Lucro, mas sem solidez nos resultados.
O IRB Brasil Re reportou um lucro líquido de R$ 9 milhões (-89,4% a/a e -82,3% Inter Research) com ROAE de 1% (-8 p.p. p.p. a/a e -4 p.p. Inter Research). De modo geral o resultado trouxe tendências fracas no trimestre, com prêmios emitidos caindo muito acima do esperado, efeitos de retrocessões mais baixos beneficiando o prêmio ganho, que não fosse por menores variações das provisões técnicas e menores retrocessões, a sinistralidade ainda prejudicaria o resultado. Ainda não é o resultado positivo com solidez que gostaríamos para a companhia, que neste trimestre queimou R$ 411,2 milhões de caixa com maior volume de sinistros, ante uma queima de R$ 288 milhões no 1T22 e geração de R$ 220 milhões no 4T22. Além disso, a suficiência regulatória do IRB continua em nível sensível com índice de 104,6%, não deixando margem para maior stress ou prejuízos ao longo do ano. Mantemos nossa recomendação Neutra com preço-alvo de R$ 27 FY23.
Prêmios emitidos retraem mais que o esperado. Os prêmios emitidos caíram 21% a/a totalizando R$ 1.583 milhões, onde observamos forte queda tanto no Brasil (-18,8% a/a) quanto no exterior (-24,5% a/a). No Brasil, a companhia retraiu em função de redução estratégica no segmento patrimonial (-25,8% a/a) e rural (-48,4% a/a), mas também com menor percentual de participação nas cedentes. No exterior, a estratégia de re-underwriting ainda reduz o nível de prêmios por lá e os principais segmentos com retração foram: Patrimonial (-30,6% a/a), Vida (-54,1% a/a) e outros (-38,8% a/a).
Prêmios ganhos melhoram marginalmente com menor retrocessão e provisões técnicas. Os prêmios ganhos totalizaram R$ 1.207 milhões (+4,9% a/a) refletindo principalmente o menor volume de variação das provisões técnicas e redução das retrocessões principalmente no exterior. O índice de retrocessão melhorou para 21,1% ante 30,3% no 1T22. Vale ressaltar que o melhor índice de retrocessão se refere a uma operação de LPT (loss portfolio transfer) para o exterior ocorrida no 1T23, sem a operação o índice teria piorada 0,8 p.p. a/a.
Sinistralidade ainda pressiona. Apesar da redução nas receitas, as despesas com sinistros permaneceram estáveis na comparação anual reportando R$ 933 milhões, o que resultou em uma sinistralidade de 77,3%, que melhorou em 3,7 p.p. a/a, principalmente pela melhor performance dos prêmios ganhos, já que em termos de prêmios emitidos houve significativa redução. No Brasil, os sinistros retidos caíram -20,9% a/am registrando sinistralidade de 76,2% (-14,8 p.p. a/a), enquanto no exterior avançaram 68,6% a/a, registrando sinistralidade de 79% (+19,4 p.p. a/a). A melhora no cenário doméstico se deu pela redução da sinistralidade nos ramos rural e de responsabilidade (em outros). No cenário internacional a piora da sinistralidade se deu por efeitos de LPT no patrimonial que reduziram efeitos no 1T22, contudo, os segmentos de aviação e vida ainda reportam níveis elevados de sinistralidade devido a efeitos de cauda dos contratos descontinuados.
Resultado com underwriting melhora no Brasil, mas exterior compensa negativamente. O resultado operacional (underwriting) registrou R$ 3,7 milhões, revertendo prejuízo de R$ 96,4 milhões, direcionado principalmente pelas operações no Brasil nos ramos de vida, rural e riscos especiais. Contudo, a operação nacional foi compensada pelo exterior com resultados mais fraco principalmente no ramo de vida dada a maior sinistralidade por lá.
Despesas ex-acordo DoJ controladas e resultado financeiro mostra bom nível ex-ganhos não recorrentes no 1T22. As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 88 milhões (+25% a/a) com efeitos do acordo feito com o DoJ, que impactaram em R$ 25,4 milhões, ex-one-off as despesas teriam melhorado em 11% a/a com índice de despesas administrativas reportando taxa de 5,2% (+0,1 p.p. a/a). Por fim, o resultado financeiro reportou piora de 43,9% a/a devido a resultados positivos não recorrentes de ganhos com ações judiciais ocorridos no 1T22, retirando esses efeitos, o resultado teve um avanço 35% a/a.