Renda Variável


Petrobras | Resultado 4T22

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Rafael Winalda

Publicado 02/mar3 min de leitura

Fortes resultados, mas o poço secou?

A Petrobras divulgou ontem os números do 4T22, com manutenção esperada dos fortes resultados operacionais. A cotação internacional do óleo, bem como o nível de preços dos derivados continuam em elevado patamar, contribuindo para a forte geração de caixa da empresa, fortes resultados operacionais, e forte lucro líquido. Em relação ao 4T22 em especial, os números foram, de forma geral, um pouco abaixo das nossas expectativas, apesar do robusto EBITDA de R$ 73 bi no trimestre (+16% a/a). Todavia, como já vimos comentando, as diretrizes da empresa podem mudar de forma considerável com a atual gestão. Uma evidência disto é a distribuição de dividendos da empresa, na qual cerca de R$ 0,5/ação serão submetidos à avaliação dos acionistas em assembleia, o que nos faz questionar se outros pagamentos ocorrerão ao longo deste ano. Assim, matemos nossa recomendação neutra, com preço alvo em R$ 40/ação, visando o final de 2023.

Fortes resultados, mais uma vez. A receita operacional líquida da Petrobras somou R$ 159 bi (-7% t/t + 18% a/a) no 4T22, em linha com a variação do petróleo internacional (Brent -12% t/t e +11% a/a), bem como a queda de 11% t/t e +21% a/a dos produtos derivados, que acompanharam o movimento dos preços internacionais. O diesel, carro-chefe da empresa, representando 55% da receita com derivados, seguido da gasolina, 21%.

Em termos de EBITDA, o número reportado do 4T22 foi de R$ 73 bi (+16% a/a), mas este sofreu uma variação maior t/t em comparação à receita, recuando 20%, uma vez que as margens da empresa diminuíram em praticamente todos os segmentos, em vista de custos maiores, além de maiores provisões judiciais. O lucro líquido, por sua vez, atingiu R$ 43 bi (-7% t/t e +79% a/a), também beneficiado por um melhor resultado financeiro. No ano, o EBITDA atingiu R$ 341 bi (+45% a/a) e o lucro líquido foi de R$ 178 bi, +112% a/a.

A soma das partes, resultados por segmento: A parte de exploração e produção divulgou resultados um pouco mais fracos ante às nossas expectativas, com receita líquida de R$ 82 bi (-12% t/t e +1,3% a/a), em linha com a variação do Brent mencionada, com um EBITDA Ajustado de R$ 58 bi (-21% t/t e -6% a/a) e lucro líquido acionistas de R$ 30 bi (-24% t/t e 17% a/a). Um dos destaques negativo foi o aumento do custo de extração em 4% a/a, em decorrência do retorno da produção dos campos terrestres Sergipe-Alagoas, que tem custos mais elevados. Refino: o EBITDA ajustado foi de quase R$ 15 bi (-3% t/t e +20% a/a) e o lucro líquido acionistas do 4T22 R$ 8 bi (+6% t/t e -20% a/a). Embora o volume de vendas continue forte, os preços seguiram a cotação internacional. Por fim, em Gás e Energias: o EBITDA reportado foi de R$ 3 bi, queda de 34% a/a e o lucro líquido reportado foi de R$ 2 bi (-48% a/a), em decorrência da menor margem de comercialização.

Dividendos: A Petrobras informou que o Conselho de Administração (CA) encaminhou uma proposta à Assembleia Geral de Acionistas, a ser realizada em 27/04/2023, para o pagamento de aproximadamente R$ 2,75/ação preferencial e ordinária, com valores a serem pagos em duas parcelas, R$ 1,37 em 19/05/2023 e R$ 1,37 em 16/06/2023. Porém, os dividendos ultrapassam em quase R$ 0,5 centavos por ação a política atual da empresa, fazendo com que o CA sugerisse a criação de um fundo para este montante, a ser corrigido pela Selic, e avaliado pelos acionistas o pagamento deste ou não.

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