Renda Variável


Grupo SBF | Revisão de Preço

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Breno de Paula

Publicado 01/nov3 min de leitura

Favorito na maratona

Revisamos as nossas estimativas para o Grupo SBF e atualizamos o nosso modelo de fluxo de caixa descontado, de forma a incorporar: (i) um incremento do mercado potencial de moda esportiva, fashion e casual; (ii) nossas premissas macroeconômicas atualizadas; (iii) uma revisão no crescimento orgânico da companhia e (iv) transferência do horizonte de investimento do final de 2022 para o final de 2023. Nosso preço-alvo se manteve em R$35,00 YE23 e reforçamos a recomendação de compra para as ações da companhia.

Utilizamos o modelo de fluxo de caixa descontado de 10 anos e WACC de 12,32%. O valor terminal foi constituído com crescimento de 5% na perpetuidade, com 2/3 de peso e pelo método do múltiplo de saída, com 1/3 de peso e EV/EBITDA = 5,5x no último ano da projeção.

Tese de Investimento

O Grupo SBF reúne um ecossistema com seis empresas sendo Centauro e Fisia as mais relevantes em receita. A Centauro é a varejista de artigos esportivos que mais fatura no Brasil. Suas 231 lojas em 25 Estados mais Distrito Federal conferem à empresa capilaridade de vendas e distribuição. Já Fisia é a representante e distribuidora exclusiva da Nike (maior marca esportiva do mundo) no Brasil.

Os principais vetores de crescimento da companhia são: (i) o mercado potencial de moda esportiva, fashion e casual; (ii) seu ecossistema que pretende aproximar e fidelizar o cliente; (iii) estratégia de crescimento através da redução das falsificações e (iv) estratégia de crescimento do canal DTC (direct to consumer).

A tática do vencedor

O mercado esportivo brasileiro sempre possuiu uma alta correlação com o desempenho econômico do país, sendo a renda e a disponibilidade de crédito os principais drivers de monitoramento. Porém, apesar dos efeitos macroeconômicos negativos dos últimos anos, incluindo o período da pandemia, o mercado de roupas esportivas prosperou. Os cuidados com a saúde e qualidade de vida aumentaram com a Covid-19 e nos últimos meses uma onda de novos praticantes de diversas modalidades esportivas apareceram. Concomitante, as adesões ao home office e modelo híbrido de trabalho aumentaram e, com isso, as pessoas passaram a buscar roupas mais leves (comfort/fitness wear) para trabalhar de casa. É esperado pelo Euromonitor um CAGR no mercado de roupas esportivas de 7% nos próximos cinco anos, chegando a R$ 33 bilhões em 2025. Já o mercado de fashion/casual, que pode ser mais explorado pela Fisia, movimentou R$ 130 bilhões em 2021.

Ciente desse movimento, o Grupo SBF vem desde 2020 investindo na construção de um ecossistema capaz de atrair novos clientes e engajá-los com a rotina esportiva. O Grupo conta atualmente com Centauro, Fisia, NWB (maior rede de canais digitais esportivos do país e dona dos canais Desimpedidos, Fatality, Falcão 12, Acelerados, Desimpegames, Camisa 21, Passa a Bola e mais de 140 canais afiliados), Onefan (sportstech criada para potencializar a relação dos torcedores e fãs com as entidades esportivas), X3M (empresa especializada na organização de corridas e eventos esportivos) e FitDance (maior plataforma de dança do Brasil, com mais de 10 bilhões de views no Youtube).

Outro vetor importante de crescimento é a estratégia de redução da pirataria. No mercado esportivo estima-se que 35% dos produtos comercializados são falsificados. Em 2021, o prejuízo do mercado com artigos esportivos falsos foi de R$ 9 bilhões. Aumentar a penetração dos produtos originais, sobretudo no canal online é uma das táticas do Grupo SBF para combater a pirataria. A ideia é de que explorar o e- commerce, aumenta o acesso aos produtos legítimos, ajuda na construção da marca e mitiga a compra do produto não licenciado.

Por fim, a última avenida de destaque é o aumento da relevância do DTC (direct to consumer) em detrimento do Atacado na receita de Fisia. O interesse por trás dessa estratégia é a margem bruta 2x maior no DTC, pois a fabricante fornece direto para o consumidor final, cortando os intermediários. Para concretizar esse objetivo, o Grupo SBF tem três planos: (i) aceleração do digital (criação do Nike App e aumento do sortimento); (ii) abertura de lojas (atualmente Nike tem apenas 5 lojas no Brasil) e; (iii) expansão do valor da marca (explorando diferentes conceitos de lojas, desde as mais democráticas até as de localização triplo A).

Riscos

Os principais riscos para o Grupo SBF envolvem: (i) falha na capacidade de prever e responder às novas tendências de consumo com agilidade; (ii) falha na capacidade de atrair novos clientes e manter os atuais; (iii) deterioração do cenário macroeconômico, impactando a renda, emprego, crédito e câmbio e (iv) falha na avaliação da abertura de novas lojas, provocando sobreposição e, portanto, canibalização do faturamento.

Prévia do 3T22

Esperamos uma performance positiva em vendas, com recuperação nas margens no t/t, mas levemente abaixo no a/a e pressão no resultado financeiro. O resultado do Grupo SBF será divulgado hoje, após o pregão.

Esperamos crescimento orgânico, com ganhos de receita e margem bruta em ambos os segmentos operacionais (Centauro e Fisia), alcançados pelo repasse de custos e maior fluxo de pessoas nas lojas físicas. Projetamos receita líquida de R$1.796 milhões (+23% t/t e +21% a/a) e EBITDA de R$254 milhões (+65% t/t e +1% a/a). Apesar dos bons operacionais, a elevação da taxa de juros base da economia segue impactando os resultados financeiros, de modo que esperamos lucro líquido de R$70 milhões (+122% t/t e -68% a/a).


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