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Inter Dica | Bitcoin e Criptoativos

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Matheus Amaral

Publicado 17/fev10 min de leitura

Resumo

No Inter Dica desta semana, vamos abordar brevemente sobre o que é o Bitcoin e os criptoativos de modo geral, além do potencial das moedas digitais na economia global.

Senta que lá vem história

O Bitcoin ganhou destaque após a crise de 2008, quando o mercado financeiro no mundo passava por severas mudanças e questionamentos acerca dos seus controles de riscos e do papel dos bancos centrais para proteger o sistema fiananceiro aliado aos interesses comuns da sociedade. Em 31 de outubro de 2008, um white paper foi publicado na internet por um autor desconhecido, sob o pseudônimo “Satoshi Nakamoto” entitulado “Bitcoin: A Peer-to-Peer Eletronic Cash System”. A ideia central de Nakamoto foi criar uma moeda digital com a qual as pessoas pudessem enviar ou receber recursos sem nenhum intermediário financeiro. Isso, em um ambiente digital descentralizado, seguro e auditável. 

Como sabemos, para validar transações entre indivíduos ou empresas de banco para banco no tradicional sistema financeiro, esta troca precisa passar por um banco de dados pertencentes a sistemas de pagamentos interligados e controlados pelos intermediários financeiros subordinados aos bancos centrais de cada país. O próprio papel moeda que circula de mão em mão tem o seu devido controle de emissões.

A revolução do Blockchain

Como você pode imaginar, ter um dinheiro digital guardado em seu computador ou celular sem que haja um sistema seguro, como os dos bancos digitais por exemplo, pode ser perigoso. Qualquer arquivo digital é passível de cópia ou fraudes. Pensando num mundo onde as pessoas utilizassem apenas as criptomoedas, qual seria a segurança deste ambiente e do seu dinheiro virtual? Para resolver esse problema, o sistema de criptografia de dados criado por Nakamoto e denominado de Blockchain foi o principal destaque para dar credibilidade à criptomoeda e ao ambiente financeiro proposto. O sistema consiste numa rede aberta de dados, onde qualquer indivíduo vê seu próprio saldo e envia suas transações para quem quiser a qualquer momento e o registro dessas informações não é controlado por qualquer entidade, pessoa, empresa ou governo. O registro, ou o razão das operações passa a ser validado por “Mineradores” de Bitcoin, que são parte fundamental para o funcionamento da criptomoeda.

Um novo tipo de mineração

Para que uma transação com Bitcoin aconteça, assim como num sistema de pagamentos tradicional, ela precisa ser validada. O Blockchain depende de vários mineradores, que são computadores espalhados pelo mundo todo que realizam cálculos matemáticos e resolvem o quebra-cabeça das transações que ocorrem a cada instante no sistema. Contudo, essas transações são reunidas em blocos (daí o nome blockchain) a cada 10 minutos e desta forma os mineradores vão liquidando e validando as operações no sistema, além de passar por um consenso de vários outros mineradores. Dada a importância do processo de mineração, cada bloco minerado e validado emite uma quantidade de Bitcoins como incentivo e distribui para os mineradores que resolveram o código. Hoje, cada bloco validado gera 6,2 Bitcoins e a cada 4 anos, num evento chamado Halving, é reduzida pela metade a quantidade de Bitcoins distribuídos entre os mineradores. Em 2009, esse valor foi de 50 Bitcoins. Esse evento de certa forma acaba influenciando o preço do Bitcoin no mercado, já que a expectativa dos mineradores a cada queda na remuneração é de que os preços subam para compensar a menor atividade.

A medida que novos blocos vão sendo solucionados e validados, ter a informação divulgada do último bloco para os mineradores é super importante para a resolução dos próximos e por isso, o encadeamento de blocos (Blockchain) é um sistema de extrema dificuldade para adulteração e fraudes. Prova disso é que em mais de uma década da criação, o sistema nunca foi hackeado e as transações ocorrem tempestivamente, sem nenhum problema e de maneira descentralizada.

O futuro do Bitcoin

Quem poderia imaginar nos anos 90 quais seriam os impactos que a internet traria ao mundo? A mesma dificuldade também se aplica ao Bitcoin e sinto dizer, mas ninguém sabe exatamente o que o futuro reserva às criptomoedas. 

O momento atual dos criptoativos é de alta especulação e com isso, como as incertezas acerca são muito maiores do que a capacidade do mercado em quantificar e mensurar o valor de uma criptomoeda, qualquer exercício acerca dos impactos e direcionamentos dos criptoativos ainda possui alto grau especulativo e o ambiente ainda é de alto risco. 

O Bitcoin, assim como os Altcoins (demais criptomoedas) enfrentaram no mercado as mesmas características de papéis de empresas que disruptaram seus mercados de atuação com alguma tecnologia inovadora. Vimos num curto espaço de tempo um mercado altista com as criptomoedas, fortes retrações e recuperação, momentos de euforia e FOMO (fear of missing out - medo de ficar de fora). 

Junto ao movimento de valorização e se aproveitando do mercado informal das criptomoedas, muitas pirâmides financeiras foram feitas e até hoje são difundidas tentando atrair investidores gananciosos e desavisados num ambiente onde a informação ainda é de difícil disseminação e compreensão. 

Movimentos especulativos à parte, o Bitcoin já ultrapassou a cotação dos US$50.000 e um valor de mercado de cerca de US$950 bilhões. Isso após a Tesla, empresa de Elon Musk (bilionário entusiasta das criptomoedas) ter anunciado que comprou US$1,5 bilhão em bitcoins e que aceitaria a moeda digital como forma de pagamento pelos seus produtos. Instituições financeiras como a BNY Mellon e Mastercard também começaram a dar seus passos iniciais com o Bitcoin. 

Apesar disso, os Bancos Centrais ainda mantém restrições ao uso dos criptoativos e os mesmos vêm desenvolvendo suas próprias criptomoedas, as chamadas (CBCCs - Central Bank Cryptocurrencies). O Banco Central Europeu, por exemplo, não espera ter reservas em Bitcoin tão cedo, segundo Christine Lagarde, presidente da autarquia. O Fundo Monetário Internacional, ainda não considera as criptomoedas como meio de troca, já que ainda não há uma ampla aceitação por agentes econômicos e ampla precificação de produtos em criptomoedas. No Brasil, o Banco Central possui forte agenda para criar sua própria moeda digital até 2022, movimentos como o PIX e Open Banking vão abrindo caminho para a digitalização do Real no futuro. 

Ressaltamos que a CVM não considera as criptomoedas valores mobiliários e não existe hoje corretoras autorizadas pelo Sistema Financeiro no Brasil a transacioná-las de maneira segura. Contudo, a autarquia permite, segundo ofício 11/2018, o investimento indireto através de Fundos de Investimento com estratégias de investimento no exterior

Ter ou não ter?

O BTC continua mantendo sua relevância no mercado de criptomoedas com um valor de mercado de US$950 bilhões, deixando o segundo lugar com o Ethereum com US$208 bilhões e o terceiro com o Tether, registrando US$32 bilhões. Só o Bitcoin passou por uma valorização de mais de 400% em 2020, sendo o melhor investimento do ano.

Existe ainda sua comparabilidade com o ouro. Vide sua finitude e espera-se que até 2140 acabem as novas emissões de Bitcoin e totalize 21 milhões de moedas pelo mundo. Hoje o saldo é de cerca de 18 milhões. Considerando o preço do ouro, uma onça hoje equivale a US$1.700, com um valor de mercado considerando as reservas de ouro no mundo, que deve chegar a US$11 trilhões. Se considerarmos os valores cheios para a comparabilidade, o potencial seria de um valor unitário do Bitcoin de US$542 mil, mas utilizando do velho conservadorismo e considerando que o Bitcoin capture apenas 10% do valor do ouro, seu valor unitário intrínseco seria de US$54,2 mil por Bitcoin. Pela linha da comparabilidade ao ouro o Bitcoin ainda possui alto potencial de valorização, sendo que seu valor de mercado hoje representa apenas 9% do valor em reservas do ouro.

A realidade ainda é dura e muitos ainda são céticos quanto ao potencial do Bitcoin. A sua utilidade no varejo ainda é incerta e regulamentações acerca da transacionalidade destas moedas em diversos países ainda não garantem um uso intensivo das criptomoedas nas transações do dia a dia. Mas, a medida que grandes empresas e instituições financeiras já começam a abrir os olhos para o potencial da moeda e começam a adquirir cada vez mais criptomoedas, reservar uma pequena parte do patrimônio em criptoativos poderia não ser má ideia, de acordo com a estratégia pessoal de cada um, claro!

Hoje aqui no Inter, temos uma opção de investimento em criptoativos através do fundo Vitreo Criptomoedas, que possui em sua carteira teórica 73% aplicados em Bitcoins e 27% em outras criptomoedas. Além disso, se quiser se aprofundar no assunto, possuímos relatórios mensais sobre o universo de criptoativos, com o Criptoworld. (Confira aqui nossa última publicação)

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