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Vale – Revisão de Preço e Prévias 2T23

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Gabriela Joubert

Publicado 13/jul10 min de leitura

Desafios com China mantidos, apesar de leve recuperação no curto prazo

Após a frustação de expectativas em relação à retomada da economia chinesa com o fim do lockdown, observamos uma queda nos preços das commodities no mercado internacional. Isso tem exercido pressão sobre as empresas relacionadas a essas commodities, como é o caso da Vale. Os números da economia chinesa seguem indicando uma demanda local fraca, com a população ainda se recuperando dos efeitos adversos da crise no setor imobiliário e partindo agora para um processo de recuperação não só de poupança, mas também de confiança (confira este especial sobre China). Dados recentes de balança comercial mostraram o maior recuo mensal em três anos nas exportações chinesas, com uma queda de 12,4% em junho, resultado de um mundo que também desacelera. Nas importações, também houve contração de 6,8%, reflexo de uma demanda interna fraca. Os dados da indústria no país também comprovam uma atividade operacional mais fraca. O PMI Manufatura chinês segue abaixo dos 50 pontos, em nível contracionista, e mesmo com estímulos anunciados recentemente pelo governo em setores importantes, como o imobiliário, não temos observado uma resposta adequada da demanda interna.

Fonte: Bloomberg

A demanda enfraquecida tem levado ao aumento das exportações de aço, visando compensar o menor consumo interno. No entanto, não há grandes soluções à vista para o setor imobiliário, o que limita significativamente o aumento desse consumo. Estamos projetando uma produção siderúrgica na China de 1.000 mt este ano, que deverá desacelerar nos próximos anos.

Fonte: Bloomberg e Inter Research

Além disso, os baixos preços dos produtos de aço têm pressionado as margens das siderúrgicas, levando à reestruturação e fechamento de algumas capacidades menos eficientes. Neste sentido, podemos ver uma maior demanda por produtos de alta qualidade, seguindo a tendência de descarbonização e combate à poluição já mencionada no passado, o que poderia beneficiar produtores premium como a Vale.

Fonte: Bloomberg

Do lado positivo, temos visto alguns sinais que podem apontar para uma leve melhora no curto prazo. Os estoques nos portos chineses iniciaram julho em 111 mt, abaixo do patamar observado em 2022, ao mesmo tempo que vimos as importações chinesas de minério de ferro avançarem 7,4% em junho, com recuperação da demanda por parte dos produtores de aço.

Fonte: Bloomberg

Vale – O que esperar para a gigante brasileira da mineração: Revisitamos nosso modelo a fim de atualizar nossas projeções quanto ao cenário de demanda de minério na China, bem como o desempenho operacional da empresa, que decepcionou no primeiro trimestre. Dentre as principais alterações feitas no modelo, ressaltamos redução na expectativa de vendas de ferrosos para este ano, no qual agora esperamos um volume levemente abaixo de 310 mt. Revisamos para cima nosso preço médio do minério de ferro referência, de US$ 90/t para US$ 95/t no fim deste ano enquanto mantivemos o preço de longo prazo em US$ 60/t. Para níquel e cobre, os preços foram reduzidos, seguindo as dinâmicas observadas nos preços de referência na LME, mas volumes foram mantidos. Quanto aos custos, devemos observar melhora no custo caixa C1 com a redução gradual dos preços dos insumos, bem como maior diluição de custo fixo com elevação da produção ao longo do ano, levando a menor participação de minério de ferro de terceiros. Demais projeções seguiram sem grandes alterações.

Sendo assim, chegamos a um preço-alvo para o fim de 2023 para VALE3 de R$ 77/ação e VALE US de US$ 16/ADR, enquanto mantivemos nossa recomendação neutra para ambos os papéis, em virtude do cenário ainda desafiador de demanda na China e o baixo upside aos nossos preços-alvo. No entanto, ressaltamos a oportunidade de arbitragem entre os papéis, com VALE3 em oportunidade para aqueles que visam uma carteira voltada a proventos, uma vez que ainda esperamos forte geração de caixa e um dividend yield médio de 10% nos próximos anos.

Fonte: Inter Research

Prévias 2T23: Recuperação ante o 1T23, mas ainda abaixo do esperado

O 2T23 deve trazer um resultado operacionalmente melhor, impulsionado pela produção de minério de ferro que deve vir em linha com o observado no 1T23, porém reportando volume de vendas acima do patamar do trimestre anterior e em linha com o observado no 2T22. Entretanto, o preço realizado terá impacto da queda observada no minério de ferro padrão (PLATTS MF62) no trimestre, devendo, assim, limitar o avanço das receitas. Nos custos, apesar de já observarmos queda nos insumos em razão da correção de preços das commodities nos mercados internacionais, o efeito no balanço da companhia deverá aparecer mais claramente no 3T23, e neste trimestre devemos ver um custo de produção acima, prejudicado também pela valorização do real no período. Para metais de transição energética (metais básicos), no níquel esperamos produção e vendas em linha com o 1T23, seguindo o ritmo de normalização da operação após as paradas para manutenção ocorridas ao longo de todo 2022. Contudo, a queda expressiva de preços do níquel no trimestre (cerca de 16%) deve afetar significativamente as receitas. Do lado do cobre, esperamos produção levemente acima, com entrada gradual de Salobo III, porém com receitas também afetada pela queda dos preços de cobre nos mercados referências. No consolidado, esperamos receita total de US$ 9.821 mm, um aumento de 16% t/t, porém 12% menor que o mesmo trimestre do ano passado. No EBITDA, estamos projetando um valor de US$ 4.374 mm, 22% acima do 1T23 (-17% a/a) e em linha com o consenso de mercado.

Fonte: Inter Research e Companhia
Fonte: Inter Research e Companhia
Fonte: Inter Research e Companhia

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