Renda Variável


Frigoríficos | Prévias 3T22

Foto_Manuela Granja - cópia

Manuela Granja

Publicado 08/nov8 min de leitura

Exportações em alta, enquanto margens EUA estremecem

Após trimestres recordes para o setor de frigoríficos, beneficiados pela volta das atividades, preços nas alturas e câmbio favorável, esperamos uma maior visibilidade da esperada normalização das margens das companhias expostas à América do Norte. Para atividades na região LATAM, as expectativas são mais positivas, em razão da forte demanda externa no trimestre, com destaque para China, e preços atrativos no período, que incentivaram as exportações. Além disso, a maior oferta de animais no Brasil deve amenizar os custos, assim refletindo positivamente nas margens no t/t.

Custos são beneficiados com maior oferta de animais. No trimestre a arroba média do boi recuou 3,4% t/t, cotado em R$ 313,7/@, com avanço da oferta de gado para abate no mercado. Nos Estados Unidos, custos avançam com alta de 3% do Live Cattle.O preço médio do boi reduziu 3% t/t, cotado em US$140,2/lb, espelhando o ingresso dos EUA no ciclo negativo, enquanto o cutout reduziu cerca de 1,5% no trimestre.

Receita de exportações de carne bovina e de frango avançam no t/t e a/a. As exportações de proteína bovina continuaram elevadas no 3T22, com dados da Secex apresentado um aumento de mais da 18% t/t e 83% a/a da receita no trimestre, favorecidas por um crescimento do volume exportado, ao passo que os preços apresentaram leve recuo. No caso da carne frango, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a receita de exportações avançou 0,6% t/t e 23% a.a, impulsionada por maiores preços comercializados no período. O câmbio fechou em R$ 5,24 no trimestre, estimulando uma maior preferência para as exportações. 

Carcaça do boi reduz no trimestre, enquanto frango avança. No mercado doméstico, o preço da carcaça do boi caiu 4,2%, com demanda interna enfraquecida, somado com uma oferta de superior da proteína. A cotação média do frango congelado se manteve em um patamar elevado no 3T22, com alta de 3,6% t/t. Contudo, demanda doméstica continua sensível a oscilações nos preços, apesar dos consumidores ainda apresentarem uma predileção superior para proteína de frango.

Fonte: Inter Research e Bloomberg.

BRF(BRFS3): Estagnação dos resultados com enfraquecimento de alguns segmentos

Divulgação de resultados no dia 09/11 | Após fechamento.

Após o 2T22 apresentar um cenário de recuperação para BRF, esperamos que o 3T indique resultados levemente superiores ao anterior, contudo, com preços e custos ainda elevados. O segmento Brasil deve apresentar uma receita de R$ 6,7 bi (+2,2% t/t), impulsionada por um maior volume vendido e preço flat no comparativo trimestral. A contínua situação doméstica de perda do poder de compra limita o repasse de preços pelas companhias, proporcionando uma maior absorção de custos pela BRF. Para o Halal, o aumento da concorrência na região do Golfo e situação na Turquia deve proporcionar perdas para o segmento, com um top line de R$ 2,5 bi (-3,0%). A Ásia deve receber o destaque positivo nesse trimestre, em resposta a elevação das importações pela China, demanda do Japão e Coreia do Sul, além de preços robustos no período, levando a uma receita de R$ 1,5 bi (+8,9% t/t). O Direct Exports deve exibir um resultado em linha com o 2T, com exportações de carne de frango ainda positivas, mas impactado pelo recuo do preço.

No consolidado, esperamos um top line de R$ 13,2 bi (+2,2% t/t e 6,7% a/a), com leve recuperação das margens, dado o cenário de custos ainda elevados e indigestão do mercado doméstico para mais repasses de preços. Nesse sentido, consideramos um EBITDA R$ 1.109 milhão (+23,6% t/t e -21,5% a/a), com margem de 8,4% (+1,5 p.p. t/t e -3 p.p. a/a).

Fonte: Inter Research

JBS (JBSS3). Diversificação protege mais uma vez

Divulgação de resultados no dia 10/11 | Após fechamento.

Para o 3T22, o cenário global mais adverso, preços ainda substanciais e sequencial efeitos da virada do ciclo do gado nos Estados Unidos devem proporcionar receitas ainda robustas, contudo margens mais comprimidas, com destaque para as JBS Beef North America. No consolidado, projetamos uma receita líquida de R$ 93,6 bi (+1,5% t/t e + 1% a/a), com um EBITDA de R$ 6,5 bi (-35,6% t/t e -50,8% a/a) e considerável recuo da margem, que ficou em 6,9%, com pressão dos custos e desempenho dos segmentos da América do Norte.

Para Beef North America, o aumento da cotação do boi e acomodação dos preços deve proporcionar uma relevante redução da margem EBITDA, com uma projeção de 8,5% (-2,7 p.p. t/t). No caso da Seara, o mix entre forte demanda global por proteína de aves e preços atrativos, deve impulsionar o top line da companhia, com uma margem esperada de 15,5%, em resposta também ao arrefecimento dos custos. A JBS Brasil deve apresentar resultados em linha com o 2T22, com uma expectativa de margem EBITDA de 6,8% (+1,1 p.p. t/t).

A Pilgrim’s Pride divulgou o seu balanço no dia 27/10, apresentando um top line em linha com as nossas expectativas de US$ 4.469 (1,5% R/E e -3,5% t/t), com uma margem EBITDA de 10,3% (-1,5 p.p. R/E e -5,7 p.p. t/t). O resultado refletiu um cenário de preços mais pressionados com aumento da oferta de aves, além dos desafios na Europa e dificuldades diante da gripe aviária no México.

Fonte: Inter Research

Marfrig (MRFG3). Acomodação dos resultados

Divulgação de resultados no dia 10/11 | Após fechamento.

Após resultados recordes, com uma margem EBITDA de 22% para operações da América do Norte em 2021 e forte performance no 1S22, é esperado que a rentabilidade da companhia se aproxime da sua normalidade no 3T22. Para a National Beef, os efeitos do barbecue season mais fraco, com preferência dos varejistas por preços ao invés de volume, além de recuo das exportações e acomodação dos preços, deverão proporcionar um top line de US$ 2,9 bi (-1,8% t/t). Esperamos um EBITDA de US$ 331 mm, com uma margem de 11,4% (-1,7% t/t), refletindo ao aumento do gado vivo no trimestre e custos operacionais ainda elevados. Para a América do Sul, o Brasil é o destaque das operações, com preços atrativos no mercado externo, um câmbio desvalorizado e melhor disponibilidade de animais, o que totaliza uma estimativa de receita de R$ 7,4 bi (+3,8% t/t e 47% a/a). Por outro lado, limitações da oferta no Uruguai, movimento visto em todo setor, proporcionará um resultado menos surpreende para as atividades realizadas no continente. No consolidado, desconsiderando o resultado da BRF, o aumento do dólar médio impactou positivamente no resultado da Marfrig, estimulando a receita de R$ 22,6 bi (+4,6 t/t e 9,7% a/a), com uma margem de 9,7% (-2,1 p.p. t/t e -10 p.p. a/a).

Fonte: Inter Research

Minerva (BEEF3). Mais um trimestre com resultados robustos

Divulgação de resultados no dia 09/11 | Após fechamento.

Com exportações robustas e aumento da oferta de animais, esperamos que o 3T22 da Minerva seja marcado por fortes resultados, em linha com o apresentado no 2T. As operações no Brasil devem receber destaque no período, com uma receita esperada de R$ 4,5 bi, visto a forte demanda externa no trimestre e crescimento da oferta de animais para abate. A Colômbia deve apresentar leve recuperação no t/t, enquanto Argentina e Paraguai se mantém estáveis. Por outro lado, cenário mais adverso do Uruguai, com queda de esperada de 19,4% t/t da receita, proporciona um top lineconsolidado de R$ 8,42 bi (-0,6% t/t e +14,2% a/a). Entretanto, o arrefecimento do boi gordo deve refletir positivamente na rentabilidade da Minerva no 3T22, com expectativa de EBITDA em R$ 821 mm (+5,5% t/t e +28,5% a/a) e margem em 9,2% (+0,2 p.p. t/t e +0,6 p.p. a/a).

Fonte: Inter Research

Receba nossas análises por e-mail