Você já ouviu falar em Fluxo de Caixa, certo? Projetamos o Fluxo de Caixa de uma companhia no futuro, para então trazê-lo a valor presente, descontado a uma taxa que julgamos adequada à empresa, e determinarmos o seu valor justo. Mas, você sabia que existem dois tipos de fluxos de caixa livre: o fluxo de caixa da firma – podendo ser chamado de fluxo de caixa desalavancado - e do acionista – também conhecido como fluxo de caixa alavancado.
Fluxo de Caixa Livre (FCL)
Antes de entender as diferenças entre o fluxo de caixa da firma e acionista, vale apresentar o conceito do que é o fluxo de caixa livre. Então vamos lá: o fluxo de caixa livre é o fluxo de caixa que a empresa gera depois de considerar mudanças no passivo e ativos operacionais, despesas não monetárias e despesas de capital. Sendo assim, trata-se de uma métrica mais usada e fidedigna que o EBITDA, EBIT ou lucro líquido para mensurar a geração de caixa de uma empresa, pois essas medidas não contabilizam a variação nos passivos e ativos. Além disso, o lucro líquido e EBIT consideram despesas não monetárias (depreciação e amortização) no seu resultado.
As principais diferenças entre o fluxo de caixa do acionista e da firma é que, na ótica da firma, a estrutura de capital é considerada constante e exclui o impacto das despesas financeiras.
Enterprise Value x Equity Value
Antes de entrar na comparação dos múltiplos, é importante entender a diferença entre Enterprise Value e Equity Value. No Enterprise Value, é considerado a capitalização de mercados, a soma de todas as dívidas menos o montante de caixa e equivalentes. Já no Equity Value deve ser considerado apenas o valor da capitalização, ou seja, Equity Value = Enterprise Value – Dívida Líquida.
Análise de Múltiplos
Entrando na análise dos múltiplos, os indicadores Enterprise Value e Equity Value costumam ser amplamente usados como numeradores dos múltiplos com indicadores de fluxo de caixa no denominador. Para saber qual indicador usar no denominador, temos que entender se a métrica escolhida inclui ou não despesas financeiras. Caso inclua, devemos usar Equity Value. Se não, usamos o Enterprise Value. Resumindo, usamos o Equity Value para o FCFE e o Enterprise Value para o FCFF.
Taxa de Desconto
A taxa de desconto utilizada no DCF depende de qual fluxo estamos usando. Se o Fluxo de Caixa da Firma for o escolhido, devemos ter como a taxa de desconto o custo médio ponderado pelo capital (WACC), visto que considera toda da estrutura de capital da empresa.
Quando usar um ou outro?
O FCFF, em comparação ao FCFE, é usado para remover o impacto da estrutura de capital do valor das empresas deixando o fluxo mais comparável com outros pares. Outro ponto importante de destacar é que a estrutura de capital de uma companhia é discricionária, ou seja, é de difícil previsibilidade. Caso a companhia tenha como conduta manter sua estrutura de capital, o FCFE pode se mostrar mais atraente. Além disso, em situações em que a empresa apresente um FCFE negativo, o FCFF entra como opção mais plausível e fácil de trabalhar.
Já o FCFE se torna uma melhor opção quando não sabemos como funciona a distribuição de dividendos ou quando não há proventos distribuídos.
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