Situação melhora, mas alta alavancagem continua pressionando margens
A Rede D’Or divulgou resultados neutros no 2T22. O resultado operacional veio em linha com nossas expectativas, ainda sendo impactado pela integração dos hospitais adquiridos somada à pressão das despesas financeiras, em virtude do alto endividamento. Do lado do orgânico, esperamos forte crescimento dados os mais de 50 projetos green e brownfield, com 13 obras já em curso, que podem adicionar mais ~6.800 leitos à capacidade total da Rede D’Or. No trimestre, a sazonalidade favorável elevou a taxa de ocupação média para 82,6% (vs. 83,0% no 2T21 e 78,1% no 1T22), 2,6 p.p. superior a nossa estimativa de 79,0%, que somada ao ticket médio/leito de R$ 3,35 mm (+3,9% a/a), resultaram em mais um trimestre de receita bruta recorde. Acreditamos que a empresa está muito bem posicionada para executar sua estratégia de crescimento orgânico e inorgânico de longo prazo, por isso reiteramos nossa recomendação de compra para RDOR3 com preço-alvo de R$ 64/ação, visando o final de 2022.
A receita bruta atingiu R$6.521 mm (+11,1% a/a), o maior faturamento trimestral na história da companhia. O ticket médio, calculado a partir da receita e do número de pacientes/dia atingiu R$ 9.224, estável na comparação anual e trimestral, impactado pelo perfil dos tratamentos (menor impacto Covid-19) e integração das aquisições, que naturalmente reduzem o ticket. A companhia encerrou o trimestre com 11.046 leitos totais (+1.435 a/a e +34 t/t), dos quais 9.439 se encontram em operação (+651 a/a e +87 t/t). O segmento de Hospitais representou 91,0% da receita bruta no trimestre, somando R$5.935 mm (+9,4% a/a), já o segmento de Oncologia totalizou 9,0% da receita, atingindo R$ 586 mm (+31,4% a/a).
Os custos dos serviços prestados (CSP) totalizaram R$ 4.428 mm (+13,0% a/a), implicando em uma margem bruta de 23,7% (-1,3 p.p. a/a), em linha com nossas estimativas de 24,0%. O avanço dos custos foi explicado principalmente pelo impacto da consolidação dos M&As (especialmente nas linhas de pessoal e serviços de terceiros), aumento no volume de pacientes/dia e maior volume de procedimentos cirúrgicos. Já as despesas gerais e administrativas (G&A) recuaram 9,8% a/a, alcançando R$ 228 mm (-9,8% a/a), enquanto as despesas comerciais totalizaram R$ 4 mm (-33,7% a/a). A soma destes fatores levou a um EBITDA de R$ 1.438 mm (+15,5% a/a e +26,0% t/t), com margem de 24,8% (+0,9 p.p. a/a), refletindo o aumento do faturamento e a redução dos custos de mat/med e despesas com pessoal.
O lucro líquido alcançou R$ 358 mm (-25,0% a/a), com margem líquida de 6,2% (vs. 9,2% no 2T21),1,9 p.p. abaixo de nossas expectativas, que consideravam uma maior pressão das despesas financeiras.
A Rede D’Or encerrou o trimestre com uma Dívida Bruta (ex Arrendamentos e Derivativos) de R$ 29.689 mm (+22,9% a/a), com prazo médio de 5,7 anos e 78,4% denominada em Reais. A relação Dívida Líquida/EBITDA (LTM) ficou em 3,1x (ante 2,2x no 2T21 e 3,0x no 1T22). Ao considerarmos os arrendamentos como parte da dívida, chegamos em um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 3,8x. Por fim, o fluxo de caixa operacional líquido totalizou R$ 540 mm (vs. -R$400 mm no 6M21) no acumulado do ano, impactado positivamente pelo crescimento do EBITDA e negativamente pelo aumento expressivo do pagamento de juros, e o fluxo de caixa livre foi de R$ 101 mm (ante -R$ 50 mm no 6M21).
Para os próximos trimestres, acreditamos que as margens devam melhorar na medida que os processos de integração dos hospitais adquiridos vão sendo concluídos, em conjunto com um aumento de ticket médio no 2S22 devido à melhores negociações com as operadoras. Já o nível de endividamento, no atual cenário de juros altos no Brasil, deve continuar machucando a companhia. No entanto, entendemos que o processo de desalavancagem possa ser rápido, caso a Rede D’Or decida por desacelerar os M&As e utilizar a geração de caixa para o pagamento de dívidas.