BRDs ou investir no exterior?
Quando passamos a acompanhar o mercado de ações global, é natural nos interessarmos por grandes empresas que fazem parte do nosso dia a dia, mas que são listadas nas bolsas lá fora. E, assim, nos deparamos com a seguinte dúvida: “É melhor investir em BDRs ou comprar ações diretamente no exterior?”
O Inter Dica dessa semana vem para comparar estes dois tipos de investimentos, mas uma coisa é certa, é simples e fácil. Está na palma da mão!
Investir no exterior, através das ações (stocks), exige uma conta em corretora listada na bolsa americana. Além disso, é preciso transferir os recursos por remessa à sua correta no exterior. De resto, a operação é a mesma, basta escolher os ativos de interesse e enviar as ordens.
O mercado de ações americano é o maior do mundo com mais de oito mil empresas listadas, tornando-se uma excelente oportunidade para diversificar sua carteira de investimentos e ganhar dividendos em dólar. Ademais, nem todas as empresas possuem recibos no Brasil, portanto o home broker internacional pode ser sua única alternativa para investir em determinadas companhias.
Uma outra grande vantagem de investir diretamente na bolsa americana em relação aos BDRs é a isenção de tributação em operações de venda com lucro menores do que R$ 35 mil por mês. Os BDRs têm tributação em qualquer operação com ganho de capital.
Os ganhos de capital nas operações de venda acima de R$ 35 mil por mês, bem como os dividendos recebidos lá fora, têm tributação. Dividendos provenientes de Stocks, REITs (similar aos FIIs) e ETFs são tributados em 30% na fonte. Já o ganho de capital sem isenção tem alíquota de 15%.
Investir lá fora, assim como aqui, exige declaração no Imposto de Renda, mesmo não passível de tributação. Para grandes fortunas, acima de US$ 1 milhão, também é necessária a apresentação da Declaração Anual de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE) ao Banco Central, bem como declaração no país de origem.
BDRs, Brazilian Depositary Receipts são recibos de ações de empresas listadas fora do país e negociadas na B3. Esse recibos são análogos a valores mobiliários lastreados nas ações das companhias e, por isso, não tornam o investidor um acionista direto da empresa. Isso acontece devido ao emissor do título, que comprou as ações da companhia fora do país, guardou e criou os recibos para serem negociados no Brasil.
Para investir nos recibos basta enviar as ordens de compra na sua corretora brasileira, sinalizando com o código do BDR em questão. A instituição depositária fica no Brasil e irá comprar as ações internacionais para emitir os BDRs para os investidores brasileiros (BDR não patrocinado). Existem casos em que a companhia decide não contratar uma instituição depositária, quando isso acontece, elas mesmas bancam a emissão dos recibos para a venda aos investidores locais (BDR patrocinado). Ambas as modalidades são supervisionadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Além de não ser diretamente um acionista da companhia, outra desvantagem considerável é a tributação para ganhos de capital: 15% sobre o lucro e 20% no caso de day trade (quando o investidor compra e vende o papel no mesmo dia).
Quem é portador de BDRs também deve tributar os dividendos, que são entendidos como rendimentos recebidos de fonte no exterior. O pagamento da tributação desses dividendos é feito mensalmente por meio do carnê-leão. Esse carnê é gerado por meio do Sicalc no site da Receita Federal. Um porém, só é necessário o pagamento de imposto sobre o dividendo se ele ultrapassar os R$ 1.903,98 mensais.
Veja a tabela progressiva de tributação de dividendos de BDRs:
Por último, por se tratarem de recibos com exposição fora do país, os BDRs são afetados pela variação cambial, ou seja, se o real se valorizar em relação ao dólar, você perde valor, se o real enfraquecer, você ganha. “É como se na data da compra você transformasse, por exemplo, R$ 100 em US$ 20 (câmbio a R$ 5) e comprasse esses US$ 20 em ações na bolsa americana.
Um tempo depois, você venderia as ações pelos mesmos US$ 20, dado que elas não se valorizaram, mas transformaria os US$ 20 em R$ 120, pelo efeito do câmbio, agora a R$ 6.”
Uma ressalva em relação a variação cambial. Pode acontecer da exata diferença entre os valores das duas taxas de câmbio não serem refletidas integralmente no preço do BDR. Essa possibilidade existe pelo risco de liquidez, já que o volume de negociações dos recibos é menor do que o volume na bolsa americana.
Para decidir qual dos dois é o ideal pra você, coloque na ponta do lápis e veja qual estratégia combina mais com o seu perfil.
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