Com destaque para evolução da América do Sul, a Marfrig reportou resultados mistos, em linha com a nossa expectativa, apresentando uma receita líquida de R$ 21,6 bi (+0,6% R/E, -3,4% t/t e +4,9% a/a) ao desconsideramos a BRF do balanço. A performance da companhia refletiu o bom desempenho das exportações na América do Sul, com uma maior oferta de animais, assim como a sequencial normalização das margens da National Beef. Em vista disso, a Marfrig reportou um EBITDA individual de R$ 2,6 bi (+3,2% R/E, -6,7% t/t e -32,8% a/a) e uma margem de 12% (+0,03 p.p. R/E, -0,4 p.p. t/t e -6,7 p.p. a/a), sendo que ao considerar as operações da BRF, o EBITDA avança para R$ 3,9 mm.
Com a elevada representatividade das operações da América do Norte na sua performance, a companhia é mais sensível a oscilações na dinâmica da indústria, o que desfavorece as suas atividades em cenário mais adverso nos Estados Unidos, como vemos no momento com riscos de recessão e uma intensificação da virada do ciclo da pecuária. Além disso, nesse trimestre a Marfrig começou a incorporar a BRF (Comentário 2T22) no seu balanço, o que proporciona mais incertezas diante do seu desempenho. Contudo, vemos que a companhia possui uma rentabilidade atrativa, com uma estrutura de capital equilibrada e ganhos com uma provável sinergia de operações com a BRF. Nesse sentido, mantemos a nossa recomendação de Compra para MRFG3, com TP YE22 em R$ 29/ação.
América do Norte. Em linha com as nossas expectativas, a National Beef fechou o trimestre com um top line de US$ 2.578 mm (-0,7% R/E, -2,4% t/t e +0,1% a/a), em partes em reflexo a uma desaceleração da demanda diante do cenário inflacionário norte-americano e receio de recessão pela população. Por outro lado, os custos da cadeia, com destaque para o avanço do preço do gado, prejudicaram a rentabilidade do segmento, que encerrou com um EBITDA de US$ 388 mm (-14,3% t/t e -46,2% a/a), assim como um relevante recuo da margem, fechada em 13,2% (-1,8 p.p. t/t e -11,3 p.p. a/a).
América do Sul. As operações na América do Sul superaram as nossas expectativas, em resposta ao avanço de 11,7% do volume vendido, no qual 25% do crescimento veio apenas do mercado externo, que foi favorecido pelos seus preços atrativos. Visto isso, a companhia reportou uma receita recorde de R$ 7.113 mm (+4,3% R/E, +10,1% t/t e 41,6% a/a), com um forte crescimento das exportações para Ásia e melhora operacional. Dessa forma, vimos uma expressiva evolução do EBITDA, que fechou em R$ 678 mm (+65,2% t/t e 275,3% a/a), acompanhado de uma margem de 9,5% (+3,2 p.p. t/t e +5,9 p.p. a/a).
Endividamento e Resultado Financeiro. No trimestre, a Marfrig reportou um Resultado Financeiro negativo de R$ 2,4 bi, influenciado pelos efeitos da variação cambial de R$ 1,3 bi, além do acréscimo dos juros de 54,6% t/t, com o valor de R$ 813 mm. No caso do endividamento, a companhia reportou uma dívida bruta de R$ 56,6 bi (+74,9% t/t e +102,9% a/a), além de uma dívida líquida de R$ 37,8 bi, o que proporcionou em uma alavancagem em reais de 2x, ante 1,45x no 1T22, principalmente em espelho a incorporação da BRF. Sendo assim, se olharmos o resultado ex-BRF, a Marfrig reportou um resultado financeiro de cerca de R$ 1.770 mm (+13,6% R/E), com um endividamento líquido de R$ 23,6 bi e alavancagem de 1,67x.
Resultado e Dividendos. A Marfrig encerrou o trimestre com um lucro líquido de R$ 4,3 bi, explicado principalmente pelo resultado do laudo de avaliação a valor justo do investimento na BRF. Além disso, a companhia anunciou um novo programa de recompra de 31 milhões de ações, bem como a proposta de distribuição de dividendos intermediários no montante de R$ 500 mm, o que equivale a R$ 0,76/ação.
ESG. Considerando o programa Marfrig Verde +, a companhia anunciou a reinclusão de 2.407 fazendas, que agora operam de acordo as suas diretrizes. Ademais, vimos um avanço de 100% do controle de fornecedores indiretos, além do total de 71% de indiretos na Amazônia e 72% no Cerrado já são rastreados. Por fim, a Marfrig reportou o seu 13º relatório anual de Sustentabilidade.