Renda Variável


Inter Setores | Construção | Março 2023

image001

Gustavo Caetano

Publicado 10/mar5 min de leitura

Sinais de reação

/ Apesar da conjuntura ainda desafiadora, em especial com maior restrição de crédito e revisão ascendente do IPCA no boletim Focus, o segmento de construção reverteu parcialmente o pessimismo dos meses anteriores.

/ No último mês de janeiro, a captação líquida da poupança manteve viés negativo, com continuidade de queda do saldo consolidado. No crédito imobiliário, foi novamente registrado marginal no volume de originação, bem como elevação do custo médio de financiamento.

/ Apesar do cenário ainda desafiador, o setor surpreendeu positivamente na geração de empregos formais. Em correção às recentes quedas, o índice de confiança avançou na última coletada, embalado pela melhora no índice de expectativas. Nesse sentido, o setor digeriu positivamente o relançamento do MCMV, que trouxe de volta a faixa 1 do programa.

/ Nos dados de inflação, o prognóstico permanece positivo. Os custos de construção seguem em tendência de queda puxada pelo arrefecimento dos materiais de construção, bem como pelo comportamento mais benigno da mão de obra.

/ Nos dados operacionais referente a nov/22, o setor de construção manteve dados positivos em vendas, lançamentos e distratos. Por outro lado, o setor registrou no período queda no volume de unidades entregues.

Crédito e Poupança

/No último mês de 2022, o crédito imobiliário destinado à pessoa física teve queda marginal de 10% no volume de originação, atingindo o nível de R$ 13,3 bi. Seguindo a tendência de restrição de crédito ao setor, a taxa média de financiamento teve nova alta ante o mês anterior, com taxa anualizada média de 10,7% (+ 0,2 p.p. m/m).

/Em fev/23, a captação líquida da poupança registrou resultado negativo de R$16,9 bi. Esse resultado reforça nossa tese de deterioração do indicador para ano que, após um prolongado hiato, já sente os efeitos da política monetária restritiva.

/Esse movimento reforça a tendência de queda do saldo consolidado em poupança, o que deve gerar menor liquidez de crédito – e, consequentemente, maior custo financiamento – para a construção civil ao longo de 2023. Após o forte saída observada em jan/23, o saldo consolidado encerrou o mês em R$ 962 bi.

Confiança e Emprego

/Diante do maior otimismo com o relançamento do novo MCMV, o segmento de construção registrou melhora no índice de confiança de construção, que avançou para 94,4 pontos (+0,8 p.p. m/m). Enquanto o índice de situação atual mostrou sinais ainda deteriorados com queda para 93,4 pontos, o índice de confiança foi puxado pela substancial melhora observada no índice de expectativas, que avançou 3,5 p.p. ao atingir os 95,6 pontos.

/ Em reação aos números deteriorados dos meses anteriores, setor de construção registrou saldo positivo nos dados do Caged de jan/23, com 38.965 novas vagas geradas, uma alta de 6% sobre o mesmo período do ano anterior.

/O resultado foi alcançado devido à abertura de 198.850 novas vagas abertas, enquanto outros 159.885 postos foram encerrados. Com o resultado de janeiro, o setor de construção começa 2023 com saldo acumulado de 204.995 vagas líquidas geradas nos últimos 12 meses.

Custos

/Após a alta de 0,21% no mês anterior, IGP-M registrou variação negativa em fev/23, de -0,06%. O resultado foi puxado pela forte correção observada nas commodities, que sustentou a queda do IPA que caiu 0,20% e acumula alta de apenas 0,42%. No mesmo período, o IPC desacelerou para 0,38%, ante uma alta de 0,61% no mês anterior, puxado pela correção observada em diversos grupos da cesta. Por fim, o INCC-M também deu sinais de arrefecimento, com alta registrada de 0,21%.

/Na composição do índice de construção, destacamos o comportamento benigno observado nos grupos de mão-de-obra, bem como a queda reportada nos materiais de estrutura, como por exemplo o metálico. Por outro lado, o grupo de serviço apresentou maior pressão no mês de fevereiro, com destaque para a alta de 1,9% observada nos serviços técnicos.

/Nos dados de inflação da Sinapi referente a fev/23, destacamos a nova desaceleração observada no grupo de matérias primas, em conjunto com estabilidade registrada na mão-de-obra.

Lançamentos e Vendas

/Em nov/22, o setor registrou o lançamento de 17 mil novas unidades, uma alta de 12% no a/a, atingindo uma média móvel de 12,2 mil unidades nos últimos 12 meses. Apesar da aceleração observada na margem, o volume lançado pelo segmento de média-alta renda foi fraco dentro do comparativo anual. Por outro lado, o segmento de baixa-renda registrou no período forte recuperação no volume lançado, o que sustentou os números positivos no consolidado.

/No mesmo período, o segmento encerrou o mês com 12 mil unidades vendidas, uma alta de 13% no a/a, bem como de 6% na margem. Apesar do desempenho ainda fraco observado dentro do segmento de baixa renda, o média-alta renda apresentou novamente números sólidos e sustentou a alta do mês.

Distratos, Entregas e Oferta

/Apesar do maior volume vendido, o nível de distratos se manteve trajetória descendente, com menos de mil unidades distratadas em novembro, sustentado pela estabilidade observada dentro do segmento de média-alta renda, bem como queda robusta dentro da baixa renda. Com isso, o setor atingiu uma média móvel de 1,3 mil unidades distratadas nos últimos 12 meses, queda de 2,4% no a/a.

/Com volume estável, as construtoras registraram fraco volume de unidades entregues no montante de 5,4 mil (-47% a/a), puxado pela queda de entregas registradas em todos os segmentos de renda.

/ Com 138 mil unidades, o volume de unidades ofertadas registrou leve crescimento em nov/22.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail