Renda Variável


Inter Setores | Bancos | Fevereiro 2023

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Matheus Amaral

Publicado 13/fev

Crédito continua desacelerando e temporada de resultados traz efeito Americanas

No cenário de crédito, os dados de dezembro continuaram trazendo a tendência de desaceleração nas concessões, onde a indústria se mostrou mais restritiva no crédito sem garantia, mas neste mês mostrando a inadimplência total estabilizada, com o segmento de pessoas físicas caindo 10 bps m/m, mas ainda reportando níveis acima da média nas linhas de cartão de crédito, crédito pessoal não consignado, veículos entre outros. O segmento PJ ainda vê maior crescimento em linhas de capital de giro e cartão de crédito, além de uma inadimplência abaixo da média histórica no segmento de grandes empresas, com as MPMEsreportando mesma tendência da pessoa física.

Os resultados do 4T22 mostraram tons em linha com o que víamos nos trimestres passados, trazendo maiores impactos do caso Americanas nas despesas com provisões para players como Bradesco e Santander, e com menor impacto no Itaú, que manteve um resultado sólido no trimestre, diferente dos pares privados que para além do caso Americanas, mostraram maior ritmo de deterioração da qualidade de crédito, com o Bradesco ainda enfrentando maiores dificuldades. Por outro lado, vimos as linhas de serviços em todos os players com bom desempenho, ganhando destaque as rendas com cartão de crédito devido à sazonalidade do período e os resultados com seguros, beneficiados pelo melhor resultado financeiro, além de fortes vendas e reajustes em apólices.

Cenário macro

 

Crédito

O saldo de crédito continua desacelerando. Em dezembro, o saldo de crédito foi de R$ 5.326 bilhões, com crescimento de 1,3% m/m e 14,0% a/a, desacelerando frente a novembro que havia reportado crescimento de 14,6% a/a. A tendência na linha de pessoas físicas continua de desaceleração com crescimento de 0,8% m/m (ante 1,3% m/m em novembro) e 17,4% a/a (ante 18,3% a/a em novembro) com o movimento mais acentuado nas linhas de crédito pessoal não consignado, cartão de crédito e veículos. O crédito para pessoas jurídicas avançou 2,1% m/m e 9,3% a/a, mantendo o mesmo ritmo de novembro. Os destaques em PJ foram as linhas de cartão de crédito e cheque especial.

As concessões totalizaram R$ 550 bilhões em dezembro, crescimento de 8% m/m e de 9% a/a, mantendo a desaceleração ante novembro que mostrou crescimento de 10% a/a. No segmento de pessoas físicas o saldo foi de R$ 286 bilhões (-0,5% m/m e +11,3% a/a), já no ramo PJ o saldo foi de R$ 264 bilhões (+19,1% m/m e +6,6% a/a). Na pessoa física os destaques foram para o cartão de crédito, cheque especial e rural. Já em PJ os destaques de dezembro ficaram para capital de giro, cartão de crédito e BNDES.

A inadimplência total registrou 3,0% estável na comparação mensal e +70 bps a/a, com uma taxa acima da média de 2019. Os movimentos de deterioração seguem concentrados no segmento PF registrando taxa de 3,8% (-10 bps m/m e +80 bps a/a) em dezembro. Continuamos observando maior deterioração e níveis acima da média em linhas sem garantia, caso das linhas de crédito não consignado (taxa de 7,8% e +10 bps m/m), cartão de crédito (taxa de 7,7% e -10 bps m/m) e cheque especial (taxa de 13,4% e +80 bps a/a). Já no segmento PJ a taxa atingiu 1,7%, estável dede outubro e +70 bps a/a. A inadimplência no segmento PJ continua em níveis abaixo da média histórica, com a única linha acima da média histórica sendo o cheque especial, e algumas buscando normalização como capital de giro e desconto de duplicatas.

As taxas médias de juros registraram 29,9% em dezembro, com queda de 110 bps m/m e +560 bps a/a. As taxas que vinham avançando constantemente perderam força em dezembro, com maior queda no segmento PF que registrou taxa de 35,6% (-150 bps m/m e +700 bps a/a) com destaques para as quedas no cartão de crédito (-640 bps m/m), crédito não consignado (-440 bps m/m) e cheque especial (-160 bps m/m). No segmento PJ também observamos queda na comparação mensal com taxa de 19,8% (-20 bps m/m e +260 bps a/a) com destaques para as quedas nas linhas de cartão de crédito (-1.130 bps m/m), desconto em duplicatas (-60 bps m/m) e rural (-10 bps m/m).

Market share das principais instituições por linha de crédito - Pessoa Física

O mercado de crédito ainda possui uma alta concentração nos players de grande porte. A linha de Cartão de Crédito é a que tem demonstrado maior disputa com novos entrantes. Por outro lado, começa-se a ver movimentos mesmo que ainda tímidos no crédito pessoal. No imobiliário, veículos e consignado percebemos maior avanço de share do Itaú, apesar do mercado ter freado as concessões financiamento automotivo.

Mercado de Capitais e Fundos de Investimento

O volume de emissões no mercado de capitais registrou R$ 25,7 bilhões em janeiro/22 (-66% m/m e +41% a/a). Na queda mensal, além da sazonalidade do período, o ambiente para o mercado de capitais continua desafiador dado os fundamentos macro ainda com maiores incertezas, já na comparação anual, as emissões em Renda Fixa seguem se beneficiando da demanda e também volume de debêntures no mês.

Na indústria de fundos, observamos um resgate líquido de R$24,6 bilhões, pelo terceiro mês consecutivo, mas melhorando o nível versus o resgate líquido de R$ 130,4 bilhões ocorrido em dezembro. Os fundos multimercados foram destaque em resgates com R$ 17,6 bilhões em janeiro, seguido pelos fundos de ações com R$ 9,2 bilhões e FIDC com R$ 5,6 bilhões.

O patrimônio líquido total dos fundos cresceu 0,6% m/m com destaque para os fundos de renda fixa (+1,5%), Ações (+1,2%) e Previdência (+1%). Na ponta negativa, os ETFsperderam 7,5% e fundos cambiais 5,3%.

Em volume financeiro das transações, o Pixatingiu R$ 1,2 trilhão em janeiro, novo recorde (+13,3% m/m), acelerando forte versus os meses anteriores. A quantidade de transações segue crescendo e totalizou no mês 2,9 bi (+10% m/m). O ticket médio do Pixpassou a avançar desde dezembro registrando R$ 423,7 (+3,3% m/m). Sua representatividade no sistema de pagamentos se manteve em 22% em janeiro, enquanto TED avançou 100 bps indo para 68% e o boleto caiu 100 bps para 9%.

O TPV na indústria de cartões mostrou desaceleração até setembro/22 ainda se mantendo em patamares acima do reportado no ano passado. Em setembro o TPV do crédito avançou 21% a/a, enquanto no débito o avanço foi de apenas 1% a/a. Já o pré-pago mantém forte crescimento com alta de 75% a/a. Contudo os três segmentos mostraram desaceleração no mês.

Confira o Parnorama Pixaqui.


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