Margens pressionadas ainda penalizam resultado
No caminho pela retomada de rentabilidade, a Tenda divulgou no 4T22 números que, apesar de margens ainda pressionadas, demonstram uma trajetória positiva de recuperação deste indicador e um maior apetite da construtora no seu pipeline de lançamentos, conforme esperado. A recuperação do VGV lançado, em conjunto com o giro mais forte nas vendas e o restabelecimento do guidance com margem bruta entre 24-26% para 2023, reforçam a confiança da companhia na viabilidade de seus atuais empreendimentos.
Outro destaque positivo foi a geração positiva de caixa de R$ 17 mm no período, em reversão aos consumos registrados nos exercícios anteriores, que já vinham em tendência de queda. Além disso, a companhia recentemente divulgou a venda de carteira pro-soluto, o que trará liquidez de R$ 130 milhões dos recebíveis, algo importante diante do atual recente histórico de consumo de caixa e crescimento de alavancagem. Por ora, reiteramos nossa visão neutra para TEND3, com TP YE23 em R$ 9/ação.
Indicadores Operacionais. No operacional, a construtora registrou volume de lançamentos de R$ 704 mm (+ 1% R/E), conforme esperado, recuperando-se do fraco volume registrado no trimestre anterior (+87% t/t), porém ainda abaixo da sua média histórica recente. Nas vendas, a companhia surpreendeu positivamente, com VGV líquido total de R$ 657 mm (+34% t/t e -16% a/a), montante 26% superior às nossas estimativas. Com demanda resiliente mesmo com o reajuste do preço dos imóveis, a companhia apresentou aceleração marginal de sua VSO para 25% (+ 3 p.p. t/t), cerca de 6 p.p. acima do projetado.
Desempenho Financeiro. Diante do volume mais forte comercializado e crescimento das unidades entregues, a companhia alcançou no 4T22 um top-line superior às nossas expectativas, de R$ 631 mm (+14% R/E, +10% m/m e +22% a/a). Apesar da tendência de recuperação, a companhia ainda demonstrou dificuldades orçamentárias, o suficiente para resultado bruto gerado em linha, de R$ 69 mm, com margem bruta mais deteriorada que o esperado, de 11% (- 2 p.p. R/E). Por outro lado, ressaltamos a forte tendência de recuperação de eficiência da companhia, com evolução de 7 p.p. da margem no t/t e de 22 p.p. no a/a, um importante sinal de retomada de rentabilidade.
Apesar das despesas G&A em linha, companhia registrou maior volume dispendido com vendas, bem como menor eficiência na linha de outras receitas e despesas, impactando diretamente em eficiência operacional da empresa. Além disso, a construtora ainda reportou um rombo de R$ 4 mm no resultado de equivalência patrimonial, contribuindo para um EBITDA de -R$ 72 mm (+52% R/E, -46% t/t e -68% a/a), com margem de -11%.
Apesar das despesas financeiras dentro do esperado, a construtora totalizou um baixo nível de receitas financeiras, em conjunto com despesas e minoritários em linha. Com isso, a companhia apresentou no 4T22 um prejuízo líquido de R$ 155 mm (+40% R/E, -26% t/t e -42$ a/a).
Fluxo de Caixa e Alavancagem. Revertendo o quadro dos exercícios anteriores, a Tenda registrou no 4T22 uma geração de caixa operacional de R$ 17,4 mm, o que consideramos positivo. Com a venda da carteira pro-soluto, a ser contabilizada no 1T23, a construtora deverá diminuir seu atual nível de alavancagem, atualmente com relação dívida líquida/PL de 66%.
Com os resultados do 4T22, entendemos que a companhia dá sinais positivos de recuperação, apesar dos desvios de desempenho apresentado no trimestre. Diante do relançamento do novo MCMV, entendemos que a companhia terá demanda resiliente ao longo do ano, o que reforça nossa crença de que a Tenda conseguirá alcançar seu guidance de margem bruta para 2023. No entanto, o caminho segue desafiador, em especial devido à elevada alavancagem da companhia e a atual conjuntura de restrição de crédito.
Avanços em ESG
- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à ESG.
- Não houve destaques relacionados à agenda ambiental.
- A Tenda mantém seus empreendimentos integralmente enquadrados no grupo 2 do PCVA, oferecendo imóveis com preços 2,5% inferiores ao praticado pelos peers, contribuindo assim para a redução do déficit habitacional no país e maior alcance de famílias de baixa renda à casa própria.
- Inclusa no Novo Mercado, a companhia atende a 90% das melhores práticas estabelecidas pelo IBGC no Código Brasileiro de Governança. Todos os conselheiros são independentes e diretores estatutários, com 40% da remuneração total vinculada a incentivos de longo prazo. Além disso, a Tenda mantém um comitê de ética coordenado pelo seu diretor-presidente.