Resiliência nos resultados
O 3T22 foi marcado por resultados resilientes, porém com margens mais comprimidas para JBS – conforme já esperado pelo mercado –, recuo considerável das operações do Beef North América e queda acima de nossas expectativas da rentabilidade da JBS Brasil. De modo geral, o top line se manteve robusto, com recorde histórico nesse período, dado a preços ainda atrativos, alcançando o montante de R$ 98.928 mm no trimestre (+5,7% R/E, +7,3% t/t e +6,8% a/a), levemente superior às nossas expectativas. Apesar de receita forte, os custos se sobressaíram, com uma margem bruta de 16,4% (+ 3,1 p.p. R/E, -1,6 p.p. t/t e -2,8 p.p. a/a). As despesas avançaram significativamente no período, em congruência com o cenário global, totalizando R$ 9,2 bi (+11,8% R/E, +9,0% t/t e +10,6% a/a), dado o aumento dos gastos com frete e logística. Por fim, a JBS apresentou um EBITDA de R$ 9.546 mm (+47,1% R/E, -5,2% t/t e -27,6% a/a), com margem de 9,6% (+2,7 p.p. R/E. -1,2 p.p. t/t e -1,5 p.p. a/a), ainda superior ao histórico, mas já apresentando um forte recuo ante a 2021 e 1S22.
A esperada normalização das margens nos Estados Unidos começou a se manifestar com mais evidência nesse trimestre, com custos superiores do animal nos EUA, além de despesas com logística e frete ainda no radar. Reiteramos que a plataforma multiproteíca e globalmente diversificada é uma vantagem competitiva significativa da JBS, que a distingue entre os outros players do mercado, dado que ameniza os impactos do ciclo e de externalidades. Mesmo com margens comprimidas e um consequente bottom line menos volumoso ante ao inusual resultado dos últimos períodos, a estrutura da companhia, com saúde financeira exemplar, deve continuar entregando resultados sólidos. Assim, mantemos a nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para JBSS3 YE22 em R$ 49/ação.
JBS Brasil. Apesar de um top line robusto, as margens enfraqueceram, ficando abaixo de nossas expectativas. No trimestre, a JBS Brasil apresentou uma receita líquida superior ao nosso esperado de R$ 16,2 bi (+21,3% R/E, +15,1% t/t e +5,0 a/a), com crescimento do volume e preços positivos no exterior. Contudo, em detrimento do elevado custo com animal, demanda enfraquecida e consequente recuo do preço no mercado interno, a JBS exibiu uma margem de 5,1% (-1,7 p.p. R/E, -0,6 p.p. t/t e -1,0 p.p. a/a). Como o segmento é mais exposto ao mercado doméstico, a evolução da Friboi dependerá da melhora da situação financeira da população, assim como avanço da disponibilidade de animais para abate, que já apresenta projeções robustas.
Seara. A Seara entregou mais um trimestre robusto, em linha com as nossas expectativas. Beneficiada pelo forte aumento dos preços, demanda externa aquecida pela proteína de frango, além de um resultado superior do mercado doméstico. Visto isso, a receita atingiu o montante de R$ 11,8 bi (+4,3% R/E, 10,2% t/t e 22,3% a/a). O preço médio de venda para exportação - que representou 55% da receita - e câmbio favorável, também refletiram positivamente na margem EBITDA de 15,1% ( -0,3 p.p.R/E, +1 p.p. t/t e +4,9 p.p. a/a). Para o segmento, as perspectivas continuam positivas, levando em conta o cenário externo que enfrenta dificuldades na oferta de carne de frango, os efeitos positivos da demanda com Copa do Mundo e a intensificação da transição das preferências com situação inflacionária global.
Beef North America. A performance do Beef North America absorveu o aumento do custo com boi gordo nos EUA e inflação dos insumos, o que proporcionou uma compressão mais intensa da margem EBITDA, que ficou em 8,7% (+0,1 p.p. R/E, -2,6 p.p. t/t e -16,7 p.p. a/a), em linha com a nossa expectativa. A receita se equiparou ao resultado do 2T22, por mais que prejudicada pela sequencial redução do preço da proteína bovina no atacado, devido ao aumento do volume no curto prazo, o que trouxe uma maior liquidação do produto pelos varejistas. Desse modo, o top linetotalizou R$ 29,2 bi (+1,2% R/E, +7,3% t/t e -4,8% a/a), fortemente beneficiada pela valorização do câmbio.
Austrália. No trimestre, as operações na Austrália exibiram margens inferiores ao nosso esperado, enquanto a receita ficou em linha com o 2T22. Visto isso, o segmento apresentou um top line de R$ 8,7 bi (+15,7% R/E, +6,0% t/t e +19,5% a/a). Contudo, a elevação do custo com gado e desafios diante da escassez de mão de obra trouxeram uma margem EBITDA de 5,6% (-2,4 p.p. R/E, -3,0 p.p. t/t e -3,2 p.p. a/a).
USA Pork. A USA Pork entregou um top line de US$ 2.125 mm (+10,6% R/E, +0,7% t/t e +1,6% a/a), dado os preços robustos no mercado interno e volume adicional da Swift Prepared Foods. O cenário doméstico mais desafiador – com redução da produção –, bem como aumento dos custos com grãos, animais para abate e demais insumos, geraram uma forte contração do EBITDA, que totalizou US$ 92,7 mm (-56,6% t/t e -62,8% a/a).
Pilgrim’s Pride. Para PPC, o resultado no comparativo anual se manteve forte. Contudo, no trimestral o cenário econômico do México mais adverso para o consumo, além das doenças sazonais no país e recuperação das operações na Europa, proporcionou uma receita líquida de US$ 4,5 bi (-3,5% t/t e +16,8% a/a), com margem EBITDA de 10,3% (-3,2 p.p. t/t e +1,2 p.p. a/a). Em contrapartida, foi visto uma demanda resiliente nos EUA, com uma procura superior pela carne de frango no varejo e food service, amortizado a queda da PPC. Com expectativa da JBS de um melhor desempenho da Europa, em razão da estratégia de otimização produtiva pela companhia no continente, assim como demanda global favorecendo o consumo de carne de frango, vemos que o cenário para o Pilgrim’s continua positivo.
Endividamento e Resultado Financeiro. A JBS divulgou um resultado financeiro de 40,4% inferior ao 2T22, de -R$1,5 bi (57,3% R/E e 35,1% a/a), em resposta a reversão do resultado das variações cambiais e perdas inferiores com impostos, tarifas e outros gastos. A dívida bruta foi de R$ 94,9 bi (-2,6% t/t e +12,5% a/a), enquanto a líquida avançou 0,2% t/t, com R$ 78,3 bi (28,2% a/a), visto o recuo de 13,8% t/t no caixa e equivalentes. Nesse sentido, a alavancagem ficou em 1,81x em reais, ainda saudável, mas superior ao valor de 1,64x vistos no 2T22. O fluxo de caixa livre fechou em R$ 3,2 bi no trimestre.
Resultado e Dividendos. Por fim, a JBS apresentou um lucro líquido de $ 4,0 bi (+170% R/E, -13% t/t e -47,5%), o que proporcionou o anúncio de distribuição de dividendos intercalares no montante de R$ 2,2 bi (R$ 1,00/ação), referentes do resultado do 3T22.
Avanços em ESG
E. Ingressando no mercado de saúde e nutracêuticos, a JBS inaugurou a Gunu-in, companhia especializada em peptídeos de colágeno e gelatina, assim expandindo sua a economia circular, dado que utiliza como base produtiva os coprodutos da cadeia bovina. A Seara busca até o início de 2023 incrementar de 19 para 200 o número de caminhões 100% elétricos. A Pilgrim’s Pride efetuou um investimento para converter o metano em energia renovável na Louisiana.
S. Não houve menção sobre avanços sociais no período.
G. No 3T22 a JBS anunciou a criação do Comitê Executivo Global de Compliance, em busca de promover e fortalecer as práticas de compliance em toda a sua estrutura. A companhia também informou o ingresso de dois novos diretores, com o Jason Weller para o cargo de Diretor Global de Sustentabilidade, bem como Michael Koenig que atuará como Diretor Global de Ética e Compliance.