Desconto acima da média
A Itaúsa apresentou resultado positivo com lucro líquido recorrente de R$ 3.018 mm (+5,5% a/a) e ROAE recorrente de 18% (-110 bps a/a). O resultado foi direcionado principalmente pelo resiliente resultado nos investimentos do setor financeiro, com o Itaú se mantendo praticamente estável e XP avançando 138% a/a. Já no segmento não financeiro, o forte crescimento no resultado da NTS e Copa Energia compensaram a queda de lucratividade na Alpargatas e na Dexco. O resultado financeiro na holding piorou por conta da maior taxa de juros no período e também pela despesa com juros da 4a emissão de debêntures, que financiou a compra da Aegea. Por fim, a holding reportou um Net Asset Value de R$ 96.311 milhões em junho/22 e um desconto de 23,6%, que em julho aumentou para 24,3% e mostrou um desconto acima da média histórica de 22%, o que em nossa opinião não condiz com a boa qualidade dos ativos da companhia e mesmo com o tradicional desconto de holding dado aos custos e ineficiência tributária. Mantemos nossa recomendação de compra para ITSA4 com preço-alvo FY22 de R$ 12.
Setor Financeiro.
As companhias do setor financeiro apresentaram bom desempenho, com saldo de R$ 2.826 milhões (+3% a/a) no período com o Itaú Unibanco trazendo um resultado para a holding de R$ 2.704 mm (+0,5% a/a) e a XP Inc. contribuindo com R$ 121 mm (+138% a/a). O resultado do Itaú, que reportou lucro líquido (atribuível aos acionistas) de R$ 7.355 (+1% a/a) e ROE de 19,2% (-3,9 p.p. a/a) no qual trouxemos nossa análise neste comentário, foi positivo e mostrou um melhor mix de crédito, com evolução na margem financeira, receitas com serviços e seguros, compensando um resultado fraco com tesouraria e uma maior despesa com PDD, apesar do banco ainda se mostrar sólido e resiliente diante da ótima qualidade de crédito. A XP reportou lucro líquido (atribuível aos acionistas) de R$ 911 milhões (-2,1% a/a) que foi impactado por uma maior despesa com pessoal por conta de investimentos em novas verticais de negócios. Por outro lado, a instituição trouxe bons avanços operacionais com crescimento de 4% no AuC, carteira de crédito atingindo R$ 12,9 bilhões e TPV crescendo 14% a/a com o maior crescimento do negócio de varejo.
Setor Não Financeiro
As companhias não financeiras contribuíram com um total de R$ 486 mm (+111% a/a) para a holding, com a Alpargatas e Dexco reportando quedas nos lucros, com saldo de R$ 19 mm (-46% a/a) e R$ 77 mm (-18% a/a), respectivamente. Já o destaque positivo foi para a NTS e Copa Energia que contribuíram com R$ 364 mm (+281% a/a) e R$ 33 mm (+433% a/a), respectivamente. Tanto a Alpargatas, quanto a Dexco enfrentaram um cenário adverso para o consumo com demanda retraída e forte pressão inflacionária e dos juros, mas ainda assim apresentaram incremento nas receitas. O lucro líquido da Alpargatas foi de R$ 64 mm no trimestre com queda de 40,2% a/a com ROE de 4,6% (-8,9 p.p. a/a). Já o lucro da Dexco foi de R$ 169 mm com queda de 76,4% a/a e ROE de 12% (-41,7 p.p. a/a). Na NTS (transporte de gás) o lucro líquido foi de R$ 743 mm (-1,8% a/a), impactado pelo novo nível de endividamento da companhia após incorporar a NISA refletindo maiores despesas financeiras. Por outro lado, houve incremento de 17,8% a/a nas receitas com reajustes contratuais. A Aegea (saneamento) trouxe R$ 6 mm de prejuízo para a holding, reportando em seu balanço R$ 76 mm em prejuízo líquido, revertendo lucro de R$ 116 mm no 2T21 devido à maior despesa financeira em função do maior custo da dívida e efeito não-recorrente relacionado à antecipação de dívidas. Por outro lado, houve incremento de 28,1% nas receitas devido à entrada em operação das novas concessões e expansão da rede nas demais concessões, além de reajustes tarifários. Por fim, na Copa Energia, o resultado líquido foi de R$ 67 mm (+455,6% a/a) influenciado pelo avanço da receita de 21% a/a com aumento de preços que pressionaram os volumes vendidos, mas compensados por um forte um EBITDA recorrente, que avançou com incremento do preço médio, manutenção do market share e controle de despesas.
Gestão do portfólio e alavancagem.
No 2T22, ao anunciar a compra de 10,33% de participação na CCR no montante de R$ 2,9 bilhões, a holding se utilizou de uma combinação de recursos, tais como a venda de 7.000 mm de ações da XP - reduzindo sua participação para 10,31% no negócio - e sua 5a emissão de debêntures efetivada em agosto. Em call de resultados, a administração deixou claro o uso da sua participação na XP ao longo do tempo para fazer caixa casando com a amortização da dívida. Além disso, a holding deve frear o ritmo de novas aquisições no curto e médio prazo em prol da maturação e geração de dividendos dos novos negócios. A companhia reportou um nível de alavancagem de 4,6% no 2T22, no qual consideramos adequado tendo em vista sua geração de caixa e fluxo de amortizações no futuro.