Não recorrentes atrapalham resultado.
Com a continuidade à solidez no top line, a Multiplan divulgou no 2T22 crescimento real tanto nos repasses de aluguéis como nas vendas. Diante das receitas de aluguéis um pouco abaixo e estacionamentos acelerando, a companhia entregou uma receita em linha com as expectativas. Apesar dos não recorrentes distorceram o resultado operacional esperado, a companhia entregou um resultado líquido em linha com as projeções. Assim, mantemos nossa recomendação de neutra para MULT3, com preço-alvo em R$ 26/ação para o final de 2022.
Indicadores operacionais: No 2T22, a companhia reportou um volume de vendas totais de R$ 4,9 bi (+8,2% R/E), simultâneo a uma evolução nas vendas em mesmas lojas (SSS) de 58,5% (+13,5 p.p R/E) frente o 2T21 e 26,9% em relação ao 2T19, sendo positivamente impactada pela forte recuperação no segmento de vestuários e artigos diversos. No indicador de aluguéis em mesmas lojas (SSR) foi reportado um crescimento em linha com o esperado de 46,6% (-2,1 p.p R/E), já apresentando um forte ganho real em relação ao IGP-DI do período.
Com vendas acima das expectativas e menor participação dos encargos comuns, o custo de ocupação veio ligeiramente abaixo do esperado, concomitante a uma taxa de ocupação crescente (+0,4 p.p R/E e +0,5 p.p t/t) e níveis sustentáveis de inadimplência. No turnover, a companhia apresentou um percentual de 1,9%, altamente representado por lojas satélites do segmento de vestuário, alimentação e serviços.
Desempenho Financeiro: Diante de uma robusta entrega operacional, a Multiplan apresentou uma receita liquida ex-linearidade de R$ 432 mm (-5,7% R/E, +3,9% t/t). Mesmo com o fluxo de veículos ainda não ter atingindo os patamares de 2019, a receita nominal de estacionamentos já supera o mesmo período com alta de 13,1%.
No trimestre, as despesas gerais e administrativas vieram conforme o esperado (-7,5% R/E), apresentando um crescimento inferior a inflação. Devido a um resultado não recorrente de investimento de marketing no Park Jacarepaguá e aumento ligeiro das provisões, as despesas com propriedades ficaram 20,7% acima das expectativas e 22,1% acima do trimestre passado.
Somando com o resultado não recorrente na linha de outras despesas, a companhia entregou um EBTIDA mais fraco do que o projetado, de R$ 292 mm (-14,9% R/E e -7,7 t/t), impactado negativamente por uma margem mais deteriorada de 68% (-7 p.p. R/E).
Com as linhas de D&A e resultado financeiro em linha com o estimado (+2,5% R/E e +5% R/E), bem como diante do menor pagamento de impostos, a Multiplan totalizou no 2T22 a um resultado líquido em linha com o estimado de R$ 177 mm (-2,4% R/E), com margem liquida de 41%(+1,4 p.p R/E e -3,7 p.p R/E). Diante de receitas de aluguéis um pouco abaixo do esperado e despesas com propriedades acima, a companhia registrou um NOI de R$ 377 mm (-7,7% R/E e +6,6% t/t).
No período, a empresa apresentou como os principais desembolsos de caixa o i) dispêndio de R$ 39,3 mm em revitalização e expansões (CAPEX), ii) R$ 140,8 mm em juros e amortizações e iii) R$ 34,4 mm em recompra de ações, frente um FFO gerado de R$ 228 mm (-4,3% R/E). Assim, a companhia terminou o trimestre com uma geração de caixa positivas e uma redução da Dívida Líquida/EBITDA para 2,05x. Vale ressaltar que a companhia aprovou uma nova recompra de ações.
Por fim, entendemos que o resultado da Multiplan no 2T22 foi misto. Apesar da solidez nas receitas - que já eram esperadas - a companhia foi impactada por itens não recorrentes que trouxeram uma menor eficiência nas margens. Com a inclusão dos resultados do 2T22, chegamos no período a um P/FFO estimado de de 15,2x e um P/L de 18,3x.