Por que a Petrobras não abaixa o preço da gasolina?
Até o ano passado, a Petrobras contava com uma política clara quanto ao preço dos combustíveis, seguindo a PPI (Paridade de Preço Importado, tradução para português). Relembrando, o Brasil atualmente é importador líquido de combustíveis, com cerca de 10% da gasolina e 25% do diesel vindo do exterior, tornando a importação um componente importante da oferta de combustíveis nacional. Assim, o preço internacional tem grande influência no mercado interno e a melhor solução encontrada para a dinâmica de oferta e demanda local foi a instalação da PPI, que pode ser compreendida como o preço que viabiliza a importação do produto e sua comercialização no mercado brasileiro.
As vantagens deste processo compreendem, dentre outras, diretrizes claras quanto à política de preços, viabilização da oferta e redução das incertezas quanto a manobras dentro da companhia, como já visto no passado. Existem também desvantagens, como repasse de volatilidade exacerbada dos preços da commodity e do câmbio. Contudo, com a mudança da atual gestão da Petrobras, foram sinalizadas prováveis alterações na metodologia de precificação dos combustíveis e, deste então, o mercado tem precificado estas incertezas quanto ao futuro da empresa.
Segundo nossas estimativas, observamos um possível desconto de cerca de 7% que poderia ser repassado para os preços da gasolina nas refinarias pela Petrobrás atualmente, caso ainda seguisse a PPI. O petróleo tipo Brent, a principal variável no cálculo, teve importante recuo nas últimas semanas, refletindo nos preços dos combustíveis internacionalmente. Mas por que, então, a Petrobras não seguiu a dinâmica vista nos mercados externos?
Nossos estudos apontam que historicamente desde a adesão à metodologia PPI, a companhia opera na média com uma margem de quase 3% do seu preço praticado em relação ao preço de referência. Seguindo este mecanismo, haveria, de fato ainda, espaço para um corte de aproximadamente 10%.
Com relação ao diesel, apontamos as mesmas ressalvas. Mesmo com a redução recente de 4,7%, com preço de revenda em R$ 3,84/litro nas refinarias, segundo nossas estimativas, existem ainda outros 6,3% em espaço para corte. Embora, o patamar histórico de 4% abaixo dos preços referência pela PPI.
Assim, nos questionamos, por que a empresa não reduz o preço dos combustíveis seguindo a atual política? Recentemente, acreditávamos que tais movimentos aconteceriam após a aprovação do novo Conselho de Administração, mas nenhum movimento foi feito, desde então e as incertezas ainda permanecem.