Ainda em área cinzenta
Nos resultados do 3T22, a Tenda apresentou novo retrocesso em termos de rentabilidade. Apesar de já esperarmos um trimestre difícil, a construtora registrou maior deterioração que o esperado nos custos de construção, bem como manteve despesas SG&A relevantemente pressionadas. Com isso, a companhia entregou um prejuízo operacional maior que o esperado, o que frusta momentaneamente nossas expectativas de turn around e reitera nossa cautela com a tese da companhia. Por ora, mantemos nossa visão neutra para TEND3, com TP YE23 em R$ 13/ação.
Indicadores Operacionais. Nas prévias do 3T22, a Tenda manteve seu ritmo de queda no volume de lançamentos e manutenção de uma VSO estruturalmente menor de 21%, apesar de 1 p.p. superior às nossas estimativas. No período, a companhia lançou um VGV de apenas R$ 376 mm (-51% t/t e -42% a/a), um valor menor que o esperado (- 34% R/E) e sinal de que a companhia se mantém hesitante no pipeline de lançamentos.
Com maior necessidade de repasse dos preços, a construtora reportou vendas líquidas em linha com esperado de R$ 489 mm (-12% t/t e -42% a/a). No fim do período, a Tenda alcançou um estoque consolidado com VGV estável de R$ 1.920 mm.
Desempenho Financeiro. Apesar da recuperação observada no ritmo de avanço das obras, que lhe conferiu uma receita líquida de R$ 573 mm (+11% R/E e a/a), a Tenda registrou nova deterioração nos custos de construção, novo sinal de que vários projetos não rentáveis ainda passam a todo vapor no demonstrativo de resultados da construtora, sem sinais claros de qual estágio desse processo ela atualmente se encontra.
Com custo direto consolidado de 549 mm (+22% R/E), a construtora totalizou no 3T22 um resultado bruto de apenas R$ 24 mm, o que representa uma margem bruta relevantemente deteriorada de 4% (-9% R/E e -8 p.p. t/t).
Mesmo com o layoff realizado no trimestre anterior, a Tenda manteve pressão nas despesas gerais e administrativas, algo análogo observado nas despesas comerciais. No total, a companhia totalizou um SG&A de R$ 113 mm (+27% R/E). Além disso, foi reconhecido um relevante revés junto às SPEs de participação da companhia, com resultado de R$ -8 mm apresentado na linha de equivalência patrimonial.
Com isso, a Tenda registrou no trimestre um EBITDA negativo de R$ 133 mm, cerca de 244% superior às nossas expectativas e 317% superior ao consenso do mercado, bem como um crescimento de 118% no prejuízo frente o trimestre anterior.
Diante de uma deterioração mais forte também observada nas despesas financeiras líquidas, a construtora encerrou o 3T22 com prejuízo líquido consolidado de R$ 210 mm (+84% t/t e -22% a/a), valor 2x superior às nossas estimativas e em linha com uma margem líquida de -37%.
Fluxo de Caixa e Alavancagem. No período, a Tenda registrou um fluxo de caixa operacional de -R$ 48 mm e total de -R$ 125 mm, mantendo a tendência de consumo dos trimestres anteriores apesar da desaceleração. Diante disso, a companhia manteve o aumento da sua alavancagem financeira e alcançou no 3T22 uma relação dívida líquida/PL de 55%, o que consideramos um relevante ponto de atenção.
Avanços em ESG
- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à ESG.
- Não houve destaques relacionados à agenda ambiental.
- A Tenda mantém seus empreendimentos integralmente enquadrados no grupo 2 do PCVA, oferecendo imóveis com preços 7% inferiores ao praticado pelos peers, contribuindo assim para a redução do déficit habitacional no país e maior alcance de famílias de baixa renda à casa própria.
- Inclusa no Novo Mercado, a companhia atende a 90% das melhores práticas estabelecidas pelo IBGC no Código Brasileiro de Governança. Todos os conselheiros são independentes e diretores estatutários, com 40% da remuneração total vinculada a incentivos de longo prazo. Além disso, a Tenda mantém um comitê de ética coordenado pelo seu diretor-presidente.