Renda Variável


Minerva | Resultado 2T22

Foto_Manuela Granja - cópia

Manuela Granja

Publicado 11/ago5 min de leitura

Mais um trimestre de recordes

Beneficiada pela forte demanda externa e melhora na oferta de animais, a Minerva apresentou novamente um resultado recorde, acima de nossas expectativas, com destaque para operações no Brasil e performance positiva dos demais segmentos da América do Sul. Visto isso, a companhia reportou uma receita líquida de R$ 8.472 mm (+9,8% R/E, +17,2% t/t e 34,7% a/a), acompanhado de uma margem bruta de 17,9% (+0,7 p.p. R/E, +1,0 p.p. t/t e 1,3 p.p. a/a), em reflexo a melhora do preço da arroba do boi e gestão operacional da companhia. Desse modo, a Minerva divulgou um EBITDA recorde de R$ 778 mm (+9,9% R/E, +20,4% t/t e 44,4% a/a), com uma margem nivelada as nossas expectativas de 9,2% (+0,0% R/E, +0,2% t/t e +0,6 p.p a/a), mas impactada pelas despesas com vendas, que acresceram 27% t/t, atingindo o valor negativo de R$ 244 mm.

Por fim, vemos que a notável gestão operacional da Minerva, somado a sua estrutura de capital equilibrada e diversificação geográfica na América do Sul, com fácil movimento de arbitragem, proporciona uma maior capacidade de aproveitamento desse momentum favorável para pecuária brasileira, com a gradual virada de ciclo e demanda da Ásia. Além disso, a companhia apresentou mobilizações interessantes com parceria com a Hilton Food Solutions e habilitação de plantas para exportações para o Canadá, o que potencializa a geração de valor aos stakeholders. Assim, reiteramos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para BEEF3 YE22 em R$ 17/ação.

Brasil. Com um avanço de 11,1% t/t e 29,5% a/a do volume vendido, as operações no Brasil encerraram o trimestre com um top line de R$ 4.262 mm (+5,3% R/E, +7,8% t/t e 45,9% a/a), estimulado principalmente pelas exportações, que representaram cerca de 71% da receita, acompanhado de preços internacionais robustos no período. O segmento foi favorecido pela redução do preço do gado, o que refletiu positivamente na margem do consolidado. Para o 2S22, vemos que a melhora da oferta de animais, com uma demanda externa ainda interessante, principalmente com a intensificação da virada do ciclo negativo nos Estados Unidos e efeitos da Copa do Mundo no ano, nos proporcionam uma visão otimista para companhia.

América do Sul. Para operações ex-Brasil, também foi visto uma boa performance, marcada pela demanda externa, que totalizou 76% da receita do grupo. Dentre os destaques, vimos que apesar das dificuldades domésticas da Argentina, o avanço dos preços beneficiou as atividades do segmento, que fechou com um top line de R$ 1.328 mm (+44,5% R/E, +50,8% t/t e 101,8% a/a). Além disso, as operações do Paraguai e Uruguai apresentaram um bom desempenho com uma receita respectiva de R$ 1.472 mm (-0,2% R/E, +47,2% t/t e -2,8% a/a) e R$ 1.163 mm (+13,8% R/E, +20,9% t/t e +30% a/a), apesar de recuo das atividades na Colômbia, que ainda sofrem com a paralisação das exportações para Rússia.

Endividamento e Resultado Financeiro. No caso do resultado financeiro, vimos um fechamento estável no comparativo com R$ 262,1 mm (+7,1% R/E, -61,9% t/t e 18,7% a/a), em detrimento da redução dos efeitos da variação cambial e outras despesas, amortecido principalmente pelo resultado do hedge cambial. Já em sequência ao bom desempenho operacional, a Minerva encerrou o 2T22 com uma dívida bruta de R$ 12.806,9 mm (+8,7% t/t) e endividamento líquido de R$ 6.603,6 mm (+1,6 t/t e +24,4% a/a), acompanhado de um avanço do caixa em 17,3%, além de um nível saudável de alavancagem de 2,3x, ante ao 2,5x no 1T22. Por fim, em busca de alongar mais a sua dívida, a Minerva efetuou a 12ª emissão de debêntures, com vencimento em sete anos e valor de R$ 1,5 bilhões.

Resultados e Dividendos. Em conclusão, a Minerva apresentou um lucro líquido robusto de R$ 425 mm (+15,1% R/E, +270,6% t/t e +264,0% a/a), no qual demonstrou novamente uma capacidade de geração de caixa positiva, fechando o trimestre com um fluxo de caixa livre de R$ 415,7 mm. Além disso, a companhia anunciou o pagamento de dividendos intercalares no montante de R$ 128,1 mm (R$ 0,22/ação).

Agenda ESG. No trimestre, a Minerva deu continuidade à comercialização de proteína bovina de carbono neutro, por meio de suas operações no Uruguai, com 100% da emissão da cadeia rastreada. Tendo em vista os desafios do monitoramento dos escopos, o avanço que a companhia apresenta, com 40% da rastreabilidade das fazendas fornecedoras na Colômbia e 90% da Argentina, já proporcionam uma evolução significativa para o setor, para que desse modo vejamos a possibilidade da expansão do processo em operações de mais peso para Minerva. Pontuamos que o mercado de proteína sustentável tem fortes perspectivas de evolução, o que pode proporcionar uma avenida de crescimento proveitosa para as pioneiras no assunto. Em complemento, a companhia divulgou seu 11º relatório de sustentabilidade seguindo as normas da GRI e SASB, assim como recebeu o selo de Energia Renovável pelo segundo ano consecutivo, efetuado pela Instituto Totum em conjunto com a ABEEólica e Abragel.

Fonte: Companhia e Inter Research.

Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail