Entendendo as SPACs
A sigla SPAC em inglês significa Special Purpose Acquisition Company. Seria uma empresa de propósito específico, listada na bolsa, no caso com o propósito de uma aquisição. Essas empresas são usadas para fazer aquisições de empresas privadas, e por isso alguns chamam as SPACs de “empresa de cheque em branco”, em uma maneira mais rápida de levantar recursos na bolsa comparado com o tradicional IPO.
Quando surgiram?
As SPACs nos EUA existem ha décadas, mas somente em 2020 ficaram populares. Cerca de 248 SPACS foram listadas na bolsa somente no ano passado e levantaram mais de US$82.4 bilhões de dólares. Mas em 2021 o boom continua e já foram U$85 bilhões em novas emissões somente até março.
Como as SPACs funcionam?
Em geral, as empresas são listadas para levantar recursos entre investidores institucionais para eventualmente adquirir uma outra empresa. Quando uma SPAC é listada, ela não tem ativos operacionais, e os recursos levantados ficam em caixa. Os investidores, na sua maioria institucionais, compram a promessa de uma futura aquisição, patrocinada por algum gestor ou empresa. Nesse caso, os investidores de uma SPAC estão comprando a capacidade do gestor em escolher boas empresas e fazer uma boa negociação. Em geral, as SPACs têm um prazo para efetuar a aquisição, que pode ser de ate 2 anos, caso não consiga, ela é liquidada e os recursos voltam para os seus acionistas. No caso de sucesso da aquisição, a SPAC é fundida com a empresa adquirida e o investidor passa a ser acionista da empresa alvo.
Uma famosa operação em 2019 foi a compra da empresa Virgin Galactic, do Grupo Virgin e atuante no inovador setor de voos espaciais, adquirida para SPAC da gestora de venture capital Chamath Palihapitiya.
Porque usar uma SPAC e não um IPO tradicional?
Uma empresa em processo de IPO pode escolher uma SPAC para uma fusão, por exemplo. As principais vantagens são:
- O processo é mais rápido e menos susceptível à volatilidade do mercado ou ao maior escrutínio de investidores na alocação de capital em uma nova empresa, como em um IPO.
- Pode-se evitar os elevados custos do processo tradicional de IPO e também frequentes atrasos.
- A negociação com a SPAC é direta e a definição do valuation fica sendo feito entre as duas partes, podendo ser apresentadas e discutidas projeções, o que não é permitido nos IPOs.
Essa forma de listar a empresa na bolsa no ano passado superou o número de IPOs nos EUA. A pandemia, que resultou em um aumento da liquidez e queda de juros, também vem impulsionando o mercado de capitais, atraindo volumosos recursos de novos investidores em busca de retorno. Já existem SPACs americanas de olho em aquisições no Brasil, o que pode ser um benefício adicional, facilitando a listagem de empresas brasileiras no mercado americano.
O crescimento do mercado de SPACs pode ter benefícios, oferecendo mais oportunidades para um maior número de investidores. Mas por outro lado, é sempre importante, principalmente para o investidor pessoa física, estar atento aos riscos quando decide entrar em investimentos tradicionalmente voltados para o investidor profissional.
Será que em breve vamos ver BDRs de SPACs?
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