Renda Variável


JBS | Resultado 2T22

Foto_Manuela Granja - cópia

Manuela Granja

Publicado 12/ago8 min de leitura

Diversificação do portfólio reforça a consistência nos resultados

Se mantendo resiliente mesmo em cenário desafiador, a JBS reportou um resultado positivo, levemente acima de nossas expectativas, em reflexo principalmente à forte performance da Pilgrim’s Pride e Seara, que amorteceram os efeitos da gradual normalização das margens do segmento Beef North America. Em vista disso, a companhia reportou uma receita robusta de R$ 92,2 bi (+0,5% R/E, +1,5% t/t e +7,7% a/a), com um EBITDA de R$ 10,4 bi (+13,1% R/E, +5,1% t/t e +8,6% a/a), o que proporcionou uma margem que superou a nossa perspectiva, no valor de 11,2% (+1,2 p.p. R/E, +0,4 p.p. t/t e 0,1 p.p. a/a).

De modo geral, vemos que a incomparável diversificação geográfica e de produtos da JBS a proporciona vantagens competitivas relevantes, no qual o seu amplo acesso ao mercado possibilita ganhos mesmo em cenário volátil. A companhia apresenta resiliência em seus resultados, com saúde financeira controlada, de maneira que as suas recentes aquisições, que possuem fortes avenidas de crescimento, ampliam a capacidade de geração de valor aos acionistas pela companhia. Assim, mantemos a nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para JBSS3 YE22 em R$ 51/ação.

JBS Brasil. Afetada pela suspensão de importante planta habilitada para exportação para China e desafios do país com os lockdowns, a JBS Brasil reportou um resultado abaixo do nosso esperado, com uma receita líquida de R$ 14,1 bi (-7,4% R/E, -1,5 % t/t e +10,8 % a/a). Entretanto, a companhia foi compensada por preços elevados no mercado externo e uma melhora do consumo doméstico, o que proporcionou um EBITDA Ajust. robusto de R$ 803,2 mm (+83,3 % t/t e +82,8% a/a) e uma recuperação expressiva da margem, que ficou em 5,7% (+2,6 p.p. t/t e +2,3 p.p. a/a), o que demostra a gradual melhora do cenário para atividades do segmento.

Seara. Com margens fortes, a Seara se aproveitou do cenário favorável para exportação de proteína de frango, além da melhora do consumo doméstico, que representou 47% da receita, e reportou uma top line de R$ 10,7 bi (+4,8% R/E, +12,6% t/t e 19,5% a/a), acima de nossas expectativas. No trimestre, a companhia efetuou um repasse de preço no mercado interno, o que beneficiou a sua rentabilidade, sendo acompanhado de uma evolução do volume. Visto isso, a Seara apresentou uma margem de 14,1% (7,6 p.p. t/t e 5,1 p.p. a/a), dado ao forte EBITDA Ajust. R$ 1,5 bi (+144,3 % t/t e +86,2% a/a). Para o 2S22, vemos que os investimentos da companhia no mercado Halal e o fortalecimento da sua presença no Brasil se tornam pilares interessantes para o curto prazo, de forma que a companhia consegue aproveitar essa sensibilidade da substituição das proteínas pelo consumidor.

Beef North America. Apesar dos efeitos negativos da situação climática e adiamento do grilling season nos Estados Unidos, as operações da JBS na América do Norte ficaram em linha com a nossa expectativa, ainda fortes para o histórico, mas com uma leve queda de 0,3% da receita líquida no trimestre, que fechou em US$ 5,5 bi (+2,0% R/E e +2,7% a/a). O cenário de normalização das margens avança gradualmente no segmento, impactado pelo aumento geral dos custos da cadeia produtiva, mas com destaque para a elevação do preço do gado no período, o que culminou em uma margem de 11,3% ( -3,0 p.p. t/t e -13,6p.p. a/a), com um EBITDA de US$ 624,3 mm, reduzindo -21,2 % t/t. Realçamos que por mais a conjuntura do país seja de uma sequencial intensificação da virada do ciclo, esperamos que a robustez do setor americano proporcionará um soft landing desse cenário, sendo amortecido pela diversificação de produtos e geografia da JBS.

Austrália. Em continua recuperação, a receita líquida do segmento Austrália veio acima de nossas expectativas, com montante de US$ 1,7 bi (+14,3% R/E, +18,1 % t/t e +31,9% a/a), impactado positivamente pelas sequenciais sinergias com a Huon e Rivalea, além de um mercado externo mais aquecido. Contudo, preço do gado continuou em patamares elevados, influenciando na margem EBITDA reportada de 6,3% (-0,3 p.p. t/t e +1,9 a/a).

USA Pork. No caso do segmento de suínos, o resultado também superou as nossas expectativas, com uma receita líquida de US$ 10,4 bi (+15,9% R/E, +11,1% t/t e +4,2% a/a), explicado pela melhora no mix de produtos e aceitabilidade dos preços pelos consumidores, o que amenizou os efeitos da redução das exportações e elevado custo dos animais, de modo que vimos uma forte margem de 10,1% (+0,3 p.p. t/t e +2,2 p.p. a/a) e EBITDA de US$ 213,6 mm.

Pilgrim’s Pride. Conforme tínhamos apresentado na Prévia do setor, a PPC vem se apresentando cada vez mais resiliente, fortalecendo a sua relevância para operações da JBS. A companhia divulgou um top line de US$ 4,4 bi (+3,2% R/E, 9,2 % t/t e 27,3% a/a), em reflexo a forte demanda do varejo e food service pela proteína de frango globalmente, intensificado com o encarecimento da carne bovina, além do retorno dos investimentos em melhorias operacionais e sinergias com as vigentes adquiridas na Europa. Por fim, a companhia reportou uma margem de 13,5% (+1,7 p.p. t/t e +3,3 p.p. a/a), com um EBITDA Ajustado de US$ 623,3 mm.

Endividamento e Resultado Financeiro. No caso do resultado financeiro, a JBS reportou um forte avanço da conta no trimestre, substancialmente acima de nossas expectativas, com o montante de R$ 2,5 bi (+34,4% R/E, + 1095,9% t/t e +119, 2% a/a), explicado pelas perdas com variações cambiais de R$ 503,0 mm, frente a resultados positivos no comparativo, além do avanço dos juros passivos com aumento da dívida no período. Visto isso, com um acréscimo dos investimentos para expansão de plantas, que fechou em R$ 2,6 mm (+6,3% R/E, 20,1% t/t e 32,4 %a/a) vimos um aumento de 16,3% do endividamento bruto, cotado em R$ 97,4 bi, com uma dívida líquida de R$ 78,1 bi (+17,4% t/t e +44,1% a/a) e alavancagem de 1,64x, ante a 1,36x no 1T22. Dessa forma, a JBS divulgou um forte recuo do Fluxo de Caixa Livre, que ficou em R$ 380 milhões, motivado pelos fatores explicados acima, além de um maior consumo de capital de giro em virtude do aumento dos estoques com ativos biológicos, dado a preços atrativos do gado no Brasil, assim como efeitos adversos nas contas a receber com dificuldades de comercialização com a China, e por último, por uma alta sazonal dos impostos pagos. Pontuamos que a saúde financeira da JBS continua positiva, de modo que algumas movimentações tendem a apresentar efeitos no curto/médio prazo.

Resultado e Dividendos. Por fim, a JBS reportou um forte lucro líquido de R$ 4,3 bi (+37,9% R/E, -16,7% t/t e 1,8% a/a). No trimestre, a companhia realizou o pagamento de dividendos intercalares no montante de R$ 2,2 bi (R$ 1/ação), bem como uma recompra de 26,7 milhões de ações, o que equivale a R$ 1 bi.

Agenda ESG. No trimestre, a JBS em parceria com a Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH) ampliou o seu sistema de rastreabilidade da produção de bezerros no Brasil, com o objetivo de monitorar um milhão de animais em todo o seu processo de desenvolvimento até 2025. Por mais que o movimento ainda seja embrionário, os avanços em pesquisa e no processo de rastreamento são passos importantes para a exigida evolução do setor. Por outro lado, a companhia lançou uma nova planta de biodiesel em Mafra (SC), com a capacidade produtiva de 370 milhões de litros por ano, além da Incrível!, linha de plant-based da JBS no Brasil, se associar a reNature, em busca de aprimorar a pesquisa em agricultura regenerativa para cultura de soja.

Fonte: Companhia e Inter Research.

Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail