Renda Variável


Tenda | Resultado 2T22

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Gustavo Caetano

Publicado 05/ago

Novo revés nos custos

Em meio à um ritmo em linha de avanço nas obras e nova deterioração nos custos de construção, a Tenda apresentou no 2T22 um retrocesso marginal no resultado bruto, o que colocou novamente em xeque o desempenho da companhia.

Embora alguns avanços tenham sido notados, como a alta no preço médio dos lançamentos e geração de caixa reportada, o bottom line apresentado no trimestre reforça a tese de que a construtora ainda passa por um sinuoso caminho para retomada da rentabilidade.

Por outro lado, chama atenção o alto desconto da companhia, que atualmente é negociada a um múltiplo P/VP de 0,5x, muito abaixo dos pares que, com o recente rali observado, estão majoritariamente próximos da relação 1,0x. Diante disso, mantemos nossa visão neutra para as ações de TEND3, com preço-alvo de R$ 13/ação inalterado para o final de 2022.

Indicadores operacionais. Diante do aumento do preço médio do imóvel para R$ 201,1 mil, a Tenda acelerou o volume das unidades lançadas, o que lhe conferiu um VGV total de R$ 769 mm em lançamentos (+24% R/E), montante que surpreendeu nossas expectativas e reverteu a postura mais conservadora da construtora do trimestre anterior.

Por outro lado, a companhia registrou um desempenho abaixo do esperado nas vendas liquidas e em estabilidade frente ao 1T22, de R$ 558 mm (-17% R/E e -3% t/t). Na composição das vendas, chama atenção a ainda baixa representatividade dos lançamentos (28%), o que explica parcialmente a margem bruta mais comprimida nos resultados. Diante da queda de VGV do estoque total para R$ 1.916 mm, a incorporadora encerrou o período com queda na VSO trimestral para 20% (-4 p.p. R/E).

Desempenho Financeiro. Em linha com o esperado, a companhia registrou R$ 627 mm em receita líquida no 2T22 (+8% t/t e -10% a/a). No entanto, uma composição maior de projetos pouco rentáveis reconhecidos no período - em parte explicado pela baixa representatividade dos lançamentos nas vendas dos últimos dois exercícios – trouxe uma deterioração maior que o esperado nos custos de construção, bem como um revés ante o trimestre anterior (+7% R/E e +16% t/t).

Com isso, a companhia alcançou no 2T22 um resultado bruto de R$ 76 mm (-37% R/E), condizente com uma margem de 12% (-7 p.p. R/E e -6 p.p. t/t). Nesse sentido, entendemos que as recentes mudanças no PCVA devem dar um maior giro às unidades recentemente lançadas, propiciando uma melhora de rentabilidade no resultado bruto para os próximos exercícios.

Com isso, mesmo atenuado pelo melhor nível de eficiência nas despesas com vendas e em meio a G&A e demais itens em linha, a companhia registrou no trimestre um resultado operacional negativo pior que o esperado, com destaque para o EBITDA de -67 mm com margem negativa de -10% (-7 p.p. R/E e -8 p.p. t/t).

Apesar de beneficiada pelo resultado financeiro menos deteriorado e encargos tributários em linha, a Tenda encerrou o período com um resultado líquido de R$ -114 mm, um prejuízo 28% acima do projetado, frustrando nossa expectativa de continuidade de recuperação.

Fluxo de Caixa. Apesar do consumo de caixa operacional de 26,4 mm e menor giro do estoque, a Tenda reportou no trimestre uma geração de caixa na ordem de R$ 22 mm, beneficiada pela estabilidade nominal nos recebíveis e crescimento substancial do prazo de pagamento aos fornecedores, o que vemos como principal insight positivo para a companhia no trimestre.


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