Renda Variável


Mater Dei | Resultado 2T22

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Breno de Paula

Publicado 11/ago3 min de leitura

M&As impulsionam crescimento do top-line

A Rede Mater Dei divulgou resultados mistos no 2T22, positivo no faturamento, mas negativo no bottom-line, refletindo a integração das aquisições. No trimestre, foram consolidados os resultados do Hospital EMEC, em Feira de Santana, que contribuíram para o crescimento t/t. A aquisição do Hospital Santa Clara, em Uberlândia, ainda está sujeita a aprovação do CADE. Além disso, em maio foi inaugurado o Hospital Mater Dei Salvador, primeiro projeto greenfield da companhia fora de Minas Gerais, adicionando 369 leitos à capacidade total da companhia e que já conta com ~400 mil vidas credenciadas. Entendemos que a companhia deve pisar no freio nas aquisições nos próximos trimestres, concentrando seus esforços nas integrações dos hospitais adquiridos, em busca de uma retomada gradual de margens. Continuamos com viés positivo, portanto, reiteramos nossa recomendação de compra para MATD3 com preço-alvo de R$ 20,00/ação.

A receita líquida reportada foi de R$ 434 mm (+61,5% a/a), em linha com nossas expectativas. O volume de pacientes-dia apresentou aumento de 87,8% a/a e de 26,0% t/t, considerando as aquisições. O aumento de receita se deu por: (i) crescimento de leitos operacionais, alcançando uma média de 1331 no trimestre (+106,0% a/a e +23,5% t/t) somados à taxa de ocupação de 70,0% (-4,7 p.p. a/a e -4,3 p.p. t/t); e (ii) ticket médio consolidado de R$ 2,06 mm/ leito utilizado, redução relevante frente aos R$ 2,39 no 2T21, e leve aumento frente aos R$ 2,03 no 1T22.

Em nossa visão, os menores níveis de ticket médio e margens devem acompanhar a companhia pelos próximos trimestres. Esta dinâmica deve se alterar na medida que as integrações são concluídas, em conjunto com a maturação da operação de Salvador. Além disso, acreditamos que os menores tickets dos hospitais adquiridos signifiquem boas oportunidades, tanto por meio de novos credenciamentos quanto pela possibilidade de aumentar a complexidade destes hospitais.

Os custos dos serviços prestados (CSP) chegaram a R$ 273 mm (+81,9% a/a), refletindo os aumentos das linhas de pessoal e serviços, mesmo com a redução da relevância da linha de mat/med, pressionando a margem bruta para 37,2% (-7,0 p.p. vs. 2T21). As despesas operacionais alcançaram R$ 75 mm (+112,0% a/a) e levaram a um EBITDA de R$ 107 mm (+15,5% a/a), abaixo de nossas estimativas, com margem EBITDA de 24,7% (-9,9 p.p. a/a). Quando descontamos os efeitos não recorrentes (despesas com assessoria de M&A e os gastos pré operacionais do Mater Dei Salvador), chegamos a um EBITDA ajustado de R$ 120 mm (+29,4% a/a), convergente com nossas projeções, e margem EBITDA ajustada de 27,7% (-6,9 p.p. a/a).

O lucro líquido chegou a R$ 35 mm (-34,7% a/a), com margem de 8,0% (-11,8 p.p. a/a), impactado diametralmente pela maior pressão do resultado financeiro, que ficou em -R$ 38 mm (+977,5% a/a). Já o lucro líquido ajustado pelos mesmos não recorrentes que reajustamos o EBITDA, ficou em R$ 62 mm (+16,6% a/a), com margem de 14,3% (-5,5 p.p. a/a).

Em relação ao endividamento, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 565 mm e relação dívida líquida/EBITDA (LTM) de 1,8x (vs. -4,4x no 2T21 e 1,1x no 1T22). Além disso, a empresa desembolsou R$ 182 mm para aquisição do Hospital EMEC. Desde o início do ano, observamos uma geração de caixa operacional de R$ 64 mm e um fluxo de caixa livre negativo de R$ 677 mm, impactado principalmente pelos pagamentos das aquisições e maiores pagamentos de juros com os empréstimos e financiamentos.

Entendemos que a maior parte dos desembolsos relevantes para consumar as aquisições recentes já foram realizados e que a atual estrutura da companhia ainda viabiliza sua estratégia de crescimento inorgânico (por meio de dívidas ou equity), caso existam boas oportunidades.


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