Renda Variável


Movida | Revisão de Preço e Prévias 3T22

FOTO

Diego Bellico

Publicado 18/out9 min de leitura

Revisamos nossas estimativas para Movida e atualizamos nosso modelo de fluxo de caixa descontado, de forma a incorporar: (I) o cenário mais recente da indústria automobilística; (II) nossas premissas macroeconômicas atualizadas; (III) resultados e expectativas recentes, bem como; (IV) transferência do horizonte de investimento do final de 2022 para o final de 2023. Como consequência, mudamos o preço alvo de R$23,00 YE22 para R$25,00 YE23 e reforçamos a recomendação de compra para as ações da companhia.

Utilizamos o modelo de fluxo de caixa descontado de 10 anos e WACC de 10,88%. O valor terminal foi constituído com crescimento na perpetuidade de 3%, com 2/3 de peso, e pelo método múltiplo de saída, com 1/3 de peso e EV/EBITDA = 5,0x no último ano da projeção.

Tese de Investimento

A Movida é a segunda maior locadora de veículos leves do Brasil, operando nos segmentos de Rent-a-Car (RAC), Gestão e Terceirização de Frotas (GTF) e Venda de Seminovos. A escala da companhia contribui com a manutenção de significativas vantagens competitivas, em especial ligadas ao maior poder de barganha com as montadoras, capilaridade das lojas de Seminovos (que permite melhor desmobilização dos ativos) e menor custo da dívida (importante em modelos de negócios intensivos em capital). Nesse contexto, entendemos que a Movida está bem-posicionada para surfar a maior penetração do mercado de GTF, bem como as novas tendências de car-as-a-service.

Contexto atual e expectativas para os próximos períodos

Devido ao forte crescimento apresentado recentemente (de 118,5 mil carros no início de 2021 para 206,9 mil em junho de 2022), a Movida já se encontra com alavancagem de 3,0x dívida líquida/EBITDA, próximo ao covenant de 3,5x. Somando-se isso a normalização da margem de Seminovos, a companhia terá menos espaço no balanço para continuar crescendo de forma acelerada. Nesse contexto, acreditamos que a Locadora deve reduzir o ritmo nos próximos períodos, ao mesmo tempo em que foca na rentabilidade do modelo de negócios. Destacamos que a Movida já alcançou um patamar significativo em ganhos de escala e possui folga suficiente para reduzir o ritmo e ainda sim bater o guidance de 2025.

Em 2021, quando os gargalos de oferta de semicondutores atingiram a indústria automobilística gerando elevação vertiginosa dos preços dos carros, a Movida decidiu por não atrasar a renovação de sua frota. Se por um lado a menor idade média dos veículos contribuiu com melhor experiência do cliente e menores despesas com manutenção, por outro elevou-se a depreciação e foi necessário um incremento das tarifas para compensar o maior capex por carro. Apesar do cenário complexo, que inclusive exigiu mudança do mix de veículos, a companhia tem obtido sucesso no repasse de custos e vem entregado ótimos níveis de rentabilidade. Agora, com a normalização da indústria no horizonte, nossa atenção deve voltar-se para a evolução dos yields em 2023, além do preço de venda ativos adquiridos por valores mais altos no 3T21 em diante (devem começar a ser vendidos no 1T23). Esses, serão fatores fundamentais para que a companhia continue crescendo de forma sustentável e rentável no próximo ano.

Esperamos que a Movida continue apresentando bons resultados, se expandindo com rentabilidade e focando, em especial, no mercado de GTF e carro por assinatura. Esses dois serviços se encontram ainda subpenetrados no Brasil e devem constituir as principais avenidas de crescimento da companhia. Vale destacar que ambos possuem menor estrutura de custos que o Rent-a-Car e, por isso, tendem a contribuir com a elevação das margens consolidadas.

Vemos a Movida como uma história de crescimento e valuation atrativo. Atualmente, os papeis da companhia estão sendo negociada a 8,0x P/E (Blended Forward) e 5,2x EV/EBIT (Blended Forward), mais de um desvio padrão da média histórica e com desconto para os pares. Mesmo quando considerado menor crescimento a frente, nosso modelo de DCF aponta para relevante upside. Justificando assim nossa recomendação de compra para os papeis da companhia.

Prévias 3T22

Os resultados da Movida estão agendados para serem ser divulgados no dia 07 de novembro (segunda-feira). Esperamos que a companhia apresente receita líquida de R$2.623 milhões (+14% t/t e +66% a/a), impulsionado por forte top line nos 3 segmentos operacionais. Nossa projeção R$976 milhões de EBITDA (+8% t/t e +59% a/a) é positivamente impactada pelas satisfatórias margens de RAC e GTF, enquanto a normalização da lucratividade de Seminovos pesa do lado oposto. Por fim, esperamos maiores despesas com depreciação por carro no RAC, bem como elevação do custo da dívida advindo da elevação das taxas de juros. Dessa forma, apesar dos bons resultados operacionais, projetamos queda no bottom line com lucro líquido de R$ 121 milhões (-35% t/t e -54% a/a).

No RAC, enxergamos elevação no número de diárias e ticket médio, com aluguel eventual mais forte devido a alta temporada em julho. Dessa forma, projetamos receita líquida de R$739 milhões (+16% t/t e +67% a/a) e EBITDA de R$455 milhões (+18% t/t e +95% a/a).

Já o segmento de GTF esperamos continuidade da resiliente trajetória de crescimento, elevação do ticket médio mensal e manutenção das satisfatórias margens. Nossa expectativa é de R$486 milhões de receita líquida (+10% t/t e +69% a/a) e R$346 milhões de EBITDA (+10% t/t e +79% a/a).

Por fim, no Seminovos, projetamos a venda de cerca de 20,2 mil veículos ao preço médio de R$69,6 mil. Como resultado temos R$1.398 milhões de receita líquida (+14% t/t e +66% a/a). O maior volume vendido deve contribuir com a diluição do SG&A, de modo a mitigar os efeitos da normalização da margem de seminovos. Nossa expectativa é que o segmento apresente R$175 milhões de EBITDA (-15% t/t e -6% a/a)

Para os próximos resultados devemos acompanhar de perto o yield, a evolução da alavancagem e o preço médios dos veículos vendidos a partir do 1T23.

Receba nossas análises por e-mail