Renda Variável


Rede D’Or | Resultado 3T22

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Breno de Paula

Publicado 10/nov5 min de leitura

Mais um trimestre de faturamento recorde

A Rede D’Or divulgou resultados neutros no 3T22, em linha com nossas expectativas, ainda sendo impactado pela integração dos hospitais adquiridos somada à pressão das despesas financeiras, em virtude do alto endividamento. Do lado do orgânico, esperamos forte crescimento para o próximo ano dados os mais de 50 projetos green e brownfield, com 13 obras já em curso, que podem adicionar mais ~6.800 leitos à capacidade total da Rede D’Or. No trimestre, a taxa de ocupação média ficou em 79,5% (vs. 78,4% no 3T21 e 82,6% no 2T22), 0,5 p.p. superior a nossa estimativa de 79,0%, que somada ao ticket médio/leito de R$ 3,58 mm (+4,1% a/a), resultaram em mais um trimestre de receita bruta recorde. Acreditamos que a empresa está muito bem-posicionada para executar sua estratégia de crescimento orgânico e inorgânico de longo prazo, por isso reiteramos nossa recomendação de compra para RDOR3 com preço-alvo de R$ 51/ação, visando o final de 2023.

A receita bruta atingiu R$ 6.810 mm (+15,2% a/a), mais uma vez o maior faturamento trimestral na história da companhia. O ticket médio, calculado a partir da receita e do número de pacientes/dia atingiu R$ 9.708 (+2,6% a/a e +5,3% t/t), impactado positivamente pelo maior volume de reajustes com as operadoras e negativamente pelo perfil dos tratamentos (menor impacto Covid-19) e pela integração das aquisições, que naturalmente reduzem o ticket. A companhia encerrou o trimestre com 11.046 leitos totais (+948 a/a e +0 t/t), dos quais 9.613 se encontram em operação (+852 a/a e +174 t/t).

Os custos dos serviços prestados (CSP) totalizaram R$ 4.556 mm (+12,3% a/a), implicando em uma margem bruta de 24,9% (+1,3 p.p. a/a), levemente abaixo de nossas estimativas de 25,5%. O avanço dos custos foi explicado principalmente pelo impacto da consolidação dos M&As (especialmente nas linhas de pessoal e serviços de terceiros), aumento no volume de pacientes/dia e maior volume de procedimentos cirúrgicos. Já as despesas gerais e administrativas (G&A) cresceram 10,9% a/a, alcançando R$ 254 mm. A soma destes fatores levou a um EBITDA de R$ 1.508 mm (+20,0% a/a e +4,9% t/t), com margem de 24,9% (+1,2 p.p. a/a e +0,1 p.p. t/t), refletindo o aumento do faturamento (volume forte + reajustes) e otimização dos custos de mat/med.

O lucro líquido alcançou R$ 396 mm (+4,8% a/a e +10,6% t/t), com margem líquida de 6,5% (vs. 7,1% no 3T21), ambos convergindo com nossas expectativas, impactados por despesas financeiras líquidas ainda bastante elevadas de R$ 684 mm (+50,9% a/a).

A Rede D’Or encerrou o trimestre com uma Dívida Bruta (ex Arrendamentos e Derivativos) de R$ 28.686 mm (+16,1% a/a e -0,9% t/t), com prazo médio de 5,8 anos e 78,7% denominada em Reais. A relação Dívida Líquida/EBITDA (LTM) ficou em 2,8x (ante 2,5x no 3T21 e 2,9x no 2T22). Ao considerarmos os arrendamentos como parte da dívida, chegamos em um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 3,8x. Por fim, o fluxo de caixa operacional líquido totalizou R$ 992 mm no acumulado do ano (vs. R$ 98 mm no 9M21), impactado positivamente pelo crescimento do EBITDA e negativamente pelo aumento expressivo do pagamento de juros, e o fluxo de caixa livre foi de R$ 162 mm (ante R$ 55 mm no 9M21).

Para os próximos trimestres, acreditamos que as margens devam melhorar na medida que os processos de integração dos hospitais adquiridos vão sendo concluídos, em conjunto com um aumento de ticket médio no 4T22 ainda devido aos reajustes junto as operadoras. Já o nível de endividamento, no atual cenário de juros altos no Brasil, deve continuar machucando a companhia. No entanto, entendemos que o processo de desalavancagem possa ser rápido, caso a Rede D’Or continue optando por desacelerar os M&As e utilizar a geração de caixa para o pagamento de dívidas.

Avanços em ESG

  • A companhia atingiu o mais alto nível em certificação de inventário de emissão de gases de efeito estufa pelo Programa Brasileiro GHG Protocol.
  • A companhia fechou parceria com a marca Lindoya para aquisição de garrafas d’água com menor intensidade de PET, podendo reduzir o resíduo em até 40 toneladas.
  • Não houve destaques relacionados à agenda social.
  • No trimestre, 84% (vs. 79% no trimestre anterior) dos hospitais da companhia possuem ao menos uma acreditação por entidade independente

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