Contínua evolução dos resultados, com EBITDA recorde
Favorecida pelo atrativo mercado internacional e sequencial avanço da oferta de animais, a Minerva apresentou mais um trimestre robusto, com EBITDA recorde e ficando em linha com nossas expectativas. A expressiva performance do segmento Brasil, além da recuperação das operações na Colômbia e receita superior ao esperado da Argentina, segurou o top line da Minerva no trimestre. Contudo, a acentuada queda da rentabilidade do Uruguai e recuo dos resultados do Paraguai no t/t, levaram a uma receita líquida em linha com o 2T22, de R$ 8.438 mm (+0,2% R/E, -0,4% t/t e 14,5% a/a). Os custos foram favorecidos pelo acréscimo da disponibilidade de animais para abate, que refletiu em preços inferiores do boi gordo para os frigoríficos, assim como espelhou as vantagens competitivas da pecuária sul-americana ante aos seus pares. Por outro lado, as despesas com vendas continuaram em ascensão, registrando R$ 955 mm (+16,4% R/E, +12,8% t/t e 35% a/a) e margem EBIT inferior no t/t, dado o cenário logístico mais adverso e custos com frete. Neste sentido, com resultados fortes, a Minerva reportou um EBITDA recorde de R$ 806 mm (-1,8% R/E, +3,6% t/t e 26,2% a/a), com margem robusta de 9,6% (-0,2 p.p. R/E, +0,4 p.p. t/t e +0,9 p.p. a/a).
A Minerva passa pelo esperado momentum da pecuária doméstica, que vem continuamente refletindo em um cenário mais favorável para suas operações. Visto isso, vemos que a companhia se provou mais do que apta para aproveitar essa conjuntura, levando em conta a sua notável gestão operacional, com consistência nos resultados, além de uma estrutura de capital equilibrada e de fácil movimento de arbitragem com diversificação geográfica da América do Sul. A tendência positiva para as exportações e avanço das atividades na Austrália com proteína ovina, após anúncio de aquisição da Australian Lamb Company (confira nosso comentário), potencializam as boas perspectivas para Minerva e sua capacidade de criar valor para os stakeholders. Assim, reiteramos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para BEEF3 YE23 em R$ 21/ação.
Brasil. As operações no Brasil exibem uma sequencial evolução, conforme (i) a demanda externa por produtos brasileiros avança, (ii) a oferta de animais para abate evolui e (iii) câmbio se mantém favorável. No trimestre, o segmento divulgou uma receita de R$ 4.553 mm (+1,1% R/E, +6,8% t/t e 51,8% a/a), em linha com as nossas expectativas, com avanço do volume em 11,1%, porém com uma contração de 3,8% t/t do preço médio. O mercado doméstico enfraquecido, impulsionou a exposição da Minerva para o exterior, com alta de 0,3 p.p. t/t e 8,2 p.p. a/a do percentual da receita destinado para exportação, contabilizado em 71,6%. As perspectivas para o segmento se mantêm robustas, dado a tendência de contração da oferta mundial com cenário dos Estados Unidos, uma demanda externa estável e crescimento da disponibilidade de animais no Brasil.
América do Sul. Para operações ex-Brasil, o destaque ficou para recuperações das operações na Colômbia e avanço das atividades na Argentina. No entanto, resultado do Uruguai e Paraguai impactou o top line consolidado do segmento, que resultou em R$ 3.956 mm (-1,9% R/E, -6,5% t/t e -9,1% a/a). No caso da Colômbia, a recuperação do volume em 59,3% no t/t, após limitação das exportações com guerra entre Rússia e Ucrânia, proporcionou uma considerável recuperação da receita no comparativo trimestral em 108,1%, acima de nossas expectativas, com o valor de R$ 561,2% (+72,6% R/E e -8,0% a/a). No caso da Argentina, o leve aumento dos preços e volume favoreceram o seu resultado, que fechou em R$ 1.446 mm (+12,8%, +8,9% t/t e 16,6% a/a). Na ponta negativa, já era esperado um forte recuo dos resultados do Uruguaí, entretanto, superou fortemente as nossas estimativas, com um top line de R$ 623 mm (-33,5% R/E, -46,4% t/t e -45,5% a/a), mas com projeção de recuperação para o próximo trimestre. Para o Paraguai, a contração no seu resultado reflete uma queda do volume e sutil redução do preço, no entanto, com o ingresso no ciclo positivo do gado em 2023, as perspectivas são mais positivas para o país.
Endividamento e Resultado Financeiro. O resultado financeiro superou as nossas expectativas, fechando negativo em R$ 523 mm (+60,6 R/E, + 99,5% t/t e 12,7% a/a), em reflexo a perdas robustas com hedge cambial e alta de 9,1% t/t das despesas financeiras. A estrutura de capital da Minerva se manteve estável, com uma dívida bruta de R$ 14,4 bi (+12,8% t/t e 4,3% a/a) e líquida de R$ 6,5 bi (-1,9% t/t e +11,4% a/a). Visto isso, com EBITDA recorde, a alavancagem ficou em 2,18x ante a 2,35x no 2T22.
Resultados. Por fim, a Minerva divulgou um lucro líquido de R$ 141,5 mm (-61,2% R/E, -66,7% t/t e +95,5% a/a). No que tange o pagamento de proventos, a companhia já distribuiu R$ 328 mm (R$ 0,56/ação), mantendo a sua política de reembolso de 50% do lucro líquido contanto que a alavancagem se mantenha abaixo de 2,5x. Também foi visto um fluxo de caixa livre expressivo de R$ 536,4 mm.
Avanços em ESG
A Minerva ganhou o prêmio de Best Sustainability Report pela ESG Investing em sua categoria, além de ficar entre as duas primeiras colocadas no prêmio Best in the World, promovido pela Hallbars Sustainability Research Organization.
E. No trimestre, a companhia divulgou importantes avanços no âmbito ambiental da América do Sul, com evolução de 40% para 80% do monitoramento das fazendas fornecedoras diretas na Colômbia. No Uruguai a Minerva anunciou estudos no que tange a legislação socioambiental local e diagnóstico geográfico. Além disso, a companhia avançou na criação do primeiro projeto de geração de créditos de carbono na agropecuária no Brasil.
S. Não houve menção sobre avanços sociais no período.
G. Não houve menção sobre avanços em governança no período.