Resultado ainda fraco e NPL segue pressionando
O Santander reportou um resultado acima do esperado, mas ainda com fatores negativos, que devem continuar pressionando o banco nos próximos trimestres. O lucro líquido foi de R$ 2.141 milhões (+26,7% t/t e +39,9% Inter Research) com ROAE de 10,6% (+2,2 p.p. t/t e +3,1 p.p. Inter Research). O resultado ainda fraco foi basicamente direcionado por maiores despesas com provisões, apesar de terem reduzido versus o trimestre anterior e pelo resultado com tesouraria negativo que tem pressionado o NII do banco. Por outro lado, o bottom-line superou as estimativas devido a alíquota positiva de impostos beneficiada pelo pagamento de JCP. A inadimplência mantém um ritmo de 10 bps de avanço a cada trimestre e registrou 3,2% no 1T23, com a maior deterioração vindo do segmento PF que registrou 4,5% avançando 20 bps, enquanto no PJ permaneceu estável em 1,4%. Mantemos nossa recomendação neutra com preço-alvo de R$ 29/unit.
NII mostra boa tendência na margem com clientes, mas tesouraria ainda penaliza resultado. A margem financeira bruta foi de R$ 13.145 milhões (+5% t/t e +1,6% Inter Research) influenciada pelo avanço de 1,7% (+2,7% Inter Research) na margem com clientes com o maior volume de crédito e maior resultado de captação. Por outro lado, a margem com o mercado veio em linha com o esperado e ainda sofre com a sensibilidade negativa à curva de juros. No geral gostamos de ver uma evolução na margem com clientes, que vinha sentindo efeitos de um foco do banco em linhas colateralizadas, que por natureza trazem menores spreads, neste sentido, o volume no período compensou. Mas ainda esperamos que a tesouraria compense negativamente o NII.
Reforçando a PDD através do balanço em um “tira daqui e põe ali”. O Santander reportou uma despesa com PDD de R$ 6.765 milhões (-7,5% t/t e -3,6% Inter Research), contudo o banco reportou uma despesa com PDD de R$ 11.000 milhões no trimestre, repassando R$ 4,2 bilhões de uma reversão de provisão ocorrida para contingenciamento de processos judiciais e fiscais, que estavam classificados como “possível”, não havendo necessidade de provisionamento e que foram repassados para a conta de PDD. Desta forma, o risco que esperávamos de novas provisões (além dos 30% provisionados no 4T22) para o caso Americanas em um eventual resultado, foi bancado pelo próprio balanço do banco.
Carteira atinge a marca de R$ 500 bi, mas NPL segue pressionando. A carteira de crédito do Santander reportou saldo de R$ 500,3 bilhões (+2,2% t/t e +9,9% a/a) com maior crescimento vindo do segmento PJ em linhas de capital de giro/outros. Na pessoa física o banco segue focando em linhas com garantia como consignado e imobiliário, enquanto vimos o banco reduzir apetite no cartão de crédito. O NPL 90d segue pressionando de crescendo em um ritmo de 10 bps por trimestre, atingindo 3,2% no 1T23, com PF registrando 4,5% (+20 bps t/t) e PJ 1,4% (estável t/t). Os indicadores de atraso continuam em forte ritmo, mas o banco tem mostrado crescimento nas renegociações. O banco viu seu NPL formation (ex-renegociações) sair de 0,99% no 1T22 para 1,56% no 1T23 com tendência ainda indicando deterioração. Por outro lado, as maiores provisões têm reforçado a cobertura do banco que registrou 244%, um avanço de 14 p.p. t/t, ganhando gordura para o cenário ainda desafiador.