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Global Markets | Temporada de Balanços

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Gabriela Joubert

Publicado 14/jul6 min de leitura

Bancos norte-americanos | Parte 1

Após o teste de estresse do FED ter trazido certo alívio ao setor financeiro, mercado agora fica atento à temporada de balanços do 2T23, com JP Morgan, Wells Fargo e Citigroup dando início nesta sexta-feira. O que foi observado até agora foram números superando expectativas, em virtude de uma maior resiliência na economia norte-americana, a despeito da política monetária mais restritiva, com resultados beneficiados por receitas de juros e melhora, mesmo que leve, do braço de investimentos. No entanto, os principais bancos norte-americanos sugerem cautela para os próximos meses, uma vez que o patamar ainda elevado de juros pode seguir surtindo efeito no consumo e prejudicando o ambiente de negócios, o que fez com que os bancos elevassem suas linhas de provisões ante o observado no ano passado. Mesmo assim, vimos revisão para cima dos guidances para o ano, com os bancos esperando que os fatores positivos ainda se sobreponham, levando à forte recuperação no NII, e com isso maiores pagamentos de dividendos.

JP Morgan – (JPM/JPMC34). O JP Morgan reportou números acima das expectativas, com resultado beneficiado por receitas com juros sobre empréstimos, além dos efeitos positivos da incorporação do First Republic Bank, depois da aquisição em maio. O NII do banco somou US$ 21,9 bi, alta de 44% a/a (+38% se excluídos os ativos do First Republic) e 3% acima das expectativas. Além disso, o banco espera entregar um NII de US$ 87 bi para este ano, acima das projeções de mercado, que apontam um NII de US$ 83,4 bi. O otimismo advém das melhores perspectivas para o ano no segmento de Investimento, uma vez que, após mais de um ano parado, o mercado volta a mostrar sinais de retomada. Além disso, apesar do nível mais elevado dos juros norte-americanos, o banco ressaltou que o consumo segue saudável, mesmo que em ritmo menor, e que o balanço dos clientes tem se mostrado resiliente. Neste sentido, o CEO do banco, Jamie Dimon, ressaltou os receios quanto ao impacto da inflação e juros na economia e ainda afirmou que poderíamos ter uma taxa de juros chegando em 6% - 7%, em razão da inflação e números de mercado de trabalho ainda persistentes, o que poderia impactar o apetite por crédito. Por outro lado, as receitas de Investimentos avançaram 11% comparada ao 2T22, ficando em US$ 1,5 bi, enquanto a receita com trade recuou 10% a/a, com retração tanto em operações de renda fixa quanto de ações. Outro ponto de atenção no resultado foi o volume de provisões, que somou US$ 2,9 bi, mais que dobrando dos níveis do ano anterior. O LPA ficou em US$ 4,98, 80% maior a/a e 25% acima do esperado. Os resultados do JP Morgan costumam servir como um bom termômetro da economia norte-americana em razão de sua capilaridade e representatividade no país.

Fonte: Bloomberg

Citigroup (C/CTGP34). Apesar de ter batido as expectativas dos clientes ao reportar NII 16% maior que o observado no mesmo período do ano passado, em US$ 13,9 bi (+7% R/E), o banco decepcionou com queda expressiva de 40% a/a nos lucros, que ficaram em US$ 2,8 bi, impactado por custos maiores que o esperado referente a plano de demissão no período, além de aumento das provisões para o ano. Quando olhamos as receitas da instituição, vimos também benefício do aumento de fluxo no segmento de Investimentos, assim como nos concorrentes, e nesta linha os números do Citibank avançaram 24% a/a, para US$ 612 mm. No entanto, as receitas de mercado recuaram 13% no período, seguindo o movimento observados nos pares. Já sua unidade de serviços e plataforma de trade teve crescimento de dois dígitos na comparação anual. Em conferência a investidores e analistas, o CFO do banco, Mark Mason, afirmou que a economia norte-americana segue resiliente e os balanços dos clientes varejo e corporativos continuam saudáveis. No entanto, ressalta-se os receios de que a inadimplência possa aumentar nos próximos meses, como efeito da atual política monetária. O LPA calculado ficou em US$ 1,37, 40% menor que o 2T22 e 5,6% acima do projetado.

Fonte: Bloomberg

Wells Fargo (WFC/WFCO34). Também beneficiado por receitas de juros após elevação da taxa básica de juros pelo FED, o Wells Fargo reportou números bem acima do esperado, com lucros avançando 57% ante o patamar do 2T22. O NII cresceu 29%, para US$ 13,2 bi, 2,4% acima do projetado, o que fez com que o banco revisasse seu guidance no ano para cima, agora esperando um NII de US$ 51,3 bi, avanço de 14% versus 2022. Apesar de reforçar a resiliência da economia norte-americana e sinalizar um cenário um pouco mais favorável para o braço de investimentos, conforme operações de IPO e novas emissões voltam ao radar, o CFO do banco, Michael Santomassimo, afirmou que esperam um arrefecimento dos negócios, conforme o efeito da política monetária restritiva em curso fique mais evidente. Isso justifica o aumento de US$ 949 mm nas provisões do banco, com foco em potenciais perdas no ramo de Real Estate Comercial, assim como com Cartões. O LPA ficou em US$ 1,25, 52% maior que o 2T22 e 8% acima do consenso.

Fonte: Bloomberg

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