Renda Variável


Prévias | Construção | 3T22

image001

Gustavo Caetano

Publicado 31/out

Operacional se mantém forte; trimestre de crescimento

Veja o relatório completo aquiEm meio a um cenário de Selic elevada e pressões nos custos, as companhias do setor de construção apresentaram resiliência operacional acima do esperado ao longo do 1S22. Durante o período, o setor manteve um ritmo acelerado de contratações e a confiança do segmento se consolidou em patamares elevados. Além disso, parte das companhias apresentou bom equilíbrio na gestão das margens e velocidade de vendas.

Diante da melhora do cenário macroeconômico, com queda das expectativas de inflação e fim do atual ciclo monetário contracionista, bem como o arrefecimento do preço das commodities que trazem alívio nos custos de construção, as ações das incorporadoras tiveram um momento de inflexão e, alheias ao cenário de estresse global e desdobramentos eleitorais, têm um prognóstico positivo para o restante do ano.

Dito isso, revisamos recentemente nossos modelos e trouxemos novos preços-alvo 2023 para as companhias do setor. Veja o relatório completo aqui.

Para o 3T22, as construtoras devem reportar um maior apetite no volume de lançamentos em conjunto com estabilidade na VSO, os quais devem sustentar números sólidos nas vendas. No período, esperamos que a queda das commodities já tragam um alívio nas margens das construtoras, uma vez que uma maior rentabilidade decorrente da estabilidade do custo de materiais e aumento do preço médio dos imóveis já deve ser gradualmente reconhecido no resultado.

Diante da estabilidade ou mesmo diluição esperada nas linhas de despesa SG&A, bem como da solidez do resultado esperado na linha de equivalência patrimonial, entendemos que o segmento surpreenderá em termos de resultado operacional, sobretudo quando por meio da métrica EBITDA.

Cyrela (CYRE3): maior eficiência nas margens

Nas prévias operacionais referente ao 3T22, a Cyrela reportou números que surpreenderam nossas expectativas. Em meio um robusto crescimento no VGV lançado de R$ 2.033 mm (+34% R/E), a companhia obteve uma aceleração na velocidade de vendas ao longo do período, o suficiente para lhe conferir vendas líquidas ainda mais fortes que o esperado, de R$ 1.713 mm. Tais números em vendas representam uma evolução de dois dígitos tanto na margem (+36% t/t) quanto quando no comparativo anual (+40% a/a).

No demonstrativo de resultados, esperamos que a Cyrela reporte um top line estável, com receita líquida estimada de R$ 1.304 mm. Diante do arrefecimento dos custos de construção e continuidade do reajuste de preços dos imóveis vendidos, projetamos à companhia uma melhora marginal de eficiência na margem bruta (+1 p.p. m/m), de forma a consolidá-la nos 32%. Com isso, projetamos à construtora um lucro bruto consolidado de R$ 412 mm para o 3T22.

Também esperamos que a companhia se recupere no desempenho de sua joint ventures e traga evolução marginal na linha de equivalência patrimonial, bem como apresente estabilidade nominal na linha SG&A, ainda pressionada pela expansão da subsidiária Cashme. Com isso, a Cyrela deve alcançar no período um EBITDA de R$ 209 mm. Com a melhora esperada no resultado financeiro líquido e baixo efeito não-recorrente nas linhas de minoritários e impostos, projetamos à companhia um resultado líquido de R$197 mm (+ 30 % m/m e -17% a/a).

Eztec (EZTC3): voltando aos trilhos.

Nas prévias do 3T22, a construtora reportou números de lançamento dentro das nossas estimativas. No período, a Eztec lançou empreendimentos com VGV consolidado de R$ 410 mm (+2% R/E), um montante equivalente ao reportado no trimestre anterior e 11% abaixo no comparativo anual. Por outro lado, a companhia apresentou forte recuperação na comercialização dos imóveis, com VGV líquido de R$ 427 mm (+86% t/t e +61% a/a), superando em 7% nossas projeções.

Para o terceiro trimestre, esperamos que a companhia apresente maior evolução do top line tanto na margem quanto frente ao mesmo exercício do ano anterior, com receita líquida consolidada de R$ 307 mm (+27% t/t e +3% a/a). Com o arrefecimento do INCC e correção dos defasada do índice nos recebíveis, a companhia deve registrar um maior alívio na margem bruta, embora em níveis ainda abaixo da sua média histórica. Com isso, esperamos que a Eztec alcance no 3T22 um lucro bruto de R$ 117 mm (+39% t/t e -22% a/a).

Em meio à ganhos de eficiência esperado na linha G&A e despesas com venda crescendo proporcionalmente às receitas, também projetamos à companhia a manutenção do desempenho das coligadas na equivalência patrimonial, que devem gerar um EBTIDA de R$ 78 mm à construtora. Com a continuidade de desempenho da carteira de alienação fiduciária, desta vez parcialmente ponderada pelo maior custo do passivo, a companhia deve reportar no bottom line um resultado de R$ 101 mm (+21% t/t e -31% a/a).

Tenda (TEND3): mais um trimestre difícil

Nas prévias do 3T22, a Tenda manteve seu ritmo de queda no volume de lançamentos e manutenção de uma VSO estruturalmente menor. No período, a companhia lançou um VGV de apenas R$ 376 mm (-51% t/t e -42% a/a), um valor menor do que esperávamos (-34% R/E) e sinal de que a companhia se mantém hesitante em meio ao turn around em curso. Com maior necessidade de repasse dos preços, a construtora reportou vendas líquidas em linha com esperado de R$ 489 mm (-12% t/t e -42% a/a).

No demonstrativo de resultado, projetamos à Tenda um arrefecimento marginal no reconhecimento de receitas, ao registrar um top line de R$ 517 mm (-18% t/t e -28% a/a). Ainda bastante pressionada pelos projetos deficitários e dificuldades na execução orçamentária das obras, a companhia ainda deve apresentar um desempenho bruto bastante deteriorado, com margem bruta estimada de 13% (+1 p.p. t/t e -8 p.p. a/a) e lucro bruto de R$ 65 mm.

Uma vez passado o efeito não recorrente do lay off realizado no exercício anterior, a companhia deve registrar uma queda nominal nas despesas SG&A, assim como nas demais despesas operacionais. Como resultado, estimamos à Tenda uma melhora no EBITDA frente ao trimestre anterior, embora ainda em terreno negativo de R$ -39 mm. Diante de uma maior deterioração esperada no resultado financeiro e menores encargos tributários, projetamos à construtora um prejuízo líquido de R$ -101 mm no 3T22.

Direcional (DIRR3): ainda dá para surpreender?

Nas prévias operacionais divulgadas do 3T22, a Direcional reportou um VGV de 967 mm em lançamentos. Apesar do número representar um crescimento marginal de 37%, o indicador veio estável frente o ano anterior e dentro das nossas projeções. Em vendas líquidas, a companhia alcançou um VGV total de R$ 682 mm no período, um recorde para companhia e um crescimento de 30% no a/a, embora esperássemos um crescimento maior em nossas projeções (-9% R/E).

Nos resultados, esperamos que a construtora continue a apresentar crescimento no reconhecimento de receitas, de forma a alcançar o volume R$ 606 mm neste trimestre (+3% t/t e +34% a/a). Com ligeira pressão nos custos de construção, estimamos à Direcional um lucro bruto de R$ 208 mm concomitante a uma margem de 34% (-1 p.p. t/t e a/a).

Nas linhas de despesa SG&A, a companhia deve apresentar um nível equivalente de diluição frente o trimestre anterior, bem como um desempenho nominalmente estável na linha de equivalência patrimonial. Diante disso, projetamos à Direcional um EBITDA de R$ 126 mm (+8% t/t e +26% a/a) para o 3T22. Sem considerar potenciais efeitos não-recorrente no resultado financeiro, bem como na linha de minoritários e impostos, esperamos que a construtora apresente um lucro líquido de R$ 58 mm (+41% t/t e+23% a/a), em linha com uma margem líquida de 10% (+3 p.p. t/t e 0 p.p. a/a).


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail