, ele representa a curvatura do Delta, a velocidade em que ele se alterará de acordo com o deslocamento do papel em questão. Dando continuidade à metáfora do carro então, se o gama representa a taxa de variação da velocidade (preço) do veículo (opção), ele seria a aceleração deste veículo.
Exemplo: com uma opção que apresente Gama de 10%, quando o ativo-objeto sobe (cai) em 1%, o seu Delta irá sofrer uma variação positiva (negativa) em 10%.
Theta (θ)
O Theta é responsável por medir o tempo de vida da opção, ou seja, é a taxa em que o prêmio da opção varia em relação a aproximação da data de exercício da opção. Em opções de compra, geralmente se lida com Theta negativo, tendo em vista que se é esperada uma elevação no preço do ativo- objeto, fenômeno que possui menos chance de acontecer conforme se aproxima o dia de exercício da opção. Desta forma então, pode-se dizer que o investidor estará comprado em valor extrínseco.
O Theta então pode ser expresso em porcentagem, ou até mesmo em centavos negativos, tendo um efeito maior sobre opções que possuem um maior valor extrínseco (VE), que são aquelas mais próximas do preço da ação, ou seja, que se encontram mais posicionadas “no dinheiro” (At the money - ATM).
Valor extrínseco: Parcela do prêmio da opção atribuída a riscos de mercado e prazo do investimento, até o fim de seu exercício.
- VE = Prêmio atual da opção - Valor Intrínseco (Call*), ou
- VE = Taxa de juros + prêmio de risco*No caso de put, é o inverso.Valor intrínseco: Parcela do prêmio imediato da opção, ou seja, a diferença do preço do seu ativo para o seu preço de exercício.
- VI = Preço atual da ação - Strike (Call)
Exemplo: se uma opção “X” apresenta um Theta de -0,05 expresso em centavos, significa que ela perderá aproximadamente 5 centavos entre hoje e amanhã, tudo mais constante. Caso fosse expresso em percentual, significaria que a opção perderia 0,05% de seu valor em um dia.
Vega (ν)
O Vega é a grega que mede a sensibilidade do prêmio da opção em relação a variação da volatilidade implícita. Ou seja, mede o quanto uma variação de um p.p. na volatilidade implícita da opção modificaria o valor de seu prêmio. Uma queda na volatilidade implícita causa uma queda no preço de uma opção comprada a seco, pois representa um risco menor no investimento. Opções que apresentam maior duração, ou apresentam o preço de seu ativo mais próximo do seu preço de exercício, acabam se tornando mais expostas à volatilidade, apresentando maior Vega, maior risco, e consequentemente maior prêmio.
Exemplo: se uma opção apresenta um Vega de R$ 0,10 centavos, um aumento de 1% na volatilidade implícita elevaria o preço da opção em R$ 0,10, tudo mais constante.
Rô (ρ)
O Rho, ou Rô representa impactos de mudanças na taxa de juros sobre o valor do prêmio de uma opção, expresso em unidades monetárias. A taxa de juros de uma economia é um fator relevante sobre o preço de uma opção, pois está diretamente inserido na fórmula de valor extrínseco da opção, como custo de oportunidade, caso o investidor optasse por retorno através de um ativo livre de risco, na Renda Fixa por exemplo, indexado à curva de juros, ao invés da opção. O Rô acaba se tornando a variável grega de menor impacto na análise de opções, devido à curta vida útil das opções no mercado brasileiro, de em média dois meses de duração, em contraste com as reuniões do Copom, que acontecem a cada 45 dias, decidindo as alterações na taxa de juros, fazendo com que não exista muito espaço para que ocorram variações significativas no Rô.
Riscos e próximos passos
Gostou? Nós também! As gregas são excelentes ferramentas na hora de analisar as diferentes alternativas no mercado de opções. Contudo, a compra e venda de calls e puts somente é recomendada para investidores com perfil de risco arrojado e, mesmo assim, em percentual pequeno da carteira, de forma a dar aquela apimentada nos retornos! Ressaltamos mais uma vez que o mercado de opções apresenta diversos riscos não presentes em outros investimentos e conhecimento para operar nele é essencial. Por isso, aguarde nosso próximo Inter Dica sobre opções.
Gostou? Fique ligado para mais dicas!