Mais fraco que o esperado
O resultado do 3T22 do Santander veio abaixo das nossas expectativas e do mercado, com lucro líquido de R$ 3.122 milhões (-23,6% t/t e -13,3% Inter Research) e ROE de 15,6% (-5 p.p. t/t e -2,4 p.p. Inter Research). Esperávamos um desempenho fraco para este trimestre vindo de pressões no custo do risco e nas despesas e da manutenção de um fraco desempenho em tesouraria, que vieram um pouco acima do esperado, mas fatores como NII com clientes e receitas com serviços em queda, onde não esperávamos tendência negativa acabaram trazendo uma péssima combinação para o resultado atual. O fraco desempenho no NII com clientes foi reflexo de um maior conservadorismo na concessão de crédito do banco, que focou em linhas colateralizadas como consignado e imobiliário, o que pressionou os spreads e é onde o banco espera que as novas safras tragam efeito positivo na qualidade do crédito no futuro. O NPL continuou com tendência negativa e com taxa acima do período pré-pandemia, também vimos altos valores em renegociações e write-offs. Desta forma, mantemos nossa recomendação neutra para os papéis do Santander (SANB11) com preço-alvo de R$ 37/unit.
NII com clientes pressionado e tesouraria segue negativa. Custo do risco continua pressionado pelo ciclo de deterioração da qualidade de crédito. A margem financeira bruta totalizou R$ 12.598 mm (-1,4% t/t e -5,9% t/t Inter Research) com o NII com clientes performando mal totalizando R$ 14.143 mm (-1% t/t e -3,3% Inter Research) com efeitos da redução dos spreads que registraram 10,7% a.a. com queda de 0,76 p.p. t/t impactados por menores receitas com crédito vindo da seletividade do banco e do foco em linhas colaterizadas, naturalmente com menores taxas. A margem com mercado continua com performance negativa e em mesmos níveis do trimestre passado registrando saldo negativo de R$ 1.545 mm (+2,1% t/t e +23,6% Inter Research). Em relação ao NII, esperávamos que o crescimento do mercado observado em linhas como cartões e outros créditos não colaterizados trouxessem maiores spreads para o banco, mas o banco tem sido seletivo na originação de crédito nestas linhas e focado em linhas colaterizadas como consignado e imobiliário o que pressionam os spreads e consequentemente o NII, mas como a maior parte do crédito ainda vem de safras de créditos sem garantia, o custo de crédito ainda ficou elevado registrando taxa de 4,5% no 3T22 (+0,2 p.p. t/t). As despesas com provisões reportaram saldo de R$ 6.209 mm (+8,1% t/t e +2,9% Inter Research), refletindo o momento desafiador para o crédito com a deterioração da qualidade no segmento pessoa física e mudança no mix da carteira com linhas sem garantia vindo de safras antigas. Segundo o banco, as safras de mix mais arriscados representavam 82% em jan/22 e passaram a representar 29% em jun/22.
Carteira de crédito mais seletiva e foco em linhas colaterizadas. Inadimplência segue com tendência de deterioração em linhas sem garantia. A carteira de crédito do Santander reportou saldo de R$ 484.252 milhões (+3,4% t/t e +7,5% a/a) com maior crescimento no trimestre vindo do segmento de Grandes Empresas (+6,1% t/t e +4,3% a/a), seguido por PMEs (+3% t/t +5,9% a/a), Pessoas físicas (+2,4% t/t e 11% a/a) e financiamento ao consumo (+1,5% t/t e +4,8% a/a). Em Grandes empresas o movimento foi explicado pela expansão do negócio e pela variação cambial, já em PMEs os programas como FGI e Pronampe beneficiaram a linha. Na Pessoa física apesar de termos visto um crescimento modesto, o banco cresceu em consignado e imobiliário, enquanto no cartão de crédito houve redução devido ao menor apetite para crédito não colaterizado. A inadimplência foi de 3,0% (+0,1 p.p. t/t e 0,6 p.p. a/a) com avanço de 0,2 p.p. nos segmentos PF e PJ que registraram 4,3% e 1,3%, respectivamente. Destacamos que o segmento Pessoa Física segue com níveis um pouco acima do pré-pandemia e em Pessoa Jurídica o indicador continua abaixo da média histórica. O NPL Formation segue estável, mas em nível elevado com R$ 8,7 bilhões, influenciado pelo incremento da carteira renegociada e pelo aumento do saldo over 90 de 7,1% t/t, principalmente no varejo pessoa física, forçando maior custo de crédito no banco. Por outro lado, a relação no NPL Formation versus a carteira de crédito segue estável em 1,86%, mas em nível elevado para a média histórica. O índice de cobertura foi de 226% e elevou levemente +2 p.p. t/t com o aumento do provisionamento no trimestre.
Serviços desapontam apenas com seguros e operações de crédito avançando no trimestre. As receitas com serviços totalizaram R$ 4.734 mm (-3,0% t/t, +0,7% a/a e -5,3% Inter Research) com quedas nas principais contas como Cartões de -4,3% t/t, Conta corrente -2,4% t/t, e Administração de Fundos -20,3% t/t. Em cartões houve menor faturamento no trimestre, já em conta corrente a maior transacionalidade do Pix trouxe impactos negativos e em administração de fundos houve efeitos da mudança regulatória na contabilização das receitas com consórcios. Por outro lado, em seguros o banco viu alta de 9,9% t/t com aumento da originação de crédito colaterizado beneficiando o prestamista, já em operações de crédito o crescimento foi de 4,9% t/t com maiores receitas em garantias de câmbio.
Opex sente efeito do reajuste salarial em setembro. As despesas gerais somaram R$ 5.691 mm (+4,8% t/t, +11,5% a/a e +4,1% Inter Research) vindo de maiores gastos com pessoal com avanço de 6,3% t/t impacto pelo acordo coletivo a partir de setembro. Já nas despesas administrativas a pressão veio de maiores custos com serviços técnicos especializados e de terceiros e processamento de dados. Destacamos que a eficiência operacional do banco piorou para 37,4% no 3T22 (+3,5 p.p. t/t) vindo principalmente da redução das receitas no trimestre. O Santander reduziu 16 agências no trimestre e o saldo no ano é de redução de 307 totalizando 1.722 agências, já em funcionários, houve redução de 835 pessoas no trimestre e adição de 1.609 no ano, totalizando 51.214 pessoas.
Avanços em ESG
- Não houve entrada em índices ou prêmios relacionados à agenda ESG.
- Viabilização de R$ 21,6 bilhões em negócios sustentáveis.
- Fiador do financiamento do BNDES no projeto de construção de uma importante linha de metrô na cidade de São Paulo.
- Manutenção da liderança no mercado CBIOs com 54% de market share.
- Manutenção do compromisso de ser net zero até 2050 e utilizar 100% de energia renovável até 2025, onde 82% da meta foi cumprida até o 3T22.
- O Santander iniciou neste trimestre a 20ª edição do programa Amigo de Valor. Desde 2002 o programa já beneficiou mais de 1,6 milhão de crianças e adolescentes em 293 municípios do Brasil, mobilizando mais de R$ 160 milhões realizados por clientes e funcionários.
- Através do Prospera Microfinanças, o banco apoiou microempreendedores com uma carteira de crédito de R$ 2,4 bilhões (+38% a/a), 142 lojas, 1.355 agentes e 842 mil clientes ativos (+26% a/a), tendo como ambição 900 mil clientes ativos até dez/22.
- Ajuda a 175 mil pessoas por meio de programas de doação de sangue e voluntariado.
- Até setembro de 2022 por meio do Santander Universidades foram concedidas mais de 83 mil bolsas de estudos, com meta de atingir 100 mil bolsas até o final de 2022.
- O banco reportou 27% de membros mulheres em seu Conselho de Administração e desenvolve capacitação interna e inclusão de critérios ESG na remuneração dos executivos.