Duas faces de um mesmo dividendo.
A Petrobras divulgou os números referentes ao 1T23, com os esperados fortes resultados operacionais financeiros, robusto EBITDA de R$ 72,5 bi e lucro líquido de R$ 38 bi. O destaque, em nossa opinião, foi o segmento de Exploração e Produção (E&P), com manutenção da produção e dos bons níveis de custos de extração. Embora números ligeiramente aquém, a parte de refino também foi satisfatória. Entendemos ainda que a perspectiva deve perdurar ao longo de 2023, visto o atual patamar do petróleo Brent e a evolução da produção nos campos do pré-sal.
Todavia, muitas questões ainda estão presentes quanto ao futuro da empresa. Embora o anúncio do pagamento de dividendos, não se sabe se as atuais diretrizes de remuneração dos acionistas permanecerão com o novo conselho de administração, tão pouco se a atual política de preço de combustíveis perdurará, visto as recentes indagações do atual CEO Jean Paul Prates. Por fim, ainda existem outros questionamentos que devem ser esclarecidos, como a possível revisão do plano de investimentos, bem como o andamento do processo da Braskem. Assim, matemos nossa recomendação neutra, com preço alvo em R$ 40/ação, visando o final de 2023.
Bons resultados. O EBITDA reportado no 1T23 foi de R$ 72,5 bi (-0,8% t/t e -6,7%), variações bem menores do que o petróleo Brent (-8,4% t/t e -19,9% a/a). O destaque vai para o segmento E&P, que tem foco no pré-sal, bem como para custos controlados em termos extração. Todavia, o lucro líquido atingiu R$ 38,1 bi, queda de 12% t/t, impactado por maiores gastos com imposto de renda devido a menor disponibilidade de créditos tributários.
Exploração e produção: Neste 1T23, o EBITDA reportado foi de R$ 56 bi, embora as quedas de -1,8% t/t e -22% a/a, houve uma variação menor t/t do que a oscilação do petróleo Brent, como já mencionado. Destaca-se também o custo de extração, cerca de US$ 5,51/barril (-9,4% t//t e +5,4% a/a), refletindo os desinvestimentos realizados pela empresa e entrada em operação de um navio produtor em dezembro de 2022.
Refino: Embora os expressivos R$ 12,3 bi de EBITDA no 1T23, o resultado mostrou quedas de cerca de 17% t/t e 22% a/a. A Petro performou um pouco abaixo das nossas expectativas, onde, em nosso entendimento, é explicado pelo custo de giro de estoques mais elevado e crescimento nos gastos com processamento de combustíveis, visto as grandes paradas em duas refinarias.
Gás e Energia: Os números financeiros foram robustos, com um EBITDA de R$ 3,8 bi ante ao prejuízo de R$ 1,6 no 1T22, explicados pelos menores custos de aquisição do gás. Entretanto, em termos de volume comercializado, houve queda, com menores oportunidades de exportação de energia.
Dividendos: A Petrobras informou que o Conselho de Administração (CA) aprovou o pagamento de cerca de R$ 1,89/ação em remuneração aos acionistas, onde serão pagos em duas parcelas iguais nos dias 18 de agosto e 20 de setembro de 2023. A data ex é 12 de junho.